As religiões já foram comparadas a uma grande montanha escalada por alpinistas que tentam chegar ao topo subindo por diferentes lados e também a inúmeras cadeias de montanhas com muitos picos e diferentes relevos. Enquanto a primeira analogia ressalta as semelhanças, a segunda destaca as diferenças. Sem dúvida, a última comparação é mais apropriada. Embora na superfície as religiões pareçam iguais, elas são muito diversas em seus ensinos, objetivos, códigos, métodos, rituais e resultados. Os fenômenos religiosos, parte do próprio tecido da sociedade, não podem ser nivelados.
Algumas manifestações religiosas são negativas e “tóxicas”. Porém, a religião de Cristo é maravilhosa! Afetando todos os aspectos da vida, ela causa impacto positivo sobre o corpo e a mente. Ajuda a ser feliz e a criar felicidade. Promove o sentimento de solidariedade, valoriza o próximo e cuida dos fragilizados. Intelectualmente honesta, ela busca a verdade e lança luz sobre a realidade. Faz o bem por ser o certo e não na tentativa de ganhar favores divinos. Sem desconsiderar a aparência exterior, seu objetivo é a transformação interior. Acima de tudo, conecta a Deus.
Verdadeira, fiel à gramática celestial, a religião saudável promove o amor, e não o ódio; a aceitação, e não o julgamento; a autenticidade, e não a hipocrisia; a autonomia, e não a coerção; a elucidação, e não o obscurecimento; a coerência, e não a incongruência; a graça, e não o legalismo; a liberdade, e não a intolerância; a flexibilidade, e não o absolutismo; o equilíbrio, e não o radicalismo; a inclusão, e não o exclusivismo; a humildade, e não a arrogância; a igualdade, e não a superioridade; a justiça, e não a injustiça; a integridade, e não a desonestidade; a generosidade, e não o egoísmo; a ética, e não a sordidez; a pureza, e não a imoralidade; a santidade, e não a impiedade; a dependência de Deus, e não a justificação própria.
Ellen White mencionou algumas vezes a “religião de Cristo” como o padrão de uma espiritualidade positiva. “A religião de Cristo representa muito mais do que o perdão do pecado. Significa remover nossos pecados e preencher o vácuo com o Espírito Santo. Significa divina iluminação, regozijo em Deus” (Olhando Para o Alto, p. 32). “Uma religião amarga, censuradora, não encontra exemplo na religião de Cristo” (p. 114). “Olhando a Jesus, a imagem de Cristo é gravada sobre a pessoa e refletida no espírito, em palavras, em verdadeiro serviço pelos nossos semelhantes. A alegria de Cristo está em nosso coração, e nossa alegria é completa. Isto é religião verdadeira” (p. 262).
Infelizmente, é possível transformar a religião em algo totalmente diferente, uma “substância” venenosa e tóxica – no nível intelectual e no âmbito prático. O apóstolo Paulo alertou que algumas pessoas estavam querendo “perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1:7). No original, o verbo “perverter” (metastrepho), que aparece apenas três vezes no Novo Testamento, tem o sentido de “corromper”, “mudar”, “distorcer”. Em Atos 2:20, o mesmo verbo é usado para indicar que o sol se transformaria em trevas. E no texto de Tiago 4:9 para falar do riso que se converte em pranto. Assim, não vamos transmutar a religião em outra coisa.
Felizmente, Cristo é o modelo de como viver a fé não tóxica. Referência em tudo, é Ele quem define o padrão da verdadeira religião.
Quando nossa noção acerca de Deus está cheia de “toxinas”, abraçamos resíduos tóxicos que afetam as pessoas ao nosso redor, e O representamos de formas que podem ser constrangedoras, desencorajadoras
ou até perturbadoras. De fato, os resíduos teológicos tóxicos têm sido
uma das ferramentas favoritas de Satanás ao longo da história. O que
a ideia de um purgatório eterno diz sobre Deus? O que a ênfase na ira
divina, com escassas referências à Sua graça, tem feito para ajudar na
maneira com que as pessoas se relacionam com Deus?
Ellen White compartilha algumas ideias intrigantes sobre isso: “É a
obra de Satanás representar o Senhor como falto de compaixão e piedade. Deturpa a verdade a Seu respeito. Enche a imaginação de ideias
errôneas relativamente a Deus e, em vez de fixarmos a mente na verdade quanto ao nosso Pai celestial, muitas vezes a demoramos nas falsidades de Satanás, e desonramos a Deus desconfiando Dele, e contra
Ele murmurando” (Caminho a Cristo, p. 116).
Em outra ocasião, ela escreveu: “A desumanidade do homem para
com o homem, eis nosso maior pecado. Muitos pensam que estão representando a justiça de Deus, ao passo que deixam inteiramente de Lhe
representar a ternura e o grande amor. Muitas vezes aqueles a quem
eles tratam com severidade e rispidez se acham sob o jugo da tentação.
Satanás está lutando com essas pessoas, e palavras ásperas, destituídas
de simpatia, desanimam-nas, fazendo-as cair presa do poder do tentador” (A Ciência do Bom Viver, p. 163).
Quando reconhecemos a grande responsabilidade que é representar Cristo diante daqueles que estão ao nosso redor, nos prostramos
aos pés de Jesus, compreendemos Sua graça
pessoalmente, nos reconciliamos com Deus
e, depois, somos transformados em reconciliadores. Concentremo-nos na bondade de Deus
e deixamos que Ele efetue a transformação e
a cura em nós e naqueles com quem nos relacionamos no dia a dia – e tudo no tempo Dele.
Então, em vez de repulsa, perplexidade ou
mágoa, talvez nossas palavras, nosso contato
com as pessoas e até a menção de nossos nomes
possam proporcionar um vislumbre vitorioso
Daquele que é invisível.
AUTOEXAME
Nos preocupamos em cultivar relacionamentos
saudáveis na família, no trabalho ou na igreja. Mas
qual foi a última vez que você refletiu sobre sua
relação com Deus? Um relacionamento com Ele se
torna “tóxico” quando você:
1. Não O coloca em primeiro lugar. Muitos até
incluem Deus na lista do que é “mais importante”,
mas não fazem Dele o primeiro, ou seja, a prioridade na vida.
2. Não se importa com suas decisões. Com o
tempo, atitudes como deixar de frequentar a igreja,
mentir ou ser desrespeitoso já não sensibilizam
mais, isto é, se tornam algo “natural”. Mesmo assim,
damos pouca importância a isso. Ao agirmos assim,
zombamos de Deus (Gl 6: 7).
3. É um “amigo” circunstancial de Deus. Ou seja,
pede que Ele entre em sua vida somente se houver
problemas e O ignora quando tudo vai bem.
4. Permite que outros se interponham entre você
e Deus. Nosso mundo está envolto em tanta tragédia
e cinismo que a crença em um Criador e Salvador
todo-poderoso parece ingênua. Ser constantemente
menosprezado por acreditar em Deus pode fazer com
que alguns se afastem Dele e cedam a argumentos
persuasivos que levam à descrença.
5. Não assume a responsabilidade. Não é saudável
ter um relacionamento com alguém que, aos nossos
olhos, é a origem de todo o mal que se coloca em
nosso caminho. Com essa mentalidade, negamos a
verdade fundamental: Deus não é responsável pelos
nossos problemas.
[via Revista Adventista]
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