Nesta nova lição do sábio endereçada ao seu discípulo, a quem chama de filho, Provérbios 7 traz a nossa mente um assunto muito recorrente, que é o da escolha dos jovens diante do caminho da vida e da morte. Três personagens aparecem no texto e é possível a gente ir se encontrando nelas e percebendo o sentido que elas representam para nossa experiência de vida.
A primeira personagem é retratada como um jovem "simples", que o texto descreve como sendo "carente de juízo" (v 7).
Sua tolice é que "ia e vinha" numa esquina escura onde havia uma mulher estanha em horas escuras e perigosas. Não se sabe se planejava uma aventura secreta, mas estava em local e hora inadequados, uma vez que era um jovem inexperiente e sensível aos apelos da carne. Ele sabia que naqueles dias não era comum uma mulher fora de sua casa, em horas noturnas. Uma mulher naquele local deserto, naquela hora inadequada era um claro sinal de que havia más intenções ocultas. Quando o jovem tolo aproximou-se dali, a tentação veio adequada e pronta para seus desejos e vontades. O texto diz então que ele "ia e vinha". Isso indica que ele teria se dado à tentação e demonstrado seu interesse pela estranha, a ponto de ficar rodeando o local do perigo. Ela se ofereceu e ele cedeu dando sinais de abertura para o assédio. E ao dar ouvidos ao convite da pecadora, com suas promessas de prazer e luxúria, ele cedia ao convite da loucura, e como um bezerro que ia para a degola, ele foi ao encontro da morte (v 22).
Chama nossa atenção porque é por essa via de arriscar-se com a proximidade do perigo que muitos estão caindo ainda. Amizades perigosas, frequência a locais errados, más companhias, atividades em altas horas, visita a sites proibidos. Pois é: Um jovem que se arrisca assim, logo cairá preso nas malhas do pecado e da morte. Tentação não é pecado, mas o aproximar-se demais dele, certo levará a queda. Pergunto: Porque o jovem não seguiu seu caminho, já que se diz que ia para casa? Por que ele não se lembrou da família, dos bons ensinos de seus pais naquela hora de tentação? A resposta é que o pecado cega. Ele pode silenciar os melhores sentimentos de pureza de um crente. Conselho: Cuide para onde seus pés ou seus pensamentos estão te guindo. Logo no início da caminhada, antecipe o final e veja se não é tempo de retroceder.
A segunda personagem é a "mulher estranha" (v 8).
Nos chama atenção que era uma pessoa muito abençoada. Era casada, possuía um marido rico que trabalhava pelo conforto de seu lar (v 19), tinha uma casa luxuosa e confortável (v 16-17), era religiosa e praticava os ritos de sua comunidade (v 14). Qual o seu problema? O que a levava a sair em horas escuras a caça de satisfação imediata, ignorando o mal que causava a si mesma, ao seu marido e ao jovem que enredava no pecado? Um adultério descoberto a levaria a perder tudo e terminaria em morte. Sem que soubesse, alguém estava vendo tudo da janela (v 6). Seu problema era não saber valorizar as bênçãos divinas, não sabia conter seus apetites e nem vivia a piedade prática. O descontentamento foi o passo inicial do Diabo. Sua posição privilegiada não bastava, queria o trono de Deus. Adão tinha toda a Terra mas desejava a única árvore proibida. Mas isso ensina que de fato, o pecado cega. Pense comigo: Quantas vezes somos insaciáveis, e na busca da satisfação de nossos desejos imediatos, ignoramos as bênçãos de Deus, querendo coisas e caminhos que não são permitidos? Por que tanto fascínio pelo caminho proibido? Quantas perdas na área da saúde, da família, da reputação todos nós já tivemos pelas nossas atitudes irrefletidas?
Tempos atrás, o show man Marcelo Adnet foi flagrado aos beijos com uma mulher desconhecida no Leblon, um bairro do Rio de Janeiro. Desde 2010, Adnet estava casado com a apresentadora e colega de trabalho, Dani Calabresa. O fato ocorreu nas horas escuras da noite, mas alguém estava lá e registrou no celular. As fotos vazaram na internet. Depois que a notícia vazou, Adnet percebeu a loucura que havia feito e postou em rede social seu arrependimento: "Errei e me arrependo. Minha atitude afetou a mulher mais importante para mim". Ele também afirmou a esperança de superação dessa falha moral e de permanecer com a mulher que definiu como "melhor amiga" e "o amor de minha vida". Essa história nos ensina. Não há vantagens no caminho do pecado. Ele sempre traz na sua esteira, um caminho de sofrimento. O pecado sempre cobra um alto preço.
A terceira personagem é o aluno que aprende aos pés do sábio (v 1-2).
Ele é chamado a aprender através dos ensinos do mestre e não através do sofrimento. Ele precisa ouvir a lei passada pelo seu instrutor e assim assim seria guardado das tentações (v 5). Era assim a educação israelita: através da educação do lar, feita pelos pais, através do ensino oral. Tendo amor aos ensinos e conservando em seu coração as orientações, o jovem teria vida (v 2). A parábola contada sobre a queda do jovem seduzido é um chamado para que o aluno aprenda com os erros alheios e não com o próprio erro. Isso vale para nós hoje. Um caminho para isso é sempre entender que o mandamento de Deus é positivo. Suas restrições são para nós, um caminho de vida. Ele diz: "guarde meus mandamentos e vive" (v 2).
Hoje nós somos convidados a escolher o caminho da vida. Precisamos aceitar os ensinos que darão vida, e rejeitar o convite do pecado, que leva à morte. Acima de tudo, hoje é dia guardar nossos apetites carnais sob o olhar de Deus, que nos dá vida.
Pr. Claudio Sampaio (via Crendo e Compreendendo)
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