terça-feira, 29 de maio de 2018

Viver no campo ou na cidade?

Viver no campo ou na cidade? Deixar os centros urbanos ou realizar um ministério dentro deles? Essas são perguntas que têm despertado discussão na igreja por mais de um século. Qual é a visão correta, a decisão equilibrada, o momento certo? Os últimos acontecimentos do cenário profético têm aumentado o interesse por esse tema tão sensível e, para evitar decisões imprudentes, precisamos ter uma visão abrangente dos escritos de Ellen White.

São enfáticos os conselhos da autora sobre a vida no campo, especialmente para aqueles que buscam mais pureza e sensibilidade espiritual: “O apelo é para que o nosso povo fixe residência a quilômetros de distância das grandes cidades” (Eventos Finais, p. 95). “Sérias aflições se encontram perante nós; e sair das cidades se tornará uma necessidade para muitas famílias” (A Ciência do Bom Viver, p. 364).

O assunto, porém, é mais amplo. Por isso, foi publicada a compilação Vida no Campo, com as principais citações de Ellen White. Em Eventos Finais (cap. 7) também podem ser encontrados conselhos preciosos. E o livro Mensagens Escolhidas (vol. 2, p. 354-364) apresenta uma visão que se aplica ao assunto, com recomendações às famílias que se preparavam para sair de Battle Creek.

Em qualquer dos materiais estudados, a mensagem é clara e os benefícios são seguros. Não faltam, porém, pedidos de equilíbrio: “Cuidem para que não haja movimentos precipitados”, diz a autora (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 361). “Nada se faça de maneira desordenada, para que não haja grande perda nem sacrifício de propriedade, devido a discursos ardentes e impulsivos que despertam um entusiasmo que não é segundo a vontade de Deus” (p. 363).

Ellen White incentiva os que podem sair das cidades, mas também valoriza os que devem permanecer nelas para pregar o evangelho, reconhecendo que ambos estão sendo fiéis às orientações de Deus (Vida no Campo; Ministério Para as Cidades).

Um estudo feito por Monte Sahlin encontrou 107 artigos sobre ministério urbano no índex de Ellen White. Em 24 deles são apresentadas instruções à igreja para sair das cidades e estabelecer instituições fora delas. Por outro lado, 75% dos artigos apresentam instruções específicas para que haja um movimento para dentro das cidades.

Algumas citações chegam a ser apelativas: “O encargo das necessidades de nossas cidades tem pesado tanto sobre meus ombros que algumas vezes parecia que eu ia morrer” (Manuscrito 13, 1910). Segundo George Knight, “Ellen White estava tão insatisfeita com a falta de progresso do adventismo que chegou a questionar a conversão do presidente da Associação Geral, Arthur G. Daniells, sugerindo que, diante do que ela acreditava ser uma falta de interesse no trabalho nas cidades, ele não seria qualificado para liderar os adventistas”.

A visão equilibrada pode ser entendida pelo conceito “dentro/fora”: dentro das cidades deve ser realizado um ministério especial e fora delas pode ser encontrada a oportunidade para fortalecer a vida espiritual.

No entanto, a partir do decreto dominical, já não mais haverá opção, pois será tempo de sair das cidades maiores (Eventos Finais, p. 121), e, após o decreto de morte, chegará também o momento de abandonar as pequenas cidades. Enquanto esse tempo não chega, “como preparação para a vinda de nosso Senhor, devemos realizar um amplo trabalho nas grandes cidades” (p. 118).

Ao avaliar essa questão, é importante buscar o equilíbrio. Precisamos evitar os extremos, como o efeito do pêndulo de um relógio: nem o extremo do fanatismo, que impõe as próprias interpretações, gera alarmismo e critica os outros, nem o extremo do liberalismo, com sua espiritualidade superficial e comprometimento insuficiente. 

Pr. Erton Köhler (via Revista Adventista)

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