terça-feira, 11 de maio de 2021

ISRAEL X PALESTINA

Os últimos dias de Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, têm sido marcados pelo aumento da violência entre israelenses e palestinos. 

Jerusalém tem sido palco de semanas de agitação e violência, em uma nova escalada de tensões entre palestinos e forças de segurança israelenses que deixou pelo menos 22 mortos e mais de 300 feridos. Em meio a tensões crescentes, foguetes foram disparados de Gaza para Jerusalém na segunda-feira (10/05), provocando a evacuação do parlamento israelense em meio ao som de sirenes de emergência.

Fontes palestinas relataram na segunda-feira que, em resposta a esses lançamentos de foguetes, Israel bombardeou 130 alvos em Gaza. Autoridades palestinas dizem que o ataque matou pelo menos 22 pessoas, incluindo nove crianças. Israel afirma que 15 integrantes do grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, estão entre os mortos.

Na manhã desta terça-feira, ainda era possível ouvir o som de foguetes sendo lançados na região. Uma fonte do Hamas disse à BBC que mais de 300 foguetes foram lançados de Gaza contra Israel em 12 horas.

Conflito de origem bíblica
O conflito que se abate entre os palestinos e israelenses tem origem bíblica. Desde que Ismael nasceu, houve desconforto na casa de Abraão. Desde que Isaque nasceu, depois de Ismael, há conflito entre eles e os povos que deles descenderam.

Reza o Velho Testamento que Abraão recebeu de Deus, por volta dos 75 anos de idade, o chamado para se mudar de mala e cuia para os rincões de Canaã, com a promessa de que seus descendentes dariam origem ali a uma grande nação (Gn 12:1-5). Dez anos depois, porém, já estabelecido na nova terra, o longevo migrante ainda não havia conseguido gerar a tão esperada prole (Gn 15:1-6). Sara, a esposa, o instigou a desposar sua serva, a egípcia Agar, para fazer valer o desígnio divino – união que produziu o menino Ismael (Gn 16). Quando o rapagote completava seu 13º aniversário, Abraão, já com 99 anos, teve outro encontro com Deus, que reiterou a promessa feita anteriormente e garantiu que a posteridade de Abraão sairia das entranhas de Sara (Gn 17:15-19). Dito e feito: no ano seguinte veio ao mundo Isaac, filho do centenário porém fecundo patriarca (Gn 21:1-3).

Na festa de apresentação de Isaac, contudo, Sara viu o primogênito zombando do caçula, e ordenou ao marido que expulsasse Agar e Ismael de seus domínios. A ideia de desterrar o sangue do seu sangue não agradou a Abraão, que apenas levou a cabo a ação por ter a garantia de Deus que seu filho com a escrava também teria um destino fabuloso, iniciando outra grande nação. Assim, fornecendo um pão e um odre de água a Agar e Ismael, o patriarca mostrou-lhes o caminho da rua logo na manhã seguinte (Gn 21:8-21). Ambos erraram por algum tempo pelo deserto da Bersabéia, até que Ismael se fixou no deserto da Arábia, produzindo doze filhos – as doze tribos ismaelitas, ancestrais do povo árabe (Gn 25:12-18). Do outro lado da família, em Canaã, seu irmão Isaac teve como prole Esaú e Jacó (Gn 25:19-26). Os doze herdeiros deste último (rebatizado mais tarde de Israel) compuseram as doze tribos que deram origem ao povo hebreu (Gn 29, 30 e 35:16-22).

Ellen G. White comenta: "Separado do pai, e amargurado pela contenda e discórdia de um lar destituído do amor e temor a Deus, Ismael foi compelido a escolher a vida selvagem e pilhante de chefe do deserto, sendo sua mão contra todos e a mão de todos contra ele (Gn 16:12). Em seus últimos dias arrependeu-se de seus maus caminhos, e voltou ao Deus de seu pai; mas permaneceu o cunho de caráter dado à sua posteridade. A poderosa nação que dele descendera foi um povo turbulento, gentio, que sempre foi um incômodo e aflição aos descendentes de Isaque (Patriarcas e Profetas, p. 174).

Os árabes atacaram Judá durante o reinado de Jeorão (cf. 2Cr 21:16-17). O rei Uzias venceu os árabes (cf. 2Cr 26:1-7). Os árabes também se levantaram contra Judá durante o retorno do cativeiro pelo ministério de Neemias (Ne 2:19; 4:7; 6:1-2). Esses registros históricos tendem a confirmar a postura de hostilidade entre os descendentes de Ismael e seus irmãos “e habitará diante da face de todos os seus irmãos” (Gn 16:12).

História
Os confrontos entre judeus e palestinos têm origem na ocupação da antiga Palestina a partir do final do século 19. A região, que pertencia ao Império Otomano, era habitada por 500 mil árabes, além de integrantes de outras comunidades.

Considerada sagrada por católicos, judeus e muçulmanos, a região começou a receber um fluxo intenso de judeus após o 1º encontro sionista, em 1897, que estimulou a migração em massa para a região. A chegada desses novos moradores começou a gerar resistência das comunidades locais.

