sábado, 6 de novembro de 2021

SOPRO

Sopro. Os últimos instantes estremeceram a ilusão de imortalidade nacional. O país chora de saudade e de susto. Tão de repente! 26 anos. Vai além do microfone silenciado, ou da mãe que não retornará para casa. Ultrapassa a sofrência, o feminejo, a fama, a carreira. Na verdade, esvazia todo mundo daquilo que, realmente, nunca preencheu: a falsa sensação de felicidade infinita. Perpétuos? Não do lado de cá. E quem ouvia (ou não) suas músicas, sente nesta hora a fugacidade, a perenidade e o sopro - que dissipa a existência humana num instante. ⁣⁣

Pense comigo. Há uma exaustão na perenidade dos sonhos. Eles não duram. São tantos óbitos, conhecidos ou não, de avião ou pandemia, que na esteira do tempo eles persistem invadindo nossos planos, segurança ou previsibilidade. Um provérbio indígena alerta: “somos como a luz de um vaga-lume na noite escura.” Passageiros de passagem rápida. Posso resumir? A morte nos nivela. Ela fecha o palco colocando todos na plateia, reféns do próximo segundo, até que ele não chegue mais. Se a vida é um sopro? Que a esperança vente mais forte. Esteja pronto. ⁣
O propósito disso aqui? "Tudo sem sentido! Sem sentido!", diz o mestre. "Nada faz sentido! Nada faz sentido!” (Ec 12:8). Porém, “agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: TEMA A DEUS e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem”(v. 13). Até quando? “Lembre-se dele, antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro” (v. 6).⁣
Que momentos assim nos cubram de alento, empatia, solidariedade e grandeza. Não só porque ela era famosa, mas por causa da fama da dor, das lágrimas e da interrupção da vida. Arrancados brutalmente da zona de conforto, que os epitáfios sejam lembretes do que vem depois. Ser humano precisa do Céu, de Deus, da eternidade. Por isso, ninguém é por acaso. Ninguém.⁣
“A vinda do Senhor tem sido em todos os séculos a esperança de Seus verdadeiros seguidores” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 302). Quem tem isso, tem tudo. Vai passar. Portanto, meus sentimentos pela tragédia, preces pelos familiares, e impaciência descontrolada pelo grande dia. Aquele! Sem mais noites. Sem mais obituários.⁣
Nem vaga-lumes momentâneos.⁣
Odailson Fonseca (via instagram)

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