terça-feira, 12 de junho de 2018

Cada um enxerga no outro aquilo que é

Quão condicionados estão nossos olhos a enxergar o que nossa mente foi sugestionada a procurar. Daí sermos capazes de encontrar a forma de animais nas nuvens. Assim como os discípulos identificaram um fantasma na silhueta surgida no nevoeiro, podemos ser enganados pela nossa percepção. O tal fantasma era apenas a projeção do que estava instalado em seu próprio inconsciente. Para a sua surpresa, tratava-se de Cristo caminhando sobre as águas para socorrê-los. Quando estamos predispostos a julgar alguém, sempre enxergamos o pior, sem perceber que o problema pode estar em nós. Por isso Jesus diz: 
"Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!" (Mateus 6:22-23)
Todo bom motorista sabe que ao enfrentar um nevoeiro na estrada, deve usar o farol baixo, não o alto. O farol baixo é aquele que é projetado para o chão para que o motorista saiba exatamente onde está passando. Já o farol alto é projetado para a frente a fim de identificar as curvas, obstáculos e sinais. Se insistir no farol alto durante o nevoeiro, ele não conseguirá identificar nem uma coisa, nem outra, pois o nevoeiro reflete a luz projetada e acaba cegando o condutor. Os critérios que usamos para julgar ou avaliar uma situação ou a conduta de alguém é a Palavra. Ela é o farol que lança luz sobre quaisquer circunstâncias. Todavia, durante um nevoeiro em que as coisas podem não estar muito claras para nós, antes de ser luz para o nosso caminho, ela deve ser lâmpada para os nossos pés (Salmos 119:105). Em outras palavras, antes de se projetar na direção do outro em busca de eventuais falhas, a Palavra deve mirar nossos próprios pés.

Faríamos bem em dar ouvidos à advertência do apóstolo Paulo: 
"Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar." (Romanos 14:4) 
E mais: 
"Aquele, pois, que pensa estar em pé cuida para que não caia." (1 Coríntios 10:12)
Ou se preferir, que tal as palavras do próprio Jesus? 
"Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos medirão a vós. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, mas não percebes a trave que está no teu? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e ENTÃO VERÁS CLARAMENTE para tirar o cisco do olho do teu irmão." (Mateus 7:1-5)
Podíamos dormir sem esta, não? Não! O que não poderíamos era viver doutra maneira senão desta proposta por Jesus. Caso contrário, nos adoeceremos, buscando disfarçar nossos erros enquanto lançamos os holofotes nos erros alheios. E assim, em vez de projetarmos no outro nossa luz, projetamos nele nossa sombra.

[via blog de Hermes C. Fernandes]

Nota: Deixo também dois importantes conselhos de Ellen G. White:
“Aquele que é culpado de erro é o primeiro a suspeitar do erro. Condenando o outro, está ele procurando ocultar ou desculpar o mal do próprio coração. Foi por meio do pecado que os homens adquiriram o conhecimento do mal; tão depressa havia o primeiro casal pecado, começaram a se acusar um ao outro e é isto que a natureza humana inevitavelmente fará, quando não se ache controlada pela graça de Cristo." (O Maior Discurso de Cristo, p. 126)
"Demorando-se continuamente nos erros e defeitos dos outros, muitos se tornam dispépticos religiosos. Os que criticam e condenam uns aos outros estão transgredindo os mandamentos de Deus, e são-Lhe uma ofensa. Irmãos e irmãs, afastemos o entulho da crítica e suspeita e murmuração, e não desgastei os nervos externamente. Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável. Precisamos olhar às faltas dos outros, não para condenar, mas para restaurar e curar. Vigiai em oração, ide avante crescendo, obtendo mais e mais do espírito de Jesus, e semeando o mesmo sobre todas as águas." (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 635-638)
Antes de usar os dedos para condenar, use os joelhos para orar. Antes de condenar, conheça.

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