A conversão é uma obra que a maioria das pessoas não aprecia. Não é coisa pequena transformar um espírito terreno, amante do pecado, e levá-lo a compreender o inexprimível amor de Cristo, os encantos de Sua graça, e a excelência de Deus, de maneira que a alma seja possuída de amor divino, e fique cativa dos mistérios celestes. Quando a pessoa compreende estas coisas, sua vida anterior parece desagradável e odiosa. Aborrece o pecado; e, quebrantando o coração diante de Deus, abraça a Cristo como a vida e alegria da alma. Renuncia a seus antigos prazeres. Tem mente nova, novas afeições, interesses novos e nova vontade; suas dores e desejos e amor, são todos novos. A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida até então preferidas a Cristo, são agora desviadas, e Cristo é o encanto de sua vida, a coroa de seu regozijo. O Céu, que dantes não possuía nenhum atrativo, é agora considerado em sua riqueza e glória; e ele o contempla como sua futura pátria, onde ele verá, amará e louvará Aquele que o redimiu por Seu precioso sangue.
As obras da santidade, que se lhe afiguravam enfadonhas, são agora seu deleite. A Palavra de Deus, anteriormente pesada e desinteressante, é agora escolhida como estudo, como o homem do seu conselho. É como uma carta a ele escrita por Deus, trazendo a assinatura do Eterno. Seus pensamentos, palavras e atos, são comparados com esta regra e provados. Treme aos mandamentos e ameaças que ela contém, ao passo que se apega firmemente às suas promessas, e fortalece a alma aplicando-as a si mesmo. Prefere agora o convívio dos mais piedosos, e os ímpios, cuja companhia antes apreciava, já não lhe causam mais deleite. Lamenta-lhes os pecados que dantes o faziam rir. O amor-próprio e a vaidade, ele renuncia, e vive para Deus, e é rico em boas obras. Eis a santificação exigida por Deus. Nada menos que isto aceitará Ele.
Rogo-lhe, irmão, que examine o coração diligentemente, indagando: "Em que estrada estou eu viajando, e onde findará ela?" Tem razão de regozijar-se por sua existência não ter sido ceifada enquanto não tem uma firme esperança da vida eterna. Não permita Deus que o irmão negligencie por mais tempo esta obra, vindo assim a perecer em seus pecados. Não iluda a alma com falsas esperanças. O irmão não vê nenhum modo de firmar-se novamente, a não ser um tão humilde, que não pode consentir em aceitá-lo. Cristo lhe apresenta, a você mesmo, meu errante irmão, uma mensagem de misericórdia: "Vinde, que já tudo está preparado" (Lc 14:17). Deus está pronto a aceitá-lo, e a perdoar todas as suas transgressões, uma vez que volte. Conquanto tenha sido um pródigo, e se tenha separado de Deus, e permanecido por tanto tempo longe dele, virá agora mesmo ao seu encontro. Sim; a Majestade do Céu o convida a ir com Ele, para que tenha vida. Cristo está pronto a purificá-lo do pecado, uma vez que se apegue a Ele. Que proveito tem achado em servir ao pecado? Que proveito tem servir à carne e ao diabo? Não é bem pobre a paga que recebe? Oh! volte, volte, pois por que razão morrerá?
O irmão tem tido muitas convicções, muitas angústias de consciência. Tem feito tantos propósitos e tantas promessas; e todavia se demora, e não quer ir a Cristo para que tenha vida. Oh! que o seu coração seja impressionado com o senso deste tempo, para que volte e viva! Não pode ouvir a voz do verdadeiro Pastor nesta mensagem? Como pode desobedecer? Não brinque com Deus, para que não abandone ao irmão a seus caminhos torcidos. É uma questão de vida e morte para o irmão. Qual escolherá? Coisa terrível é contender com Deus, e resistir aos Seus apelos. O irmão pode ter o amor de Deus a arder no altar de seu coração, como o sentiu outrora. Pode comungar com Deus como o fez no passado. Se reparar as suas culpas passadas, pode novamente experimentar as riquezas de Sua graça, exprimindo-Lhe o amor em seu semblante.
Não se exige do irmão que faça confissão aos que não sabem de seu pecado e seus erros. Não é seu dever publicar uma confissão que levará os incrédulos a triunfarem; mas àqueles a quem é devido, que não se aproveitarão de seu erro, confesse em harmonia com a Palavra de Deus, e permita que eles orem com o irmão, e Deus aceitará a sua obra, e o sarará. Por amor de sua alma, deixe-se vencer pelos rogos para fazer obra cabal para a eternidade. Ponha de lado seu orgulho, sua vaidade, e faça obra direta. Volte ao redil. O Pastor o aguarda. Arrependa-se, e faça as primeiras obras, e volte ao favor de Deus.
Ellen G. White - Testemunhos Seletos, vol. 1, pp. 253-255
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