Imagine ser levado perante um tribunal para responder a acusações, não por guardar o sábado, mas por viver e ensinar a mensagem adventista de saúde. O que você diria se um juiz, olhando nos seus olhos, perguntasse: “Por que os adventistas do sétimo dia priorizam tanto a promoção da saúde?” E, batendo o martelo, o juiz exigisse: “Defenda-se!” Se eu estivesse nessa situação, responderia o seguinte:
NOSSA FILOSOFIA
Meritíssimo, se me permite, o trabalho de cuidado com a saúde e de cura é o cerne da Igreja Adventista. Nossa declaração de missão diz, entre outras coisas, que “defendemos os princípios bíblicos do bem-estar do ser humano como um todo, priorizamos a vida saudável e a cura dos doentes e, por meio do nosso ministério com os pobres e oprimidos, cooperamos com o Criador em Seu trabalho compassivo de restauração”.
Além disso, meritíssimo, declaramos em nossas crenças fundamentais que, “sendo nosso corpo o templo do Espírito Santo, devemos cuidar dele de maneira inteligente. Junto com adequado exercício e repouso, devemos adotar a alimentação mais saudável possível e nos abster dos alimentos imundos identificados nas Escrituras. Visto que as bebidas alcoólicas, o fumo e o consumo irresponsável de medicamentos e narcóticos são prejudiciais ao nosso corpo, também devemos nos abster dessas coisas. Em vez disso, devemos nos empenhar em tudo que submeta nossos pensamentos e nosso corpo à disciplina de Cristo, o qual deseja nossa integridade, alegria e bem-estar” (Nisto Cremos, CPB, 2018, p. 351).
Por essa razão, senhor juiz, os adventistas não consomem fumo, álcool, drogas recreativas, nem narcóticos. Nossa denominação incentiva uma dieta vegetariana equilibrada, evitando alimentos impuros, conforme listados no Antigo Testamento. Desde o início, a promoção da saúde, integridade e bem-estar humanos fazem parte do DNA da organização.
Em 1863, por exemplo, Ellen White, cofundadora da denominação, ajudou a moldar nossa filosofia de saúde. Muito antes de a evidência médica surgir, ela já falava com veemência sobre os perigos do fumo e do álcool e alertava a respeito dos riscos de medicamentos venenosos, que tinham como base o arsênico e o mercúrio.
Ela também condenou fortemente o consumo de chá-preto, café e o uso de estimulantes, bem como a ingestão de alimentos cárneos. A pioneira adventista defendeu o cardápio vegetariano equilibrado como a melhor dieta. Além disso, incentivou o uso de água pura e limpa (por dentro e por fora), ar puro, exercícios físicos regulares, descanso, fé, exposição apropriada ao sol, integridade e apoio social. Até hoje esses princípios são a base da nossa educação e prática de saúde.
PROMOÇÃO DA TEMPERANÇA
Senhor juiz, no fim dos anos 1950 e início da década de 1960, a Igreja Adventista liderou, nos Estados Unidos, as iniciativas contra o tabagismo, desenvolvendo o famoso Plano de Como Deixar de Fumar em Cinco Dias. Esse programa foi posteriormente revisado duas vezes e agora é chamado de BreatheFree 2.0 (Respire Livre 2.0). Essa abordagem continua a ser usada pelos adventistas em várias partes do mundo.
De fato, nossa denominação tem uma longa história de promoção da temperança. Realiza constantemente esse trabalho com o apoio de organismos como a Associação Internacional de Saúde e Temperança e da Comissão Internacional para a Prevenção do Alcoolismo e da Toxicodependência, entidade fundada em 1953 e que tem atuação em mais de 120 países.
A VANTAGEM ADVENTISTA
Meritíssimo, se me permite, gostaria de acrescentar que outros já reconheceram as vantagens para a saúde que resultam do estilo de vida promovido pelos adventistas. Por exemplo, a revista Time (28 de outubro de 1966) relatou o resultado positivo do primeiro Estudo de Saúde Adventista, descrevendo os resultados como a “vantagem adventista”. Nessa pesquisa observou-se que os adventistas apresentaram redução significativa no índice de câncer e cirrose hepática.
Estudos posteriores têm mostrado um aumento expressivo na longevidade entre os que vivem o estilo de vida adventista. Os resultados das meta-análises têm sido tão convincentes que o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos alocou 19 milhões de dólares para realizar o Estudo Adventista de Saúde II, com ênfase especial nas diferenças de doenças malignas entre os adventistas e a população em geral.
Nossos princípios de saúde receberam maior visibilidade internacional após uma reportagem da revista National Geographic de novembro de 2005 classificar a comunidade adventista de Loma Linda, no sul da Califórnia (EUA), como uma das populações mais longevas e saudáveis do planeta. A matéria, que procurou investigar os segredos para se viver mais tempo, acabou resultando depois no livro Zonas Azuis: A Solução para Comer e Viver como os Povos Mais Saudáveis do Planeta (nVersos, 2018). Na obra, o jornalista Dan Buettner mostrou lugares em que as pessoas vivem saudavelmente aos 80, 90 e até 100 anos de idade.
Em 20 de fevereiro de 2009, foi a vez do portal de notícias U.S. News and World Report publicar uma matéria sobre os onze hábitos que podem levar as pessoas a viver até um século. O oitavo hábito apresentado na reportagem era: “Viva como os adventistas do sétimo dia. Os americanos que se definem como adventistas do sétimo dia têm uma expectativa média de vida de 89 anos, cerca de uma década acima da média dos americanos. [...] Os fiéis normalmente seguem uma dieta vegetariana com base em frutas, vegetais, feijões, nozes e praticam exercícios físicos diariamente.”
MINISTÉRIO DE CURA
Contudo, por melhor que tudo isso pareça, meritíssimo, mais importante do que viver alguns anos a mais é a decisão de realizar o trabalho Daquele que nos enviou (Jo 9:4). Nós, adventistas, acreditamos que Deus nos muniu de orientações importantes de como ser saudáveis, felizes e santos.
E essa mensagem nos foi confiada para ser canalizada em benefício do próximo, a fim de aliviar o sofrimento do mundo. É por isso que nossa denominação mantém sete cursos de Medicina, mais de 70 de Enfermagem, além de 783 hospitais, clínicas e ambulatórios em todo o mundo. Mais de 250 mil funcionários trabalham nos sistemas de saúde adventistas, que operam sem fins lucrativos.
Nessas unidades de saúde são atendidos anualmente mais de 22 milhões de pacientes ambulatoriais e 1,5 milhão de internos. Somente nos Estados Unidos, a rede hospitalar adventista oferece por ano mais de 1,1 bilhão de dólares em serviços médicos gratuitos.
Portanto, estou diante do senhor, acusado de ensinar, promover e me entusiasmar com a mensagem de saúde adventista, que tem como base a Bíblia, os escritos de Ellen White e pesquisas científicas sólidas. Logo, meritíssimo, declaro-me culpado!
Peter N. Landless (via Revista Adventista)
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