É impressionante o quanto ainda somos vulneráveis às aparências. Olhamos o frasco e pouco nos importamos com aquilo que ele contém.
O mundo é pautado naquilo que ostenta; belos sorrisos, corpos esculpidos, cabelos sedosos, peles impecáveis, rugas subtraídas em caríssimos procedimentos dermatológicos. Vemos o que nos é mostrado e perseguimos uma beleza externa como se ela fosse a garantia de uma vida mais feliz.
Quanto engano!
Muitas vezes, seduzidos por belíssimos invólucros, somos atraídos para gente que exala veneno internamente. Gente vazia que se vale de uma casca perfeita para enganar e atrair.
E como somos tolos o suficiente para nos deixar enganar, vamos nos afastando daquilo que deveria ser uma prioridade: o que nos vai por dentro.
Meninos e meninas seguem arrastados por ideais de beleza voláteis e instáveis. Muitos chegam a passar fome voluntariamente, em busca de um corpo de sílfide, em busca de caber nas expectativas de uma sociedade que dita regras tão estreitas que fazem inveja aos mais rígidos espartilhos do século XVII.
Historicamente somos vazios. Vivemos nos sentindo inadequados, porque o modelo de adequação é também vulnerável. Ficamos uma vida inteira perseguindo um arco-íris projetado no céu, sem nunca conseguir alcançá-lo.
Então… quando nos deparamos com a suposta atenção daquele que representa um modelo de adequação, um exemplo de cabimento aos mais exigentes padrões, somos entorpecidos pela sensação de termos sido recompensados com o prêmio máximo.
A exuberância do outro nos é emprestada. E, magicamente, passamos a caber na lógica do “lindamente correto”. É como ter uma permissão de transitar num mundo que persegue a perfeição do invólucro.
Inebriados esquecemos de ler as letras miudinhas do rótulo. Esquecemos de lembrar que por dentro de uma bela casca pode haver uma polpa passada e indigesta. Esquecemos que belos frascos podem conter venenos letais.
Quem sabe já não esteja passando da hora de dedicarmos um tiquinho de atenção ao que nos vai por dentro. Quem sabe não seja tempo de pararmos de correr atrás de imagens holográficas de uma beleza forjada. Quem sabe não esteja na hora de pararmos de folear o outro e de passarmos a lê-los a partir de um olhar menos fútil.
Há gente que parece certos livros: lindas capas e nenhum conteúdo. Mas também há aqueles cuja aparência simples e supostamente inadequada esconde verdadeiros tesouros. Garimpemos gente de verdade, porque de joias falsas o mundo está farto.
Ana Macarini (via Conti Outra)
Nota: Vejamos agora alguns importantes conselhos de Ellen G. White:
"Muitos se enganam ao pensar que beleza e roupas chamativas farão com que obtenham a consideração do mundo. Ao contrário, os atrativos que consistem apenas nos adornos exteriores são superficiais e mutáveis; não se pode confiar neles. O adorno que Cristo aprecia em Seus seguidores nunca desaparecerá. Ele diz: 'Não procure ficar bonita [bonito] usando enfeites, penteados exagerados, jóias ou vestidos caros. Pelo contrário, a beleza de você deve estar no coração, pois ela não se perde; ela é a beleza de um espírito calmo e delicado, que tem muito valor para Deus' (1Pe 3:3, 4)." (Só para Jovens, p. 32)
"Hão de os seguidores de Cristo buscar o adorno interior, o manso e quieto espírito que Deus declara precioso, ou esbanjarão as poucas e breves horas da graça em desnecessário trabalho para fins de ostentação?" (Mensagem aos Jovens, p. 356)
"Irmãs, no dia em que forem ajustadas as contas de todos, experimentarão vocês alegria ao ser passada em revista sua vida, ou sentirão que a beleza do ser exterior é que foi buscada, enquanto a beleza interior ficou quase de todo negligenciada?" (Filhas de Deus, p. 121)
"Enquanto o adorno exterior embeleza somente o corpo, a virtude da mansidão adorna o coração e põe o homem finito em conexão com o Deus infinito. Esse é o ornamento escolhido por Deus. [...] Os anjos do Céu registrarão como melhor adornados aqueles que se revestem do Senhor Jesus Cristo e andam com Ele em mansidão e humildade de espírito." (Santificação, p. 16)
“É justo amar e desejar a beleza; Deus, porém, deseja que amemos e procuremos primeiro a mais alta beleza – aquela que é imperecível. As mais seletas produções da perícia humana não possuem beleza que se possa comparar com a beleza do caráter, que à Sua vista é de grande preço.” (Educação, pp. 248, 249)
"A beleza natural consiste da simetria ou da harmoniosa proporção das partes, de uma para com outra; mas a beleza espiritual consiste na harmonia ou semelhança de nossa alma com Jesus. Isso tornará seu possuidor mais precioso que o ouro fino, mesmo o ouro de Ofir. A graça de Cristo é, de fato, adorno de incalculável preço. Eleva e enobrece seu possuidor, reflete raios de glória sobre outros, atraindo-os também para a fonte de luz e bênçãos." (Orientação da Criança, p. 423)
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