quarta-feira, 29 de julho de 2020

Ostentação

Um dos principais malefícios que uma sociedade de consumo igual a nossa pode trazer é o desejo incontrolável e insaciável de ostentar. A ostentação nada mais é do que o ato de expor o máximo possível uma situação ou alguma coisa adquirida, o que, dentro da lógica consumista, fútil e alienada da sociedade contemporânea, é visto como natural. 

O padre Fábio de Melo, sacerdote católico, artista, escritor, professor universitário e apresentador, foi ao Instagram fazer uma reflexão sobre a ostentação de "confortos de que desfrutamos" durante o isolamento social em razão do coronavírus. O religioso argumentou que essa ação pode aumentar a angústia por parte dos mais pobres. "Neste tempo em que as pessoas estão vivendo muitas restrições, penso que é preciso ter cuidado com o que tornamos público sobre nós. Não acredito que seja hora de exibir os confortos de que desfrutamos na quarentena", escreveu na rede social.

"Ainda que tudo seja resultado de muito trabalho honesto, isso pode gerar ainda mais sofrimento nos que vivem privados de coisas tão básicas e elementares. Há pessoas enclausuradas em espaços exíguos, desprovidas de conforto e dignidade. O nosso exibicionismo pode ser afronta a quem tão pouco tem", concluiu.

Portanto, crente que ostenta posição, bens ou qualquer outro atributo está indo diretamente contra aquilo que o Mestre ensinou. Ellen G. White diz:

"Não obstante, Jesus fugia à ostentação. Durante todos os anos de Sua residência em Nazaré, não fez exibição de Seu miraculoso poder. Não buscou altas posições, nem pretendeu nenhum título. Sua vida quieta e simples, e mesmo o silêncio das Escrituras a respeito dos primeiros anos de Sua vida, ensinam importante lição" (O Desejado de Todas as Nações, p. 43).

A Palavra de Deus também nos deixa um aviso importante sobre esse assunto:

"Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do mundo" (João 2:16).

É verdade que o mundo de hoje não incentiva nem um pouco a modéstia. Mas isso não surpreende quem estuda a Bíblia. Como assim? Ao falar dos “últimos dias”, a Bíblia predisse que os humanos, no geral, seriam “avarentos, vaidosos... e cheios de orgulho" (2 Timóteo 3:1-5, BLH). Nesse contexto social, pessoas que ostentam seus bens se sentem bem à vontade. Mas Deus nos incentiva a ‘ficar longe dessa gente’, para que não nos tornemos como elas.

Segue abaixo alguns alertas de Ellen G. White sobre os perigos da ostentação em vários contextos:

1. OSTENTAÇÃO E POMPA 
"Que valem a pompa e a ostentação exteriores? Que ganham os homens e mulheres com o orgulho e a condescendência própria? O tesouro terreno é transitório. Somente por Cristo poderemos obter riquezas eternas. A riqueza que Ele dá está acima de toda avaliação” (Conselhos sobre Mordomia, p. 54).

2. OSTENTAÇÃO NA CASA DE DEUS
"É bastante certo que o orgulho de posição que prevalece no mundo e a opressão aos pobres, existe também entre os professos seguidores de Cristo. Os homens se apropriam de dons que lhes haviam sido confiados para com eles abençoar a outros. Os ricos oprimem os pobres e usam os meios assim obtidos para satisfazerem o orgulho e o amor da ostentação até mesmo na casa de Deus" (The Review and Herald, 20 de Junho de 1893).

3. OSTENTAÇÃO NO VESTUÁRIO, JÓIAS E ORNAMENTOS
"No professo mundo cristão o que é gasto em extravagante ostentação, em jóias e ornamentos, daria para suprir as necessidades de todos os famintos e vestir todos os nus em nossas cidades; e ainda assim esses professos seguidores do manso e humilde Jesus não precisariam privar-se do necessário alimento nem do vestuário confortável. O fim de todas as coisas está perto e Deus convida os homens a lançarem fora os seus ídolos, a se separarem de cada desejo extravagante, a não condescenderem com nada que seja simplesmente para ostentação e exibicionismo" (The Review and Herald, 21 de Novembro de 1878).

4. OSTENTAÇÃO NA OBRA DE DEUS
"O caminho para a edificação e progresso da causa de Deus é bloqueado pelo egoísmo, pelo orgulho, pela cobiça, pela extravagância e amor à ostentação. Sobre toda a igreja recai a solene responsabilidade de fazer prosperar cada ramo da obra. É preciso que haja muito maior humildade, muito maior distinção do mundo, entre os adventistas do sétimo dia, doutro modo Deus não nos aceitará, seja qual for nossa posição ou o caráter da obra em que estivermos empenhados. Não é a ostentação, a aparência imponente o que representa de maneira correta a obra que devemos realizar como povo escolhido de Deus" (Conselhos sobre a Escola Sabatina, p. 131).

5. OSTENTAÇÃO NAS FAMÍLIAS
"Pais, por amor de Cristo não empreguem o dinheiro do Senhor na condescendência com as fantasias de seus filhos. Não os ensinem a procurar a moda e a ostentação, a fim de alcançarem influência no mundo. Será que isso vai ajudá-los a salvarem as almas por quem Cristo morreu? Não; suscitará inveja, ciúme e más suspeitas. Seus filhos serão induzidos a competir com a ostentação e extravagância do mundo, e a gastar o dinheiro do Senhor no que não é essencial para a saúde ou a felicidade" (Conselhos para a Igreja, p. 288).

6. OSTENTAÇÃO NOS LARES
"Uma residência dispendiosa, mobília trabalhada, ostentação, luxo e conforto não proporcionam as condições essenciais a uma vida útil e feliz" (A Ciência do Bom Viver, p. 365).

7. OSTENTAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES
"Como indivíduos e administradores das instituições do Senhor, teremos de cortar necessariamente tudo quanto vise mera ostentação, pondo as despesas dentro dos estreitos limites de nossas rendas. Não são numerosas instituições, grandes edifícios ou larga ostentação o que Deus requer, mas a ação harmoniosa de um povo peculiar, um povo escolhido por Deus, e precioso" (Conselhos sobre Educação, p. 195).

8. OSTENTAÇÃO NO TESTEMUNHO
"São servos infiéis os que tentam dirigir outros, tendo a pretensão de guiar almas no caminho da santidade, enquanto sua própria vida revela o orgulho, o amor dos prazeres e da ostentação. Sua vida não está de acordo com sua profissão; sua influência é uma ofensa a Deus" (Conselhos sobre a Escola Sabatina, p. 91).

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