A prática da ioga apresenta riscos para a vida espiritual?

A ioga se popularizou no Ocidente a partir da década de 1960 e conta hoje com milhões de adeptos. A maioria alega que a pratica somente com a finalidade de alcançar saúde física e mental, e não como ritual religioso. Porém, os que conhecem os ritos hindus e budistas sabem que essa separação não existe, porque a ioga está enraizada no espiritualismo. Em realidade, o que existe é uma desinformação generalizada, mesmo entre os instrutores de ioga, no que diz respeito à sua relação com o ocultismo. Discorrerei brevemente sobre a origem, filosofia, objetivos, técnicas e implicações dessa prática. 

Em sânscrito, a língua litúrgica do hinduísmo e do budismo, yoga significa “união”. De acordo com a doutrina dessas religiões, o objetivo da ioga é alcançar a união do espírito do indivíduo com o Universo e, assim, escapar dos intermináveis ciclos de reencarnações e alcançar um estado etéreo superior denominado de moksha (no hinduísmo) ou sunyata (no budismo), que significa “vazio”. O Bhagavad Gita, guia da religião hindu, dedica mais de 50 versos à ioga e, de acordo com ele, foi Krishna (um dos milhões de deuses hindus) que introduziu essa prática há milhares de anos. 

As técnicas da ioga são fundamentadas em quatro pilares: movimentos e posturas, chamados de asanas; técnicas de respiração, chamadas de pranayrama; cânticos ou mantras; meditação, chamada de dhyana. A técnica hatha yoga é a mais praticada com o objetivo terapêutico. Contudo, seus movimentos, posturas, cânticos e meditações têm um profundo sentido oculto. Por exemplo, as poses da cobra, da montanha e a de saudação ao sol têm como objetivo a invocação dos deuses hindus. No Hatha Loga Pradipika, um dos textos mais antigos e influentes da hatha yoga, o autor Svami Svatmarama fala claramente que o real objetivo da ioga é alcançar o raja yoga, considerado o mais alto nível de meditação para despertar um poder chamado kundalini. Esse poder é descrito como uma serpente enroscada na base da espinha dorsal dos seres humanos e, quando despertado, produz uma “explosão” na mente, às vezes seguida de visões e outras manifestações físicas e emocionais. 

William Downs, um escocês ex-praticante de ioga convertido ao cristianismo, descreve essa experiência da seguinte maneira: “Certo dia, durante uma profunda meditação, alguma coisa na minha mente explodiu e minha consciência se tornou vazia. De repente, vi três seres vestidos de mantos brancos ao meu lado me dizendo que me guiariam para uma nova vida se eu continuasse praticando ioga.” Segundo ele, quando começou a deixar a prática, foi perseguido em visões e sonhos por seres irados, o que o lançou em uma profunda depressão. Quando se chega a esse ponto, diz ele, é necessário que se tenha ajuda espiritual verdadeira para obter a liberdade, porque muitas pessoas acabam nas drogas e com insanidade mental. 

Não é pura coincidência que a ioga tenha se popularizado no Ocidente durante o período da explosão cultural das drogas nos anos 1960. Na época, era comum ver nas esquinas das cidades adeptos vestidos de mantos alaranjados, vendendo incenso e livros sobre meditação transcendental. Os hippies, acostumados com os efeitos das drogas, principalmente com as alucinações ou “viagens” provocadas pelo LSD, se tornaram presas fáceis da ioga porque ela podia produzir os mesmos efeitos, sem o risco de overdose. Dessa maneira, eles se tornaram os principais veículos para a propagação da filosofia hinduísta e budista no Ocidente, criando raízes em vários segmentos da sociedade. 

Todo cristão deve ficar longe dessa prática. Contudo, é importante ressaltar que as pessoas que praticam o budismo e o hinduísmo são geralmente honestas e sinceras. Estão tentando, através de seus ritos, preencher um vazio espiritual. Portanto, surgindo a oportunidade, é nossa obrigação guiá-las com amor a Cristo, que veio para que tenhamos vida em abundância. 

Silmar Cristo (via Revista Adventista)

O prof. Leandro Quadros também fala sobre esse assunto: