Liderança, resistência, ativismo, força e sabedoria. Essas são algumas das características que tornaram Nelson Mandela uma das personalidades mais relevantes do século 20. Há exatos 100 anos, Rolihlahla Mandela nascia no vilarejo de Mvezo, localizado no sudeste da África do Sul.
A importância do acontecimento transformou 18 de julho no Dia Internacional de Nelson Mandela, data instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 2009. A reverência ao líder inspirou não só a população e o meio político, mas também o universo cultural: a luta e a vida de Mandela são temas de filmes, livros, músicas, exposições, documentários e de outros segmentos artísticos.
Madiba — apelido atribuído carinhosamente pela população sul-africana ao líder — foi uma das principais personalidades no combate ao apartheid e à dura e violenta política de segregação racial na África do Sul. Estudante de direito, o jovem Mandela ingressou, em 1942, no Congresso Nacional Africano (CNA), partido que defendia os direitos da população negra — maioria no país.
Como participante do grupo, Madiba tornou-se um grande representante do movimento anti-apartheid, especialmente após o agravamento do regime, em 1948. Em 1964, o ativista foi preso. Condenado à prisão perpétua, Mandela permaneceu encarcerado até o ano de 1990. Após a libertação, tornou-se presidente do CNA, e, em 1994, alcançou a presidência do país pelo partido. Em 1993, recebeu o prêmio Nobel da Paz.
Depois que deixou a presidência, passou a se dedicar a campanhas contra a Aids na África do Sul, visando diminuir os casos da doença que ainda é um grande problema no continente africano. Depois de se aposentar da vida pública em 2004, raramente era visto em público. A última aparição foi em 2010, na cerimônia de encerramento da Copa do Mundo.
Ao partir deste mundo aos 95 anos, em 5 de dezembro de 2013, deixou um legado histórico. Mas poucos lembram da fé do primeiro presidente negro da África do Sul.
Em sua autobiografia, Long Walk to Freedom (Um Longo Caminho para a Liberdade), Mandela conta sua conversão ao cristianismo. Ele vem de uma família evangélica metodista: “A Igreja estava tão preocupada com este mundo quanto com o céu. Eu vi que praticamente todas as realizações dos africanos pareciam ter surgido através do trabalho missionário da Igreja”.
Em Long Walk, Mandela lembra como se tornou membro da Associação de Estudantes Cristãos e dava aulas aos domingos em escolas bíblicas nas aldeias vizinhas. Tendo estudado em escolas evangélicas até o ensino médio, sempre defendeu o poder transformador da educação.
Também conta como, algumas semanas antes de ser eleito presidente, pregou num culto de Páscoa de uma igreja cristã. Após ler as bem-aventuranças, começou a louvar a Deus porque “nosso Messias ressuscitado não escolheu uma raça, não escolheu um país, não escolheu uma língua, não escolheu uma tribo, mas escolheu salvar toda a humanidade!”
Embora nem sempre destacado pela imprensa, Mandela, assim como Martin Luther King Jr., pautou sua luta pelos ensinamentos de Cristo. Não advogava a violência e sempre falava sobre seu compromisso com Cristo. Uma das ideias que mais difundiu nos anos que governou foi “perdão”, evitando que se iniciasse um processo de descriminação reverso na África do Sul. No famoso sermão da Páscoa de 1993, Mandela proclamou: “Cada Páscoa marca o renascimento da nossa fé. Marca a vitória do nosso Salvador ressuscitado sobre o suplício da cruz e da sepultura”.
Um homem é o que sua trajetória revela e, esse homem, deixou um legado acima das mais altas expectativas em um mundo em que valores e princípios cada dia são mais escassos. Algumas pessoas que eu e você conhecemos são assim, acima das expectativas. Tomo o exemplo de Mandela para ponderar que algumas personalidades bem poderiam ser líderes à frente da Cristandade. Pessoas cuja estirpe, temperamento, valores, educação, civismo, humanismo e legado seriam mais do que bem-vindos no seio da religião fundada por Jesus Cristo. Especialmente se considerarmos que em alguns arraiais essas virtudes têm sido nossa maior carência e necessidade.
Em um mundo onde as relações humanas estão corrosivas e se corroendo à custa de falsos moralismos e outros ismos, o exemplo desse líder ressoa como retumbante. Um serviço altruísta, como seria bom vê-lo aparecendo… “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades”, declarou a escritora cristã Ellen G. White em Mensagens Escolhidas vol. 1, p. 121.
Mandela serviu! Que seu exemplo inspire a Cristandade no serviço ao semelhante!
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