segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Levantar as mãos na adoração

Há base bíblica para a prática, cada vez mais comum, de levantar as mãos durante o canto congregacional? 

Essa pergunta pode parecer sem importância, porém revela que estamos muito interessados em um tipo de culto que esteja biblicamente fundamentado e que não viole as instruções bíblicas. Mostra, também, que o movimento das mãos enquanto cantamos está criando certa tensão. Vou falar do uso das mãos durante os atos de adoração. Ficará claro que, na Bíblia, o ritual do uso das mãos acontecia, principalmente, durante a oração.

1. Atos não-verbais.
 As expressões corporais desempenham papel importante na expressão de ideias e emoções. Estudos sobre o papel dos atos não-verbais na adoração nos ajudam a entender um pouco melhor seu significado. Na Bíblia, temos apenas a linguagem da postura, gestos, movimentos e expressões faciais. As artes do antigo Oriente Médio ilustram muitos desses gestos. Os gestos das mãos, mencionados na Bíblia, eram também comuns no ambiente de adoração e culto no antigo Oriente Médio.

2. Levantar das Mãos. As expressões "levantar as mãos [yãdím]" ou "levantar as palmas (mãos) [kappayim]" são praticamente sinônimas. São usadas em diferentes contextos e, em alguns casos, expressam significados distintos. "O ato de levantar as mãos" é um gesto que expressa adoração no contexto do culto. Os que ministravam no templo eram exortados assim: "Levantem as mãos na direção do santuário e bendigam o SENHOR!" (Sl 134:2, NVI).

O gesto indicava que o objeto de louvor era o Senhor e que todo o indivíduo estava envolvido nesse ato. Era também usado para apresentar ao Senhor as orações e súplicas (Sl 28:2), como se a oração fosse colocada na palma da mão e levantada ao Senhor pedindo-Lhe que aceitasse (Sl 141:2).

Em outros casos, o gesto aparece para expressar a vontade do adorador de receber do Senhor o que pediu (Sl 63:4, 5; Lm 2:19). Mas o levantar das mãos parece expressar algo profundo, algo relacionado com o coração humano: "Derrame o seu coração como água na presença do Senhor. Levante para Ele as mãos" (Lm 3:41, NVI). O levantar das mãos correspondia ao levantar do íntimo do ser adorador ao Deus adorado, em comunhão com Ele.

3. Movimentar as Mãos. Neste caso, o verbo é pãrash ("acenar"), expressando a ideia de que as mãos acenam em frente da pessoa, não necessariamente levantadas. Às vezes, parece que o adorador acena as mãos em direção ao templo, ao Céu (1Rs 8:38, 39, 54; Sl 44:20) ou ao Senhor (Êx 9:33). O movimentar das mãos era usado, particularmente, durante as orações de súplica (1Rs 8:54; Is 1:15; Êx 9:29; Lm 1:17) ou quando havia uma profunda necessidade da presença de Deus (Sl 143:6). No salmo 88:9, lemos: "A minha vista desmaia por causa da aflição. SENHOR, tenho clamado a Ti todo o dia, tenho estendido para Ti as minhas mãos".

A necessidade do salmista é tão intensa que ele implora pela ajuda do Senhor. Embora em necessidade profunda, o adorador vai ao Senhor e estende as mãos a Ele, pedindo ajuda. Esse gesto mais intenso era uma expressão pessoal de dependência de Deus (Sl 44:20) e a devoção do coração ao Senhor (Jo 11:13).

4. E Então? Tanto quanto posso apurar, não há aceno com as mãos durante o culto na Bíblia. O levantar das mãos é comum (cf. 1Tm 2:8). A Bíblia não prescreve gestos das mãos na adoração, mas os descreve como prática comum aceitável. A arte dos cristãos primitivos indica que eles costumavam orar com os braços e as mãos estendidas para os lados, formando um crucifixo com o corpo. Hoje, unimos nossas mãos, tanto atrás como na frente do corpo, ou simplesmente as deixamos soltas. Ocasionalmente, podemos juntar as palmas das mãos e entrelaçar os dedos, uma prática comum entre os antigos romanos e sumerianos. Em outros tempos, as palmas eram colocadas juntas com os dedos estendidos, ato comum no budismo e hinduísmo.

A introdução de novidades em nossas igrejas, influenciadas pelo sistema carismático de adoração, pode perturbar um culto que deveria estar centrado em nosso Criador e Redentor e na Sua Palavra. Seria melhor seguir as práticas comuns da congregação onde coletivamente adoramos o Senhor. 

Angel Manuel Rodríguez (via Música e Adoração)

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