terça-feira, 26 de março de 2019

A igreja não é um palco

“Quando fizerem o bem, tenham o cuidado para que seu gesto não vire peça de teatro. Pode até ser um bom espetáculo, mas Deus não vai aplaudir. Quando for ajudar alguém, não chame atenção para você mesmo. Você já viu gente assim em ação, tenho certeza – eu os chamo atores. Eles vão orar nas esquinas, como se elas fossem palcos, atuando para o público, interpretando para as multidões. Eles recebem aplausos sim, mas é tudo. Quando você ajudar alguém, não pense na impressão que vai causar. Apenas ajude – com simplicidade e discrição. É assim que Deus, que o criou com todo amor, faz. Ele age nos bastidores para ajudar você.” (Mateus 6:1-4, A Mensagem)

Nessa seção do Sermão da Montanha, Jesus adverte quanto ao perigo da hipocrisia, o pecado de usar a religião para esconder nossa verdadeira face. Hipócrita, na definição de Cristo, não é alguém que fica aquém dos ideais divino. Hipócrita é aquele que usa a máscara religiosa para ocultar sua identidade real e para autopromoção. No original grego, “hipócrita” significa “ator”. Hipócrita é aquele que busca “visibilidade”, que troca o alvo de agradar a Deus pelo objetivo idólatra de ganhar aplauso humano. Como os fariseus, cuja religião era praticada visando ao louvor dos observadores, e não à glória do Senhor. Depois de apresentar a Seus discípulos uma justiça superior, Jesus passa a advertir quanto aos perigos da encenação religiosa. Ele muda o foco da justiça em sentido positivo, para a “justiça” em sentido formal e exterior, que transforma a religião em um show de ostentação.

Ellen G. White diz sobre esta passagem: "Essa lição de Jesus aos discípulos tinha o objetivo de repreender aqueles que desejavam receber a glória dos homens. Davam esses suas esmolas em lugares de reunião pública e, antes disso, uma proclamação pública era feita anunciando sua generosidade diante do povo. Muitos davam grandes somas meramente para ter seu nome exaltado pelos homens. Os meios dados dessa maneira eram frequentemente extorquidos de outros, pela opressão aos assalariados e aos pobres." (Testemunho para a Igreja 1, p. 193)

Como sabemos, uma falsa motivação pode prostituir bons atos. Isto é, podemos fazer as coisas corretas pela motivação errada, apenas para “sair bem na foto”. A tentativa de viver de acordo com esse tipo de “justiça”, cuja motivação é a busca de aplauso dos homens, destrói a importância de qualquer desempenho religioso. Nessa narrativa de Mateus (6:1-18), Jesus discute os três atos principais da piedade judaica: esmolas, oração e jejum, virtudes recomendáveis, mas corrompidas pela hipocrisia. O que Ele diria hoje de restrições de dieta, “zelo” missionário, música e contribuições para a igreja? Tudo isso, bom em si, pode tornar-se apenas um bom espetáculo sem o aplauso de Deus.

"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos Céus." (Mateus 5:20)

Amin A. Rodor (via Meditações Diárias - Encontros com Deus)

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