O Brasil passa por um grande debate sobre seu sistema previdenciário. É evidente que existem questões político-partidárias em jogo também, mas não há como negar que a população brasileira está envelhecendo, e isso é um fenômeno mundial. Ao analisar os dados disponibilizados pelo Banco Mundial, em 2017, podemos verificar que a expectativa de vida em vários países tem aumentado.
Na década de 1980, por exemplo, um brasileiro vivia em média 62 anos, enquanto que em 2017 a expectativa era de 75 anos (saiba mais aqui). Quando se trata dos adventistas, a julgar pelos estudos sobre longevidade e estilo de vida realizados há décadas na Universidade de Loma Linda (EUA), pode-se esperar que vivamos um pouco mais do que a população em geral.
A pergunta que muitas pessoas têm feito, e isso não se restringe aos idosos, é como se preparar para uma velhice mais longa. Pode a aposentadoria trazer felicidade? O preparo financeiro é um dos elementos mais importantes nessa equação. E isso tem que ver com o nível de controle que você pretende ter em relação à sua aposentadoria. Ou seja, quando, como, em que circunstâncias você gostaria de deixar de trabalhar formalmente?
Em função do envelhecimento da população e das possíveis reformas previdenciárias, algo que se deve levar em conta nesse planejamento daqui para a frente é que o trabalhador precisará esperar mais tempo para se aposentar e receberá um benefício menor quando parar. Portanto, precisará complementar sua renda, a fim de manter seu custo de vida atual ou até mesmo sua dignidade.
Infelizmente, a cultura previdenciária e de poupança do brasileiro segue muito baixa. Segundo matéria do jornal Valor Econômico de 6 de março, a taxa de poupança no Brasil (14,5% do PIB) é bem inferior à de outros países emergentes, como Índia (28,5%) e China (45%). Em geral, o brasileiro espera que sua aposentadoria seja financiada pelo sistema estatal (INSS), e que décadas de contribuição resultem numa renda que cubra seu orçamento mensal. Porém, como o rendimento médio do trabalhador fica bem abaixo do teto do INSS, muitos não se atentam para o fato de que receberão menos do que imaginam. Quando descobrirem isso, pode ser tarde demais.
Para fazer um bom planejamento, você precisa ter três fontes de renda no futuro: aposentadoria estatal (INSS), previdência privada e economias poupadas ao longo da vida. E, quanto mais cedo começar a poupar, menos precisará desembolsar por mês para formar essas reservas. Por exemplo, para você ter uma renda de mil reais a partir dos 65 anos, considerando uma taxa real de juros de 4,5% ao ano, basta poupar 167 reais por mês durante 35 anos. Mas, para ter a mesma renda com apenas 15 anos de contribuição, você terá que guardar 655 reais a cada mês.
Ao falar da necessidade de poupar, Ellen White, pioneira adventista, escreveu que deveríamos guardar economias mensalmente e não mexer nesse valor, a não ser por uma emergência relacionada à saúde (O Lar Adventista, p. 396). Esse conselho centenário tem se mostrado cada vez mais atual.
Elias Teixeira da Silva (Este artigo foi publicado na edição de julho de 2019 da Revista Adventista)
Nota: Uma curiosidade: Ellen White teve uma vida ativa até os 87 anos. Com 64, quando a maioria das pessoas se aproxima da aposentadoria, ela servia na Austrália como conselheira e missionária junto com outros intrépidos pioneiros da igreja, com o propósito de ajudar a estabelecer uma base para a obra do Senhor naquela ilha continente. Ela também era extremamente generosa. Numa época em que ainda não existiam planos de aposentadoria, sempre que ouvia falar de algum pastor idoso que estava precisando de ajuda financeira, ela não hesitava em lhe enviar algum dinheiro, a fim de socorrê-lo naquela emergência.
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