"A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém." (Apocalipse 22:21)
A Bíblia é um livro de histórias. Em lugar de conceitos, suas páginas guardam o registro de experiências vividas por homens e mulheres em seu crescente relacionamento com Deus. Invés de odisseias protagonizadas por heróis invencíveis, as páginas sagradas expõem tropeços e quedas de pessoas vulneráveis e comuns ao longo de sua caminhada de fé.
Cada história, no entanto, carrega a marca de um personagem principal. O mesmo Verbo que criou o mundo, age em cada cena, cada capítulo escrito pelos filhos de Deus. Da primeira à última palavra. Do princípio ao Amém.
Amém... Aliás, mesmo num texto grego, a última palavra da Bíblia é de origem hebraica, e quer dizer "assim seja, verdadeiro, firme, seguro". Sua raiz semítica 'amn' tem como sentido genérico "merecer confiança, confirmar e apoiar". Expressão frequente do Antigo Testamento, em alianças e promessas, e ainda viva nos lábios de Jesus no Novo Testamento (as palavras "em verdade, em verdade" são simplesmente uma tradução de amen amen).
O Amém é uma confirmação expressa diante de uma nova informação ou mesmo de verdades antigas que decidimos abraçar a cada momento. É uma assinatura vocal. É uma resposta pessoal. É um atestado de que estamos plenamente de acordo com suas cláusulas.
Proferimos o Amém na oração de dedicação de uma criança, na cerimônia batismal, na bênção matrimonial, num serviço fúnebre e em muitas outras situações. Pode ser um Amém soluçante, um Amém de regozijo, um Amém angustioso, um Amém vitorioso. As circunstâncias em que o proferimos podem variar, mas o objetivo é sempre o mesmo: submissão. Dito o Amém, no fim da oração, nada mais se acrescenta, pois acabamos de “assinar um documento” com Deus. Ele vai agir conforme Sua soberana vontade.
O estudioso Hans Bietenhard afirma: “Através do ‘Amém’, aquilo que foi falado é afirmado como certo, positivo, válido e obrigatório” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vol. 1. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 110). Trata-se, portanto, de uma afirmação de veracidade. Isto posto, devemos compreender que quando fazemos nossas orações a Deus, louvando-o, bendizendo-o, fazendo súplicas e intercessões, e respondemos com o “Amém”, estamos dizendo ao Deus da Verdade, ao Deus do Amém, que nossos desejos são sinceros, que nosso coração está tomado de santas afeições por suas perfeições, majestade e glória. Quando oramos e concluímos com o “Amém”, dizemos ao Deus que sonda os nossos corações que tudo o que expressamos é verdadeiro. Por esta razão, devemos levar muito a sério o dever da oração.
Há muito que os homens proferem essa pequena palavra. Mas o uso do Amém, com toda força e significado, na maioria das vezes, é mencionado em relação com a eternidade, como por exemplo: “Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Rm 1:25). Há algo mais: essa pequenina palavra, tão plena de significado, ressoará no Céu, resumindo a adoração de todos os salvos (Ap 7:9-12). O Amém sintetiza ainda a esperança de todos os cristãos na volta de Jesus: “Certamente venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus” (Ap 22:20).
Mas para João, o Amém é mais que um combinado de sons. É mais que uma afirmação, mais que uma interjeição. Para o discípulo amado, o Amém é uma pessoa (Ap 3:14). Cristo é a testemunha fiel e verdadeira. Ele é a verdade em essência. Ele é o Amém. E não poderia ser diferente. Ele que é a primeira palavra, é também a última. Ele que é o princípio, é também o fim. Ele conhece todas as histórias. Ele é o autor e é também o consumador da obra.
A primeira palavra: Cristo. A última palavra: Cristo. Ele é a inspiração de cada linha, a força de cada vitória, sentido de toda busca. Ele é tudo em todos. É assim nas histórias da Bíblia. E em sua história?
Que Cristo seja o primeiro e o último em sua vida. Que Ele seja a primeira e a última palavra em cada dia seu, em cada projeto, em cada relacionamento, em cada espera, em cada sonho. Que Ele seja o tudo em seu tudo. Amém.
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