terça-feira, 18 de julho de 2017

As sete igrejas do Apocalipse e Jesus


“O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia” (Apocalipse 1:11).

Todo o conteúdo do Apocalipse se destinava às sete igrejas. O livro-carta foi dedicado às sete igrejas, tendo como remetentes o Pai, o Espírito e o Filho (1:4, 5). Na conclusão do livro, as “igrejas” voltam a ser mencionadas (22:16). Não se pode negar o fato de que a carta original do Apocalipse (ou suas cópias) tenham sido enviadas para essas igrejas.

Sete períodos
A linguagem e a referência às igrejas no início e no fim do livro, indicam fortemente que o conjunto das sete igrejas transcende ao daquelas congregações da Ásia Menor, ainda mais, considerando-se o número sete, que simboliza plenitude, completude, perfeição e universalidade. Assim: (1) se o Apocalipse trata da história cristã, iniciada com Jesus e que será encerrada por Ele e (2) se os sete Espíritos representam a ação universal do Espírito (Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6), então as sete igrejas representam a universalidade da igreja, tanto no espaço (mundo) como no tempo (até a eternidade).

As sete igrejas se encontram numa sequência geográfica, definida pela estrada romana que as ligava. Ou seja, há uma ordem, uma sequência lógica. Embora a referência ao transcurso da história não seja tão explícita, ela é notada claramente nas entrelinhas. Talvez, se tivesse sido explícita, não teria tido tanta importância para as igrejas daquela época. As palavras foram colocadas de tal maneira que faziam sentido para os cristãos daquela época, assim como fizeram nas eras subsequentes, até os nossos dias.

Ellen White foi contundente quanto à simbologia das sete igrejas, enfatizando que representam sete períodos da história eclesiástica.
“Os nomes das sete igrejas são símbolos da igreja em diferentes períodos da era cristã. O número sete indica plenitude e simboliza o fato de que as mensagens se estendem até o fim do tempo, enquanto os símbolos usados revelam o estado da igreja nos diversos períodos da história do mundo.” (Ato dos Apóstolos, p. 585)
Ligação com Cristo
As mensagens às sete igrejas revelam uma forte ligação entre Cristo e seu povo ao longo da história. Embora a seção das sete igrejas esteja no capítulo 2, a visão inicia em 1:9, com a visão do Cristo glorificado. Antes de o Apocalipse dar uma visão da igreja, ele proporciona uma visão de Cristo, porém junto à igreja. Antes de olhar para as imperfeições da igreja, precisamos olhar para a perfeição de Jesus. Antes de ver as lutas da igreja, precisamos nos demorar nos sofrimentos de Cristo. Antes de exaltar os aparentes méritos e riquezas da igreja, lembremos que eles não passam de pobreza e lixo perto da justiça de Cristo (Filipenses 3:4-8; Apocalipse 3:17). Assim, nossa fé é fortalecida e somos preparados para enfrentar as lutas espirituais com muito mais confiança.

As cartas às sete igrejas são compostas por seis partes: (1) Destinatário: “Ao anjo da igreja em _________ escreve”; (2) “Estas coisas diz…”; (3) palavras de elogio à igreja; (4) conselho; (5) chamado a ouvir “o que o Espírito diz às igrejas”; e (6) promessa ao vencedor.

Um dos aspectos mais marcantes das cartas é a forma personalizada como Jesus se apresenta para cada igreja. Para nenhuma igreja Ele se apresenta da mesma forma. Por exemplo, para a atribulada e ameaçada de morte Esmirna (2:9-11), Ele se apresenta previamente como aquele que esteve morto e tornou a viver (2:8). Se a igreja de Pérgamo tem em seu meio uma mistura de fiéis e libertinos, Jesus se apresenta com uma espada afiada que age tanto para separá-los como para punir os maus elementos (2:12, 14, 15). Torna-se evidente que a característica de Jesus na visão do capítulo 1 é uma resposta prévia a necessidades específicas da igreja em cada fase de sua história.

Nas sete cartas, Jesus manifesta um conhecimento profundo das igrejas e fala de modo muito prático. Para cinco das sete igrejas Ele diz: “Conheço as tuas obras”. Em outras palavras, aquilo que fazemos é uma expressão de nossa fé, e, sem obras, a fé está morta (Tiago 2:26). Contudo, Jesus reconhece nossas lutas, ao passo que nos leva a pensar no que precisamos melhorar. Sim, Ele repreende, mas faz isso porque ama, como afirma abertamente a Laodicéia (3:9).

Promessas ao vencedor
Em cada mensagem às igrejas, Jesus faz promessas ao vencedor. Vencer é um tema importante no Apocalipse (2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21; 5:5; 12:11, 15:2; 17:14; 21:7), o que revela a guerra espiritual em torno da vida cristã. Porém, Cristo nos estimula a vencer. Ao mesmo tempo em que há uma queda gradativa na fé e na fidelidade das igrejas, as promessas só aumentam em valor, mostrando que Deus deseja chamar nossa atenção, inspirar-nos em meio às lutas, assim como Jesus suportou todo sofrimento, pensando na vitória final em favor da humanidade.

Assim, a mensagem das sete igrejas serve para fazermos uma análise individual e como igreja:
Como vão as nossas obras? Existe diferença entre aquilo que falo e aquilo que sou? O que Deus espera de mim hoje? E o que Ele espera de nós como uma comunidade e um povo?
Essas perguntas ecoam desde o tempo das antigas sete igrejas até hoje. Precisamos estar abertos para as mudanças radicais a que elas nos chamam, se quisermos vencer. A boa notícia é que Jesus quer e, por isso, nos convida e nos capacita agora a mudar!

Diogo Cavalcanti (via Apocalipses)

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