“Vocês ouviram o que foi dito a seus antepassados: ‘Não mate. Se cometer homicídio, estará sujeito a julgamento’. Eu, porém, lhes digo que basta irar-se contra alguém para estar sujeito a julgamento. Quem xingar alguém de estúpido, corre o risco de ser levado ao tribunal. Quem chamar alguém de louco, corre o risco de ir para o inferno de fogo.” (Mt 5:21-22)
Muitos cristãos parece que se esqueceram dessas palavras de Jesus. Ignoram-nas solenemente. Nos embates político-eleitorais que têm ocorrido no Brasil, o que mais temos feito é xingar quem discorda de nós de coisas como “estúpido”, “louco”, “fascista”, “esquerdopata”, “coxinha”, “mortadela” e coisas assim. Estamos errados.
Devemos discutir ideias, não desqualificar pessoas. Devemos lidar com quem se opõe com instrução e não com briga, e isso com mansidão e paciência. Não fui eu quem disse isso, é mandamento da Palavra de Deus, que ordena:
“O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente. Instrua com mansidão aqueles que se opõem, na esperança de que Deus os leve ao arrependimento e, assim, conheçam a verdade. Então voltarão ao perfeito juízo e escaparão da armadilha do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer.” (2Tm 2:24-26, grifos meus)
A ideia de agirmos como profetas barbudos e com sangue nos olhos xingando e assassinando os inimigos de Deus não cabe a nós na proposta da nova aliança de Cristo. Isso é teologia básica.
A ira pertence a Deus. Jesus vira as mesas dos cambistas e achamos que isso nos dá direito de chibatar quem pensa diferente de nós. Não dá. Não somos Deus. Esquecemos de que a retribuição pertence exclusivamente a Deus (Rm 12:19-21) e que a ira humana é obra da carne cuja prática sistemática sem arrependimento nos torna indignos de herdar o reino dos céus (Gl 5:19-21). Não fui eu quem inventou isso, está na Bíblia, em afirmações feitas por pessoas como Jesus e Paulo. Se não fosse assim, o fato de Deus tirar a vida das pessoas me daria o direito de assassinar pessoas. O que é um pensamento absurdo. A ira de Deus é justificável, a ira humana é condenável.
A nós resta agir como Jesus nos ensinou no Sermão do Monte (Mt 5–7), em Romanos 12:17-19, em 1 Tessalonicenses 5:14-15. Não tenha preguiça, vá à Palavra e leia esses trechos da Escritura. Leia e compare com o seu comportamento com quem discorda de você nessas eleições. Mas temos preferido fechar os olhos e os ouvidos a essas realidades e a reproduzir uma forma agressiva e bruta de agir, que está a anos-luz daquilo que chamamos de ética cristã. Estamos errados. E estamos perdendo uma oportunidade ímpar de salgar e iluminar o mundo.
Há quem defenda que estamos vivendo uma batalha espiritual contra as forças da maldade que querem implementar abominações como aborto e ideologia de gênero no Brasil. Concordo plenamente com isso: estamos em guerra! Porém, o erro está em achar que essa batalha é contra pessoas. Não é. Paulo foi claríssimo:
“Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais.” (Ef 6:12)
Agora responda: desde quando ser agressivo, ofensivo, xingador e bruto tem qualquer milímetro de resultado na luta contra forças espirituais? Ofender as pessoas que são influenciadas por esses espíritos, não adianta de ab-so-lu-ta-men-te nada! Quer vencer uma batalha espiritual? Joelho no chão! Estamos errando tanto nisso…
Você tem duas semanas de campanha eleitoral pela frente. Uma oportunidade magnífica de cair em si, arrepender-se de quando chamou quem pensa diferente de você de “racá”, isto é, estúpido, louco, fascista, esquerdopata e gentilezas semelhantes. Uma oportunidade única de ser sal da terra e luz do mundo. Como você se comportará só cabe a você e à opção que fizer: ser um cristão agindo como cristão ou ser um cristão que defende o cristianismo de modo nada cristão.
Não imite os maus exemplos, mesmo que eles venham de pastores, teólogos e líderes religiosos de quem você é tiete. Celebridades do mundo cristão também pecam e erram. Dê você o exemplo a eles. Aproveite estas duas semanas para reler o Novo Testamento, com ênfase nas passagens que falam como devemos lidar com o mal. Acalme a cabeça e volte ao seu juízo perfeito. Vença o mal com o bem e não com o mal. Lutar o bom combate com as armas do inimigo é o mais perfeito absurdo. Não vá ao sabor da massa, não imite maus exemplos (mesmo de pastores destemperados e mal-educados), finque os pés no chão, reencontre seu prumo e cuide daquilo que sai de sua boca e da ponta de seus dedos.
Numa democracia, você pode votar em quem quiser, sem que eu tenha o direito de ofendê-lo. Posso discordar de você, mas não ofendê-lo por discordar de mim. Porém, defenda você quem defender, creio que Deus espera que você o faça como Jesus nos ensinou a fazer e não como o Maligno faria.
Amor não é um conceito bobinho de donzelas suspirantes e apaixonadas. Amor é algo que você vive quando tem a chance de chamar quem discorda de você de “fascista”, “esquerdopata” e coisas parecidas e opta por não fazê-lo. Amor é uma postura em que você vê um estado do país que votou majoritariamente em quem você não votou e continua querendo o bem das pessoas desse estado. Amor é assassinar o seu ego e ajudar o adversário que está caído e ferido à beira do caminho. Amor é ser o bom samaritano, quando poderia ser o fariseu desumano que quer o mal do adversário.
Use as próximas semanas para reler o Novo Testamento e repensar suas palavras, atitudes e reações. Você verá a diferença que isso fará. Deus abençoe o Brasil.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari (via Apenas)
Esquerdista detectado.
ResponderExcluirE ficou feio apagar os outros comentários contrários viu !!!
Que outros comentários contrários??? Quem é o esquerdista que vc detectou? Vc leu o artigo?
ExcluirCertamente ele não leu o artigo. E se leu, infelizmente não entendeu foi nada.
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