segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Xenofobia contra os nordestinos

Internautas passaram a atacar nordestinos e a região Nordeste nas redes sociais após a definição de um segundo turno entre os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018, neste domingo (7). Essa foi a região em que o Partido dos Trabalhadores conseguiu seu melhor resultado. Ofensas e pedidos de separatismo ficaram entre os assuntos mais comentados na internet nesta noite. Para os autores dessas postagens, nordestinos são desqualificados, “burros” ou votam por “esmola”. 

O nome desta prática é xenofobia, que é crime no Brasil previsto pela Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989. A xenofobia é a discriminação, intolerância e preconceito por pessoas que vêm de outros países ou que possuem diferentes culturas, ou até mesmo de outra região, caracterizada por manifestações de ações discriminatórias e ódio por estas pessoas. O que se pode fazer é denunciar, já que qualquer tipo de agressão, ódio, discriminação é crime. Há vários meios para se fazer isso, preencher um formulário do site do Ministério Público Federal. Outra forma de registrar o crime é pelo site da ONG SaferNet, que defende os direitos humanos na internet.

O mais lamentável disto tudo, foram estas demonstrações terem saído do próprio meio cristão. Vejamos o que disse Mário Jorge Lima, músico e compositor adventista, diretor e palestrante na empresa Multisites e Projeto Maravilhosa Graça via facebook:

"Só lamento, pelos comentários que estou lendo nas redes sociais, que o ódio continue, e até mais exacerbado. E pior, ainda teremos que conviver com isso por três longas e estressantes semanas. Nossos irmãos nordestinos, por exemplo, estão sendo chamados de Cubanos do Sul e burros, e quem não polarizou está sendo objeto de termos ainda piores, muito mais chulos, depreciativos, que até me nego a reproduzir.

Amigos de igreja, que prezo, alguns que até mesmo admiro, me surpreendem pela ferocidade e sarcasmo de suas palavras, pelas acusações e pelos termos com os quais se dirigem a irmãos de fé, com quem, pasmem, pretendem passar a eternidade, mas, que cometeram o imperdoável "crime" de ter entendimento político contrário ao deles.

Assim, em um país que ainda nos concede liberdade para tal, como cristãos, transformamos um exercício de cidadania e civilidade, que deveria ser saudável e enriquecedor, em uma guerra fratricida absurda, que subverte e contraria todos os princípios bíblicos conhecidos de amor ao próximo. Isso se mostra ainda mais trágico por sabermos que, como igreja, temos como missão preparar um povo para ver Jesus voltar."

Lembrando que em Cristo, todos os muros separatistas ruíram, e que homens e mulheres, brancos, negros e mestiços, empregados e patrões, índios e ameríndios, sacerdotes e leigos, nordestinos e sulistas, somos todos iguais (Gálatas 3:28). As Escrituras ensinam claramente que todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus, que “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra” (Atos 17:26).

A norma para os adventistas está reconhecida na Crença Fundamental nº 14 da Igreja, “Unidade no Corpo de Cristo”, baseada na Bíblia. Ali é salientado: “Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não deve ser motivo de dissenções entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição.” Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

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