terça-feira, 20 de outubro de 2015

Bancada evangélica cresce e mistura política e religião no Congresso


Homens de terno e mulheres de saia com a Bíblia na mão vão enchendo o auditório. Alguém regula o som do violão e dos microfones. A música que celebra "Júbilo ao Senhor" estoura nos alto-falantes, e a audiência canta junto. Em um púlpito no palco, os pastores abrem o culto com uma oração fervorosamente acompanhada pelos fiéis.

Uma descrição comum de um culto evangélico não fossem os pastores, deputados, falando de um o púlpito improvisado no plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados de um país laico chamado Brasil. E se o (até então) presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), anunciado do púlpito ao entrar no recinto pelos pastores João Campos (PSDB-GO) e Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), não tivesse deixado de lado a agenda oficial para participar da celebração e tirar selfies com pessoas que se amontoavam ao seu redor. [...]

O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-2010). Por sua vez, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), encabeçada pelo deputado e pastor João Campos, agrega mais de 90 parlamentares, segundo dados atualizados da própria Frente – os números podem variar por causa dos suplentes – o que representa um crescimento de 30% na última legislatura. [...]

Ainda segundo os dados fornecidos pela FPE, a maioria dos parlamentares pertence a igrejas pentecostais: a Assembleia de Deus é a que mais congrega esses fiéis, seguida pela Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como figura de destaque o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Também tem representantes no Congresso as igrejas Sara Nossa Terra e a Igreja Quadrangular.

Como acontece com os partidos na política, os membros também trocam de denominação. Eduardo Cunha recentemente trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus, onde já estavam os colegas João Campos e Marco Feliciano. Entre os membros das protestantes históricas estão Jair Bolsonaro (batista) e Clarissa Garotinho (presbiteriana).

A mistura de política e religião é a marca da atuação dos pastores deputados...

Membros da Frente Parlamentar Evangélica por partido (AQUI)

Membros da Frente Parlamentar Evangélica por igreja (AQUI)


Nota: "Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. O Senhor pede-lhes que permaneçam como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação. É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? - Não, não! Eles têm de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira em que se acha inscrito: ‘Os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.’” (Ellen G. White - Fundamentos da Educação Cristã, pp. 478 e 479).

2 comentários:

  1. Isso é um puro tiro no pé amigos, aqui fala-se de politicos misturados com religião, e na coluna abaixo um adventista candidato as eleições...cuidemos para tirar a trave de nossos olhos antes de tentar tirar do olho dos outros.

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    1. Caro anônimo. A Igreja Adventista sempre assume a posição de não apoiar ou se opor a qualquer candidato a cargo eletivo. Os membros da igreja são livres para apoiar ou se opor a qualquer candidato como bem entenderem, mas a Igreja, como instituição, não empresta seu nome como palanque eleitoral. A Igreja Adventista do Sétimo Dia valoriza o Dr. Carson como valoriza todos os membros. Contudo, é importante para a igreja manter o seu apoio histórico de longa data à separação entre Igreja e Estado ao não endossar ou se opor a qualquer candidato.

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