segunda-feira, 8 de maio de 2017

A Igreja Adventista e seus críticos

Parece ser cada vez mais frequente haver entre nós uma estranha propensão para a crítica à Igreja Adventista do Sétimo Dia como organização e entidade. Qualquer pequeno ou grande motivo é logo razão para o início de uma cruzada, individual ou coletiva, contra aquela que sempre soubemos ser e reconhecemos como a Igreja de Deus para este tempo. 

Antes de mais nada, devemos compreender a diferença entre duas críticas diferentes: (a) a primeira será perceber que certamente existem membros que assumem um comportamento errado diante de determinadas circunstâncias ou fatores (neste caso, entenda-se crítica como avaliação); (b) a outra será criticar a Igreja Adventista em si, questionando suas doutrinas, seus princípios e até mesmo sua importância escatológica. O que importa aqui nesta reflexão é a crítica à instituição e não ao comportamento particular dos membros.

Tentando exemplificar um pouco, as acusações que se levantam contra a Igreja podem ser de âmbitos diferentes: (a) genericamente, somos acusados de ter jesuítas infiltrados (confira aqui), de fazer pactos secretos com a Igreja Católica, de participar dos movimentos ecumênicos e do Concílio Mundial de Igrejas, etc.; (b) em casos específicos, a queixa é sobre doutrinas ou escritos de Ellen White que foram propositadamente alterados, pastores que estão em apostasia, o uso do dízimo, a natureza do Espírito Santo, etc.

Regra geral, quem são os críticos à instituição Igreja Adventista do Sétimo Dia? Se estivermos minimamente atentos, vamos perceber que eles assumem caraterísticas normalmente muito semelhantes e repetitivas, que nos permitem identificar um padrão:

1. Membros insatisfeitos com o estado da Igreja (o que, por si só, não é mau) ou com as lideranças.
2. Membros que não são capazes de discernir entre o que é a Igreja como corpo e o comportamento individual das pessoas como membros.
3. Membros que mantêm e não resolvem conflitos internos.
4. Membros que, mesmo inconscientemente, pretendem justificar seu próprio mau proceder com os erros da Igreja.
5. Membros que se julgam portadores de uma importante revelação que entendem como fundamental e imprescindível para reformar e reavivar a Igreja.
6. Membros mais atentos aos problemas do que às soluções – gastam muito tempo na crítica e pouco ou nada em estudos bíblicos, distribuição de literatura ou até mesmo em colaborar nas funções da Igreja.

Infelizmente, as pessoas que assumem uma postura deste tipo – apontar erros e fazer nada mais do que isso, sugerir corrupção em tudo o que veem, declarar apostasia por tudo e por nada – geralmente acabam por se afastar da fé e/ou da comunidade de crentes, ficando a pairar sobre si mesmos sem saber ao certo o que mais fazer e para onde ir. Temos observado que em todos os casos aqueles cujo “ministério” consiste em criticar a Igreja, normalmente de forma gratuita e sem intenção de construir ou corrigir positivamente, quase sempre se perdem pelo caminho – de críticos experientes, rapidamente se tornam em apóstatas intransigentes.

Ellen White avisou acerca do que esse procedimento provoca ao próprio Deus:
“Coisa alguma neste mundo é tão preciosa para Deus quanto Sua igreja. Coisa alguma é por Ele guardada com tão cioso cuidado. Coisa alguma ofende tanto ao Senhor quanto um ato que prejudique os que Lhe estão fazendo o serviço. Ele chamará a contas todos quantos ajudam Satanás em sua obra de criticar e desanimar” (Conselhos Para a Igreja, p. 253).
E se olharmos um pouco mais para trás em nossa história até aos dias de hoje, vamos verificar que, em todos os casos, no meio da crítica e por vezes ataque severo à Igreja Adventista, não conseguimos discernir uma pessoa ou grupo que, lançado nessa empreitada contra a Igreja, tenha prevalecido seriamente e tenha mostrado provas concretas da direção de Deus.

Por outro lado – ainda que alguns de seus integrantes, incluindo membros e líderes, já pareçam ter caído até às portas do inferno –, criticada e acusada, a Igreja como entidade, mantém-se firme, seguindo em frente e para cima. Pode ser que tenha – e certamente tem – muitos percalços pelo caminho; mas não é por isso que ela deixa de avançar.

Quero com isso dizer que a Igreja é inatacável e está numa espécie de condição papal, acima de qualquer crítica? Bom, devemos perceber melhor o que entendemos como Igreja: (a) se estivermos falando de Igreja como sendo o conjunto de crentes, temos muitas razões para parar e rever comportamentos, como sugeri antes; (b) se estivermos falando de Igreja como sendo o conjunto das suas doutrinas, princípios, valores, mensagem e missão, podemos ter certeza de que criticar a Igreja é lutar contra o próprio Deus.

Aliás, a Bíblia faz menção a isso por meio da afirmação de Gamaliel: 
“E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará. Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus” (Atos 5:38, 39).
Ainda assim, se houver motivo de reparo e retificação na Igreja, faça-o imediatamente para advertir, recuperar, construir, até mesmo repreender; mas nunca para condenar, ferir e prejudicar a Igreja que Deus mantém sobre a terra.

Veja a advertência que temos de Ellen White a esse respeito: 
“Sejam todos cuidadosos para não clamarem contra o único povo que está cumprindo a descrição dada do povo remanescente, que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 50, 58).
Todos reconhecemos que há problemas na Igreja, disso não temos a mínima dúvida; mas, quando se começa a atacar a Igreja em si, aquilo que de mais basilar a Igreja comporta, seus mais nucleares fundamentos, confesso que, se Deus me der vida e capacidade, defenderei esta Igreja até ao limite de todas as minhas forças.

Conclusão, nas palavras de Ellen White: 
“Deus tem uma igreja, um povo escolhido; e pudessem todos ver como eu tenho visto, quão intimamente Cristo Se identifica com Seu povo, não se ouviria uma mensagem como essa que denuncia a igreja como Babilônia. Deus tem um povo que é Seu coobreiro e este tem avançado em frente, tendo em vista a Sua glória. Ouvi a oração de nosso representante nos Céus: ‘Pai, aqueles que Me deste, quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a Minha glória.’ Como o Chefe divino almejava ter Sua igreja consigo! Com Ele haviam comungado em Seus sofrimentos e humilhação, e é a Sua mais elevada alegria tê-los consigo, para serem participantes de Sua glória. Cristo reclama o privilégio de ter Sua igreja consigo. ‘Quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.’ Tê-los consigo, está de acordo com o concerto da promessa e o pacto feito com Seu Pai. Reverentemente, apresenta Ele, no trono da graça, a consumada redenção para Seu povo. O arco da promessa circunda nosso Substituto e Penhor ao lançar Sua amorável petição: ‘Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a Minha glória.’ Contemplaremos o Rei em Sua beleza e a igreja será glorificada” (A Igreja Remanescente, p. 16).
[Filipe Reis é evangelista leigo no Ministério Fé & Evidências, em Portugal: www.fe.pt

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