quarta-feira, 26 de junho de 2019

Rumo ao porto seguro

A saga de milhares de famílias que estão deixando seus países de origem na tentativa de fugir da violência e da pobreza e em busca de uma vida melhor em outro lugar, ganhou novo fôlego hoje, acentuando o cenário caótico que atinge a região.

Um homem de El Salvador e uma criança de quase dois anos, pai e filha, morreram afogados quando tentavam atravessar o Rio Bravo na altura da cidade de Matamoros, que fica no estado de Tamaulipas, no México, tentando chegar aos Estados Unidos.

Os corpos foram encontrados na manhã da última segunda-feira, mas o incidente se deu no domingo, 23. Uma foto do pai e da filha foi registrada pela jornalista Julia Le Duc e comoveu o mundo. De acordo com a jornalista, que relatou o momento em que fez a foto ao jornal britânico The Guardian, a família salvadorenha aguardava na cidade mexicana de Matamoros a oportunidade de solicitar asilo nos Estados Unidos. Na tarde de domingo (23), o cozinheiro Óscar Martínez Ramírez, de 25 anos, decidiu que faria a travessia do rio.

A mulher dele e mãe da menina, Tania Vanessa Ávalos, contou ao jornal mexicano “La Jornada” que ele pegou a pequena Valeria nos braços, fez a travessia e a deixou em terra firme em segurança. Porém, ele voltou para ajudar a mulher. Ao ver o pai se afastar, a criança se jogou na água. Ele voltou e conseguiu segurá-la, mas não resistiu à forte correnteza. A mãe viu o momento em que os dois submergiram.

A tragédia chama atenção para a crise migratória na fronteira dos Estados Unidos. Em caravanas, hondurenhos, salvadorenhos e nicaraguenses fazem longas travessias a pé até chegar à fronteira com os Estados Unidos com o objetivo de pedir asilo político. Dados da Organização Internacional de Migração (OIM), referentes ao mês de maio de 2019, revelaram que mais de 40 pessoas morreram tentando atravessar o Rio Bravo.

Comparações à parte, essa busca por uma terra melhor me fez recordar o relato bíblico da saída dos hebreus do Egito, quando Deus agiu poderosamente para libertá-los da servidão e levá-los à terra da promessa. Primeiro, dez pragas forçaram um faraó obstinado a finalmente permitir que os israelitas deixassem o país. Depois, as águas do Mar Vermelho foram como violentos instrumentos de vingança contra soldados implacáveis que, sob a ordem do insolente rei, queriam manter seus prisioneiros. Horas mais tarde, centenas de corpos inertes na praia foram para Israel um sinal do “grande poder do Senhor contra os egípcios” (Êx 14:31). O sonho de Deus era levá-los à terra de Canaã precisamente após esse episódio, porém sua persistente incredulidade os manteve quarenta anos no deserto.

O livro de Josué fala da chegada dos hebreus à terra de Canaã e a divisão do território. Como afirma Ellen White, “os longos anos de suas vagueações pelo deserto haviam-se findado. Os pés de Israel estavam finalmente a pisar na terra prometida” (Profetas e Reis, p. 355). Ao longo da história da igreja cristã, essa experiência do povo de Israel tem sido usada como prenúncio da experiência do novo Israel. Porém, diferentemente dos imigrantes salvadorenhos rumo aos Estados Unidos, os quais saíram para uma terra que não lhes havia sido prometida e para a qual não lhes foi estendido qualquer convite, estamos seguindo para um lugar que nos pertence por um juramento pronunciado pelo próprio Deus (Hb 6:17-20).

Em uma reunião de despedida com os discípulos, Jesus lhes deu uma garantia que ainda hoje aquece o coração de muitos peregrinos: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez…” (Jo 14:1-3; grifos acrescentados).

Receosas com um possível aumento desordenado da população, as autoridades de alguns países estão preocupadas com o alto fluxo de imigrantes e estão fechando cada vez mais suas fronteiras, porém, na Canaã celestial há espaço suficiente para todos os refugiados deste mundo.

"Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada um país. Há ali casas para os peregrinos da Terra. Estamos em caminho para casa. Aquele que nos amou de tal maneira que morreu por nós, construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é o nosso lugar de repouso. Não haverá tristeza na cidade de Deus. Nenhum véu de infortúnio, nenhuma lamentação de esperanças frustradas e afeições sepultadas serão jamais ouvidas" (Ellen G. White - O Lar Adventista, p. 543).

Fontes: G1 e Exame | Texto adaptado de Revista Adventista

Um comentário:

  1. Graças a Deus, a Vinda de Jesus está perto. Estamos num caos economico e politico, com incertezas por toda parte, mas a esperança de logo estarmos numa nova Terra aumenta cada dia. Que cada dia nos preparemos para estar na nova Jerusalém.

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