Provavelmente, você já deve ter lido algum livro sobre liderança. Ou palestras que apresentassem um modelo ideal de um líder que consiga influenciar os seus liderados a conseguir alcançar determinado objetivo. Provavelmente, a sessão de livros sobre liderança deva ser a maior dentro de uma livraria, à procura por uma fórmula ou por uma biografia a qual poderíamos simplesmente copiar, afinal, todos querem saber o segredo do sucesso.
O certo é que a sociedade mudou. Especialmente o modo como adquirimos conhecimento e a forma como nos relacionamos. De acordo com uma pesquisa feita pela IBM, por dia são criados 2,5 quintilhões de bytes. 90% destes dados foram gerados nos últimos dois anos. Vivemos na era da democratização do conhecimento, ou seja, hoje, uma criança com sete anos, provavelmente, tem mais informações do que um imperador no auge de Roma.
Com esta facilidade ao acesso a informações, as pessoas passaram a perder o seu senso de responsabilidade e confiança em seus líderes. Afinal, se antes, ao surgir uma dúvida ou sintoma de uma possível doença, eu procurava alguém especializado no assunto, hoje eu apenas faço uma busca no Google. E sem muito esforço, ficando apenas na primeira página de resultados da pesquisa. A nossa referência do certo ou errado ficou difusa e pessoas que antes tínhamos confiança, já não são tão requeridas assim.
A todo tempo, somos influenciados por pessoas, tanto no trabalho como na Igreja. O pastor, que antes era meu guia e conselheiro, hoje foi trocado por pessoas que não conheço, mas, por terem muitos acessos em seu conteúdo, se intitulam especialistas em diversos assuntos. Perdemos, então, a confiança em nossos líderes religiosos? Qual a necessidade de seguir alguém quando eu tenho todas as respostas a um click? Afinal, onde estão os líderes neste emaranhado de pessoas implorando para segui-las?
Novos liderados exigem novos líderes
Para o líder, é essencial entender que o seu papel mudou e fazer uma releitura do mundo em que vivemos. Algo que os especialistas chamam de zeitgeist (pronuncia-se zait.gaisst), termo alemão traduzido como “espírito do tempo” ou qual a cultura genérica do mundo. Uma maneira de enxergar este “espírito” é olhando uma banca de revistas, livros mais vendidos e também pelas propagandas. Todos estes meios procuram entregar o que mais se procura, em nossos dias, a inovação.
Líderes com o modo de pensar diferenciado estão cada dia mais em falta. É comum imaginar que apenas alcançar metas e objetivos define o que é ser líder. Mas novos pilares da liderança foram erguidos, colunas que, hoje, fazem toda a diferença se você quer influenciar as novas gerações.
Colaboração: O novos líderes se importam tanto com a ideia ou com o propósito da equipe que não precisam mais controlar todos os processos, mas, sim, facilitar o trabalho para que o seus liderados encontrem o verdadeiro sentido da sua vocação.
Construção: A ideia de construir algo juntos estimula os jovens. Saber que um pode ajudar o outro e juntos irem mais longe, faz com que eles se sintam parte e não apenas consumidores.
Motivação: Entender a jornada de cada um, como o liderado chegou onde está e para onde ele quer ir. O que o faz levantar todos os dias pela manhã, o que o faz querer voltar no dia seguinte.
Empatia: “Tente andar uma milha com o sapato do outro”, diz a expressão que incentiva a viver a vida do próximo, para entender os motivos de suas ações.
Influência: Você influencia mais pelos seus atos do que com suas palavras, por isso não adianta apenas dizer ordens. Sua timeline nas redes sociais pode pregar mais do que um sermão em uma igreja lotada.
Mas dentro desses pilares, o melhor conselho para o líder criativo vem da escritora Ellen White, no livro Liderança Cristã, página 21. Lá, ela escreve que “quando os homens julgam que suas ideias não possuem falhas, então é tempo de mudarem sua posição de líder, para aprendiz”. Os líderes criativos sabem que nunca é tarde para aprender algo novo e que boas ideias podem surgir de qualquer um, a qualquer momento. O medo de errar pode criar cascas e deixam a visão comprometida, e a missão deixa de avançar para apenas não desmoronar. Afinal, como diz Alfred North, “quase todas as ideias têm um certo aspecto de loucura quando ouvidas pela primeira vez”.
Sempre aprender, como um criança, que constantemente faz perguntas e que vê o mundo cheio de novidades. Em Lucas 9:46-48, ao perceber uma discussão entre os discípulos para saber quem era o maior entre eles, ou o possível líder depois do Mestre, Jesus chama uma criança e diz: “Quem recebe esta criança em meu Nome, recebe a minha própria pessoa; e quem me recebe, está recebendo Aquele que me enviou. Portanto, aquele que entre vós for o menor, este sim, é grandioso”. Influenciar os outros é uma questão de disposição, não de posição (John C. Maxwell).
Steve Jobs, fundador da Apple e um dos personagens mais criativos da história da tecnologia, em um discurso de graduação na Universidade de Stanford, cita uma frase que marcou muito a sua caminhada como líder. Diz ele que viu em uma contracapa de um catálogo, abaixo de uma imagem de uma estrada, a frase “continue com fome, continue tolo”. Nunca pare de aprender, e quando aprender algo novo, aja como uma criança boba com a sua nova descoberta.
O líder criativo é aquele que entende que todos estamos em uma longa jornada de aprendizado, por isso ninguém sabe mais do que ninguém, apenas alguns são chamados para posições diferentes, a fim de gerenciar pessoas e proporcionar experiências de crescimento pessoal e espiritual, para que todos alcancem o seu propósito de vida.
Geyvison Ludugério (via Fora da Caixa)
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