quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A Porta dos Fundos

Durante o último Concílio Anual do Comitê Executivo da Associação Geral, realizado em Battle Creek, Michigan (EUA), David Trim, diretor do departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa, apresentou o relatório estatístico anual. Entre os muitos números descrevendo a realidade de uma igreja que cresce, houve um número que, mais uma vez, me deixou abatido. Segundo informou Trim, 42% dos membros estão deixando a igreja. E, aparentemente, esses números não incluem as perdas por morte. 

Podemos ignorar essas estatísticas em meio a outras discussões apaixonadas. Mas não devemos. Imagine, neste momento, a sua congregação, seja ela grande ou pequena. Pode ser que você pertença a uma igreja pequena, no norte da Alemanha, com 50 membros. Estatisticamente, 20 desses 50 abandonarão a igreja nos próximos anos. Talvez você pertença a uma congregação grande e animada em São Paulo ou em Nairóbi, no Quênia, com 2 mil membros. Oitocentos deles vão desaparecer. Tente pensar em 20 cadeiras vazias ou imagine o tamanho do espaço de 800 cadeiras vazias. 

Meu coração dói quando imagino essa imagem em minha congregação local. Além das estatísticas relatáveis, esses números representam pessoas que, por qualquer que seja a razão, decidiram que o adventismo não é mais para elas. Não me compreendam mal. Eu não acho que ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia significa estar no caminho direto para o Céu. Deus ainda está falando ao coração daqueles que saíram e, felizmente, muitos retornarão. No entanto, o que me afeta é o fato de passarmos por cima desses números. 

Sim, alegramo-nos com 1.352.931 novos membros que se uniram à igreja em 2017, mas será que sofremos pelos 563.205 que desapareceram? Os motivos para seu desaparecimento podem ser variados. Alguns foram batizados, mas não discipulados realmente. Outros são feridos por nós, os membros antigos. Os conflitos interpessoais os empurram para fora pela porta de trás da igreja. Como pai de adolescentes e de uma jovem, preocupo-me particularmente com os jovens que perdemos depois que se formam na faculdade. Por que temos dificuldade para ajudá-los a encontrar um lar espiritual?

Cada vez mais os pesquisadores adventistas realizam estudos de qualidade sobre essa triste realidade. Se queremos pensar estrategicamente, precisamos das pesquisas. Mas, além delas, precisamos de paixão para vencer esse desafio. Se você quer fazer parte da solução, estão a seguir quatro sugestões práticas que podem ajudar a conter a maré. 

Primeiro, conheça pessoalmente os membros da sua igreja, especialmente os novos. Mostre interesse por eles. 

Segundo, ajude a liderança da sua igreja a discipular os membros novos. Fazer discípulos não é um trabalho exclusivo do pastor ou do ancião. A igreja local é o marco zero para o discipulado. 

Terceiro, dedique uma atenção especial aos adolescentes e jovens da sua congregação. Conheça-os pelo nome; fale com eles; ouça suas preocupações e dúvidas sobre a igreja; seja um conselheiro. 

Finalmente, comece um diário de oração que aborde especificamente aqueles que nos deixaram. A intercessão é o recurso de Deus para nos deixar conectados ao mundo ao nosso redor. Quando você orar, ouça a voz suave do Espírito Santo sussurrando ao seu coração maneiras criativas de trazer para casa os que se afastaram.

Geraldo A. Klingbeil (via Revista Adventist World)

Nota: Batismo e conservação andam de mãos dadas. Batismo sem conservação é incompleto; por sua vez, conservação sem batismo é irresponsável. O remédio para a perda de membros é nutrir os novos membros desde o momento em que eles são batizados, até que comecem a produzir frutos. Conservação e evangelismo são dois lados da mesma moeda. A conservação necessita se tornar parte da cultura da igreja. Ela precisa ser um modo de vida na igreja local.

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