quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Buscando paz nos lugares errados


Uma coisa eu tenho notado em todos esses anos que tenho sido uma cristã é que alguns conceitos parecem tomar vida própria. Isso é especialmente verdade quando esses conceitos são ensinados de tal forma que resulta em uma produção em massa de distorções de conceitos e verdades distantes de seu significado original. Eu acredito que “ter paz” é, dessa forma, um conceito que tem tomado vários significados que não deveriam.

A ideia de ter paz com Deus é correta e compreensivelmente tirada das seguintes passagens:

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 5:1)

Porque somos reconciliados com Deus, já não estamos mais em guerra com Deus (Romanos 8:7), não mais condenados (Romanos 8:1) e então podemos descansar na certeza que pertencemos a Ele (I João 3:1). Claramente, pode haver grande conforto nisso.

Há também a ideia da paz tirada dessa passagem:

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.” (Filipenses 4:7-8)

Essa passagem se refere ao fato que nós podemos ter paz com as coisas que pedimos ao Senhor em oração porque há uma certeza de que Ele cuidará disso. Temo que aqui é onde alguns devaneios começam a acontecer. Isso ocorre quando a paz se torna algo divergente do que as escrituras pretendiam, ao se tornar algo sempre necessário a se buscar ou ser guiado por uma tranquilidade que nos livra de qualquer conflito interno em relação ao que for que estamos enfrentando.

Veja bem, não estou dizendo que não devemos ter calma em nossas decisões internas. Mas eu temo que isso possa se tornar o fator primário em determinar no que acreditamos, a decisão que tomamos ou estilo de vida que levamos e possivelmente nos desviarmos. Em outras palavras, nos baseando na ausência de um conflito interno, nós podemos estar em perigo de aceitar o que não deveríamos aceitar simplesmente porque há uma paz nisso. É confiar em um sentimento subjetivo como um fator determinante.

Eu tenho encontrado muita gente que tem se desviado da doutrina cristã essencial, tomando decisões imprudentes ou abraçando estilos de vida pecaminosos simplesmente porque tem uma ‘paz’ sobre o que eles têm finalmente aceitado como verdade e uma equivocada noção da vontade de Deus. Eles estavam se aborrecendo com algum ponto doutrinário, questões, atitudes ou experiências da igreja, escolhas, hábitos pecaminosos ou estilo de vida. Eles têm afirmado orar sobre isso e acreditam que, porque têm uma paz sobre o que eles aceitaram, deve ser verdade e deve ser a vontade de Deus. Confiando na natureza subjetiva dos sentimentos, eles, enfim, abraçam o erro ou a apostasia.

A realidade é que na vida cristã, crer no que devemos crer ou fazer o que devemos fazer muitas vezes não vai gerar paz, mas conflito. Isso é especialmente verdade quando nossas crenças, ou escolhas, ou estilo de vida, são contrários ao que dizem as escrituras. O trabalho do Espírito Santo é convencer os cristãos quando isso acontece e certamente o resultado será um tumulto interno. Não podemos confiar no sentimento subjetivo de calma interna mas na realidade objetiva de Cristo e de Sua palavra. Os sentimentos subjetivos devem ser submetidos à realidade objetiva. Sim, nós podemos enfim ter paz quando nossos pensamentos, crenças e ações estão alinhados com a realidade objetiva do que é verdadeiro e adequado de acordo com o que Deus é e com o que Ele quer. Mas não podemos ditar o que é certo por meio de sentimentos subjetivos.

Além disso, eu acredito que há uma tensão inerente em viver uma vida cristã compromissada em meio à existência de um mundo caído. As crenças e os compromissos cristãos vão “contra a corrente” das inclinações dessa vida. A carne se opõe ao Espírito e um inimigo implacável está à espreita. Jesus disse que Ele não veio para trazer a paz, mas a espada. Teremos que sobreviver a uma tensão entre quebrantamento e redenção onde a esperança se junta aos gemidos da criação. Paz no meio disso não pode ser calmos sentimentos de euforia, mas a percepção de um alerta de Deus dizendo quem Ele é, está executando o Seu plano e ordena nossa confiança apesar da nossa inquietação.

Por outro lado, estamos dizendo que Deus apenas pode estar certo enquanto nos sentimos bem quanto a isso. Mas estamos apenas nos enganando em acreditar que Deus deve ser submetido à nossa harmonia interna. Se você nasceu do Espírito, você tem paz com Deus, embora talvez você possa não se sentir sempre bem nessa vida. Vamos parar de procurar paz em todos os lugares errados para que não entremos em lugares errados aonde, no final das contas, não haverá nenhuma paz.

Lisa Robinson | Traduzido por Marianna Brandão | iPródigo.com | Original aqui

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