quarta-feira, 10 de junho de 2020

Corpus Christi e a Bíblia

O Corpus Christi será celebrado nesta quinta-feira (11), e o papa Francisco vai presidir a missa no próximo domingo (14) no altar da cátedra da basílica de São Pedro. A celebração vai acontecer às 9h45 no horário italiano (4h45 no horário de Brasília). 

Mas você sabe, realmente, o que esse evento significa?

Trata-se de uma das principais celebrações da Igreja Católica. Corpus Christi é uma expressão latina que significa corpo de Cristo. Acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da “santíssima Trindade” que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. A celebração acontece sessenta dias após a Páscoa. É uma festa que exige o comparecimento obrigatório dos católicos que participam da missa, conforme estabelece a Conferência Episcopal de cada país. 

A primeira vez que se festejou Corpus Christi foi no século XIII, na Europa, mais precisamente na Bélgica, na diocese de Liège. E foi justamente uma religiosa desta terra, Santa Juliana de Liège, que promoveu e tornou-se a criadora da celebração de Corpus Christi. Na realidade, a comemoração passou a ser celebrada nove anos após a morte da freira Juliana. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264. A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

A razão de toda essa celebração é a “presença real e substancial de Cristo na Eucaristia”. A Eucaristia é um dos sacramentos que propõe o cristianismo. Consiste na união de um fiel a Jesus, a Deus e a todos os seus irmãos através do ato de beber o sangue e comer da carne de Cristo, desde que na celebração da missa o padre tenha consagrado o vinho e o pão transformando-os no sangue e no corpo de Cristo. Este sacramento é considerado como símbolo de unidade, caridade e gratidão ao cristianismo. Assim, acredita-se que o pão servido na cerimônia seja o próprio corpo real de Jesus, e o vinho, Seu sangue. É conhecida, teologicamente, como “doutrina da transubstanciação”.

A doutrina da transubstanciação baseia-se nas seguintes passagens do NT em que Jesus diz:

"Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida" (João 6:55).

"Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá" (João 6:57).

"Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos" (João 6:53).

A Igreja ensina que há uma transformação da substância, mas não dos acidentes, ou seja, os acidentes como odor, sabor, textura, forma, cor permanecem, mas já não são mais pão e vinho e sim corpo e sangue, por um milagre de Cristo ao proferir as palavras sagradas. 

Este é, sem dúvida, um dos grandes temas divergentes entre católicos e demais cristãos. A razão principal está na aplicação literal que os católicos fazem da forma figurativa que Jesus utilizou na Santa Ceia. Ele declarou ser o corpo dEle, pão. E o vinho, sangue.

É oportuno lembrar que Jesus gostava de utilizar essas ilustrações ou comparações. Facilitava a comunicação dEle com as pessoas simples. Em João 14:6, por exemplo, Ele diz ser “o caminho”. Já no capítulo 10:7, Ele afirmou ser “a porta”. É óbvio que Ele não estava se transformando literalmente numa porta ou em uma estrada. Simplesmente falava de forma figurativa.

A Bíblia mostra claramente que a eucaristia é uma cerimônia simbólica, uma lembrança do sacrifício de Cristo em nosso favor. Ao ser instituída por Jesus, substituiu a festa da Páscoa que simbolizava a libertação dos israelitas da escravidão, a preservação da vida dos primogênitos através do sangue do cordeiro e uma demonstração de fé no sacrifício que Cristo faria no futuro.

Após a vinda de Cristo para morrer na cruz, a páscoa passou a simbolizar a libertação dos homens da escravidão do pecado, a aquisição da vida eterna através do sangue de Cristo e uma demonstração de fé no sacrifício que Ele fez.

Essa comemoração, porém, não seria feita apenas uma vez por ano, mas em todo o ritual da ceia do Senhor. Portanto, a discordância entre católicos e não-católicos está justamente nessa transubstanciação ou não dos elementos (pão e suco de uva) no corpo de Cristo.

Confira o prof. Leandro Quadros falando sobre esse assunto no vídeo abaixo:

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