Sem jeito, meio perdidos nos salões políticos do século, muitos cristãos se apaixonam, uns pelos destros, outros pelos canhotos. Isso é relevante, especialmente hoje com a “descoberta” da manifestação popular, uma vez que, quer queira quer não, o crente não é um circunstante neutro na arena política. Como, então, viver a justiça de Deus em um mundo decaído? Como viver em um mundo do qual fomos chamados e ao qual fomos enviados para proclamar a redenção por meio da proclamação verbal e do testemunho da vida? Como ser sal da terra e luz do mundo?
O próprio Senhor instrui quanto à prioridade do caráter cristão como base para a ação política no mundo, em Mateus 5:1-18: “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo”:
1. V. 3: Bem-aventurados os humildes [pobres] de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Os princípios da política do reino de Deus somente são vistos e seguidos quando vêm de Deus e são recebidos na Palavra como vindos do alto e não procedentes da “sabedoria humana”.)
2. V. 4: Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. (O cristão é sensível às necessidades humanas e espera somente em Deus para satisfação de seus desejos e necessidades.)
3. V. 5: Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. (Mansidão não significa fraqueza, mas a força de caráter que espera no poder de Deus para viver o reino de Deus na terra. Implica em viver o cumprimento dos próprios deveres e lutar pelos direitos do próximo.)
4. V. 6: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. (Revoltas não satisfazem a alma, pois a ira é como um saco sem fundo que sempre quer mais; no entanto, o cristão anseia todo o bem que há em Cristo como bênção também para a vida que é agora; ver Fm 1:6.)
5. V. 7: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Toda ação cristã deve de ser motivada pelo coração de Deus, e não pela revolta humana, a fim de produzir resultados segundo o coração de Deus.)
6. V. 8: Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. (A única maneira de conseguir a transformação necessária para viver e pregar a justiça e o direito de Deus é por meio da confissão feita em fé diante de Deus mediante a obra de Cristo que nos purifica e habilita para cumprir a missão de Deus entre os homens.)
7. V. 9: Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. (O mundo só nos verá como filhos de Deus se nossa vida e palavra forem de paz e não de guerra.)
8. V.10-12: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (A disposição do cristão não é uma de ser aceito pelo mundo quando luta em seu favor, mas de aceitar a posição de Cristo, de ser alvo de contradição – ver Lc 2:34 – certo de que a recompensa está no céu.)
9. Vv. 13-16: Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (A meta do cristão é refletir a glória de Deus em seu caráter, como sal da terra e luz do mundo; não é uma ação opcional, mas sim fruto do Espírito que abençoa o lugar em que sua árvore está plantada; ver Sl 1.)
10. V. 17,18: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. (Os movimentos humanistas de direita, esquerda e centro podem passar, mas o ponto de referência em Deus, a centralidade de Cristo e o selo do Espírito Santo no homem interior e em suas relações com o próximo e o mundo, estes sempre terão valor eterno.
Extraído de texto publicado originalmente no Coram Deo Comentário
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