Olá, amigo Católico!
Poderás achar estranho eu me dirigir a ti como amigo, quando, sendo eu Adventista do Sétimo, já várias vezes deves ter ouvido dizer que nós, os Adventistas, pregamos (infelizmente não tanto como deveríamos) que o Papado romano é a besta (a primeira, se não estás muito familiarizado com o tema) de Apocalipse 13, um poder outrora e no futuro perseguidor dos verdadeiros crentes e filhos de Deus. Se estás surpreso, espero que esta minha mensagem te esclareça.
Sim, és meu amigo porque os Adventistas do Sétimo Dia não têm inimigos senão o inimigo das almas. Até na política, repara bem, existem pessoas com visões e ideologias bem diferentes, que não é por isso que deixam de ser amigos. Claro que não vamos ignorar as diferenças que nos separam – acredita que eu gostaria que essas diferenças fossem bem mais evidentes, mas a culpa disso é minha e não tua! – mas não precisamos olhar um para o outro como se estivéssemos a ponto de definir o mais forte para saber quem será o único que sobreviverá.
Quero dizer-te que a esmagadora maioria dos Católicos que conheço são pessoas excepcionais, respeitadoras e ajudadoras do seu próximo, honestas e diligentemente esforçadas no seu dia-a-dia, com famílias ordenadas e que educam os filhos o melhor que sabem e podem. Ao longo da vida, já conheci Católicos cuja integridade moral da sua consciência é admirável. Digo-te mesmo que a maioria deles é um melhor exemplo para a sociedade do que muitos Adventistas, eu incluído.
Mais ainda, e já no âmbito da crença pessoal, admiro profundamente a convicção de muitos Católicos – fazer votos de peregrinação e cumpri-los com um enorme desgaste físico e até emocional, como acontece quando se percorre centenas de quilómetros a pé, é mesmo só para quem vive intensamente a sua fé. Posso não concordar com o mérito da questão (e não concordo!) e até achar isso profundamente errado do ponto de vista bíblico (e acho!); mas que me espanta a fidelidade e devoção de milhares dentro daquilo que é a sua prática religiosa, isso não posso negar, ainda mais se o comparo, por exemplo, à preguiça e desleixo de alguns Adventistas para estarem pela manhã de Sábado na igreja com a pontualidade que se lhes pede.
No entanto, não penses que entre os Adventistas só há pessoas que como cidadãos e crentes são piores do que os Católicos ou até qualquer outra denominação religiosa. No fundo, penso que concordarás se te disser que também existem Adventistas que são um exemplo para alguns Católicos em vários aspetos das suas vidas.
Então, se aparentemente não existirão assim tantas diferenças entre Adventistas e Católicos, pelo menos quanto ao que é mais visível, por que razão eu sou um Adventista do Sétimo Dia tão convicto e convencido e escrevo e partilho algumas coisas que te parecem tão desagradáveis e deselegantes para com os Católicos?
Deixa-me dizer-te que eu sou Adventista do Sétimo Dia por causa do Adventismo do Sétimo Dia, e não por causa dos Adventistas do Sétimo Dia; e, eu não sou Católico por causa do Catolicismo, e não por causa dos Católicos.
Dito de outra forma, são os princípios, os valores, as crenças e os ensinamentos do Adventismo do Sétimo Dia que me tornam e motivam a ser, cada vez mais, um Adventista do Sétimo Dia; jamais encontro essa inspiração nos crentes Adventistas, que, juntamente comigo, não passam de um bando de farrapos pecadores necessitados de um Salvador e que, por si mesmos, em nada são melhores do que qualquer outra pessoa que viva neste mundo.
Na mesma linha, é também devido ao Catolicismo Romano que eu jamais poderia ser um Católico. Fosse a minha medida muitos dos crentes Católicos que conheço, abraçaria essa religião com todo o fervor; mas ao aferir pela Bíblia os princípios, os valores, as crenças e os ensinamentos do Catolicismo Romano, eu não posso em consciência, adotar uma religião que assumidamente não tem a Bíblia, a Palavra de Deus, como única regra de fé – sim, se não sabes, o próprio Catolicismo assume e admite que as suas bases vão muito para além da Bíblia, juntando-lhe a tradição de inspiração humana.
É por esta razão – fidelidade à Bíblia, a Sagrada Escritura – que eu tenho de afirmar que o Papado romano é a maior falsidade religiosa da História, o maior inimigo do cristianismo, a mais grotesca deturpação da verdade bíblica e um gigantesco sistema de engano no qual milhões de pessoas sinceras foram e estão a ser engolidas. É pela mesma razão que tenho de dizer que o Sábado do Sétimo Dia é o verdadeiro Dia do Senhor e que o domingo não passa de um dia de descanso e guarda falso, antibíblico e anticristão. E também é por isso que tenho de dizer que os mortos dormem e não sabem nada nem pensam coisa alguma e as almas não vão para lugar algum no momento da morte (incluindo as dos chamados santos). E, já agora, que Maria está morta aguardando o dia da ressurreição quando Jesus voltar.
Sim, apesar de por vezes parecer que algo mudou nos tempos recentes por haver muita conformidade quando deveria haver distinção, a verdade é que o Adventismo não abandonou a sua posição sobre a Igreja Romana. E também não abandonamos a nossa posição sobre o que é o crente Católico: alguém pecador que precisa de Cristo tanto quanto um Adventista, nem mais nem menos.
Por fim, e como gostamos de desejar o bem aos nossos amigos – mesmo que não me consideres como tal, eu irei sempre fazê-lo em relação a ti – faço-te um apelo: estuda a Bíblia e só a Bíblia.
Como nós Adventistas gostamos de dizer, não é a Igreja verdadeira que te dirá qual é a verdade; a verdade é que te dirá qual é a Igreja verdadeira. Então procura a verdade nas páginas das Escrituras, pois elas são tudo quanto precisas. E eu também.
Abraço em Cristo.
Texto de Filipe Reis
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