Já nessa época, judeus eram perseguidos em diversas partes da Europa. Na Rússia, as comunidades judaicas eram alvos dos chamados pogroms, com a chancela do governo czarista. Nos anos 1930, a chamada "solução final" foi adotada pelos nazistas na Alemanha, dando início ao massacre indiscriminado dos judeus em boa parte da Europa.

O projeto dos judeus era fundar o Estado de Israel, ideia que ganhou apoio principalmente após a 2ª Guerra Mundial, quando o projeto de extermínio nazista veio à tona.

Com a intensificação dos conflitos entre árabes e israelenses no então território britânico da Palestina, em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) tentou resolver o confronto propondo que o território fosse dividido em dois, com a criação de um Estado judeu e outro árabe.

Jerusalém, alvo de fortes disputas entre judeus e muçulmanos, permaneceria um "enclave internacional", gerido pela própria ONU. Os árabes recusaram a proposta.

O Estado de Israel foi criado em 14 de maio de 1948, quando na região já viviam 600 mil judeus. No dia seguinte, o novo país foi atacado pelos países árabes: Egito, Jordânia, Síria e Iraque.

Esse confronto ficou conhecido pelos judeus como Guerra de Independência e pelos árabes como An-Nakbeh (A Catástrofe). Israel não só saiu vitorioso como ampliou seu território (o que faz com que, na prática, o projeto da ONU de divisão da Palestina, com as fronteiras propostas, nunca tenha sido efetivado). Sem terras, 750 mil palestinos fugiram para países vizinhos ou foram expulsos pelas tropas israelenses.

Desde então, Israel se envolveu em vários conflitos. Em 1967, Israel derrotou Egito, Jordânia e Síria na Guerra dos Seis Dias, conquistando, de uma só vez, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golan e toda a Cisjordânia (região de maioria árabe e reclamada pela Autoridade Palestina e pela Jordânia).

Em 1973, Egito e Síria tentaram recuperar os territórios ocupados em 1967 durante a Guerra do Yom Kippur.

Intifada: a revolta palestina
Os palestinos reagiram à política expansionista israelense com as chamadas intifadas. Os árabes foram às ruas para protestar contra a ocupação israelense, que é considerada ilegal pela ONU.

Em 1987, na 1ª intifada, crianças que jogavam pedras nos tanques foram mortas por Israel, provocando a indignação da comunidade internacional.

Porém, com o apoio dos Estados Unidos, Israel segue ampliando a sua presença nos territórios ocupados, ignorando uma resolução da ONU que determina a desocupação das regiões conquistadas na Guerra dos Seis Dias.

A segunda Intifada começou em 29 de setembro de 2000 e durou quatro anos. Os conflitos deixaram milhares de mortos tanto do lado palestino quanto do israelense.

A Faixa de Gaza, que foi devolvida gradualmente aos palestinos a partir de 1994, seria cenário de novos conflitos armados entre israelenses e palestinos em 2008, 2009, 2012 e 2014, segundo a BBC.

Em junho de 2014, com o assassinato de três jovens israelenses na Cisjordânia por membros do Hamas, a tensão chegou ao seu ponto máximo e culminou com um novo conflito na Faixa de Gaza. Chamada de Operação Margem Protetora pelos israelenses, ou Guerra de Gaza de 2014, pelos palestinos, os ataques mútuos duraram até o fim de agosto, com a assinatura de um cessar-fogo. 

Em 2017, aconteceram outros confrontos em Jerusalém, alimentados em grande parte por uma tentativa de colonos judeus de reivindicar a posse de casas de famílias palestinas em Jerusalém Oriental anexada a Israel. Esse imbróglio sobre as casas vem se arrastando há anos na justiça.

Conclusão
Israel, que perdeu seus referenciais morais que Deus lhe dera, como estado moderno, tem uma estratégia para conflitos, não para a paz. Os palestinos, tem uma estratégia idêntica, e não pensam em paz. Por quê isso? Simples, eles se odeiam, um quer ver o outro banido do mapa. Eles são uma família, mas nunca conviverão. Eles jamais se sentarão numa reunião para um acordo de paz. Se o fizerem, será para pouco depois empunharem suas armas na busca de eliminar um ao outro. Um povo detesta o outro povo. Querem eliminar-se mutuamente.

Talvez não se tenha na história humana um conflito de origem familiar tão intenso e extenso quanto esse. Um conflito em que os protagonistas são os filhos de um mesmo homem, temente e fiel a Deus, que escolheram dar as costas aos ensinos ético-morais e espirituais do pai, ao decidirem patrocinar uma vida de ódio cujos resultados insistem em chamar de preço da “guerra santa”.

Palestinos e israelenses, esses dois povos, são um para o outro inimigos invencíveis e irreconciliáveis. Eles jamais se perdoarão. Jamais um aceitará o outro, jamais coexistirão em paz. Então, o que fazer? Ninguém sabe. Naquela terra onde está Jerusalém, cidade do Templo de Salomão, de onde deveria iluminar a paz ao mundo, enquanto houver habitantes não haverá paz. De lá vem o espírito de guerra sobre o mundo. Irônico, mas trágico e real. Um retrato dos efeitos do pecado sobre o ser humano.

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