O nacionalismo cristão é uma tentativa de associar o cristianismo à identidade nacional. Ou seja, para ser realmente patriota, é preciso também ser cristão. O nacionalismo cristão ganha força a partir da crença de que forças hostis estão atacando uma nação até então cristã. Diante disso, supostamente os cristãos seriam chamados a reconquistar o território que sua religião perdeu. A questão se complica quando verificamos que na ideologia do nacionalismo cristão há espaço para discursos de ódio, como o antissemitismo, o racismo e a hostilidade contra minorias étnicas e religiosas.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia é absolutamente contrária ao nacionalismo cristão, pois essa ideologia confronta nossa teologia, crenças e história. Uma premissa fundamental da denominação é que suas instituições e representantes não podem se associar a nenhum partido ou ideologia política. Outro princípio é que “não devemos usar nossa influência com líderes políticos e civis para promover nossa fé ou inibir outras manifestações de fé” (Declarações da Igreja [CPB, 2012], p. 156).
Sim, os membros da igreja, individualmente, são incentivados a participar, cuidadosamente e em espírito de oração, da vida cívica, seja por meio do voto, participando do diálogo público ou até mesmo ocupando cargos eletivos. No entanto, em todas essas coisas, o membro age e fala apenas por si mesmo.
Às vezes, a Igreja Adventista fala publicamente sobre suas ideias e toma uma posição a respeito de alguma política pública que se harmoniza com nossos princípios. A liberdade religiosa, por exemplo, é uma área em que a igreja constantemente toma posições públicas. Trabalhamos intensamente para defender o direito que cada pessoa tem de seguir o que diz sua consciência. No entanto, contribuir para o debate público sobre questões específicas é radicalmente diferente das ambições do nacionalismo cristão.
Sendo assim, os adventistas não devem tentar usar o poder político para criar uma esfera pública exclusivamente cristã. Por quê? Nossa compreensão bíblica e dos escritos de Ellen White nos leva a afirmar, inequivocamente, que os esforços para legislar em favor da própria fé estão em completa oposição à natureza da verdadeira religião e à vontade de Deus. Em qualquer de suas formas e variantes, o nacionalismo cristão sempre prejudicará o testemunho do evangelho.
Bettina Krause é diretora associada do Departamento de Liberdade Religiosa e Relações Públicas da sede mundial adventista (via Adventist World).
Nota do blog: Quando o evangelho cristão é nacionalizado e se torna um instrumento cultural para governar, perde seu poder para produzir liberdade e salvação. O evangelho não deve se tornar o instrumento de um imperialismo cultural ou natural. Ao contrário, deve ser o poder para libertação de quaisquer pretensões imperialistas. Ellen G. White afirma: "As paredes do sectarismo e do nacionalismo cairão quando o verdadeiro espírito missionário penetrar no coração dos homens" (Mensagens Escolhidas 2, p. 486).
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