terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

RAIVA E ÓDIO

Não é exagero dizer que vivemos a era da raiva e do ódio. Há uma divisa imperceptível entre a raiva, que é uma emoção e o ódio, que é um sentimento. Porém, o ódio é mais perverso que a raiva, porque é um comportamento tão primitivo quanto o amor.

A raiva não gera sofrimento duradouro, mas um estresse transitório, já o ódio provoca sofrimento crônico, como angústia e ansiedade. A raiva tem uma função necessária, que nos possibilita expor as nossas emoções negativas, mesmo assim, se mistura com o ódio.

A raiva é uma emoção que vivenciamos, mas que não tem um objeto exclusivo. Enquanto que para odiar é preciso almejar o objeto/odiado. Entretanto, surge um grave problema quando a raiva e o ódio são usados como mecanismos de proteção contra o medo, que impulsiona o uso da violência para destruir uma pessoa ou grupo.

Para o sociólogo Zygmunt Bauman, o ódio na sociedade líquida está vinculado ao medo onde as nossas conquistas são temporárias. É por isso, que não confiamos em ninguém e mantemos relações dissolúveis com as pessoas. Hoje os nossos medos se tornaram insuportáveis.

A raiva e o ódio se transformam em agressões verbais (bate-bocas e ofensas) e não verbais (brigas e vandalismo). Essas agressões são movidas por diferença de raça, social, econômica, gênero, sexo, religião, ideologia e até pessoal, tornando as pessoas e grupos inimigos comuns, que se destroem numa relação de perseguidos/perseguidores.

A raiva e o ódio também são usados como instrumentos de poder, que têm a paixão em lesar a vida e o prazer em alimentar as diferenças entre “nós” e “eles.” O discurso de ódio parece que fornece uma sensação de alívio, por ter a oportunidade de descarregar a hostilidade reprimida.

Segundo o psicanalista Erich Fromm, o ódio pode materializar-se diante de uma ameaça realista ou irreal. E por trás disso estão o preconceito, a intolerância e o egoísmo, que podem causar sofrimento ou destruição dos que são diferentes do “meu eu” e do “meu grupo.”

Portanto, se a raiva e o ódio virar – um estilo vida – necessitarão nutrir relações levianas, impor a dominação, exigir a obediência, infligir o remorso e estabelecer a falta de empatia. Essa destrutividade é o produto da vida não vivida, que é fonte que provém de variadas manifestações do mal.

Assim que notarmos que estamos na mira das “armadilhas” da raiva e do ódio, a melhor coisa é afastar-se firmemente. Temos a escolha entre a vida e a morte, bem como a capacidade de perceber que essa é uma realidade insana, que gera transtorno físico e desequilíbrio psíquico e espiritual.

Enfim, não devemos nos acostumar com a raiva e o ódio, porque deixam dolorosas cicatrizes na mente e no coração das pessoas, como alertou Salomão: “Não se junte com pessoas odiosas, nem frequente a casa de gente raivosa. Você poderia acostumar-se como o modo delas e criar armadilhas para si mesmo” (Pv 22:24, 25).

Segue abaixo alguns conselhos de Ellen G. White encontrados na Meditação Matinal - Nossa Alta Vocação (p. 231) e no livro O Lar Adventista (p. 437) para que possamos controlar nossa raiva e ódio:

1. Cumpre submetermos um temperamento impulsivo, e dominar nossas palavras; e a esse respeito conseguiremos grandes vitórias. A menos que controlemos nossas palavras e nosso temperamento, somos escravos de Satanás. Achamo-nos sujeitos a ele. Ele nos leva cativos. Todas as palavras de altercação, palavras desagradáveis, impacientes, irritadas, são uma oferta feita a sua satânica majestade. E é uma custosa oferta, mais custosa do que qualquer sacrifício que possamos fazer a Deus; pois ela destrói a paz e a felicidade de famílias inteiras, destrói a saúde, e é afinal causa de perder-se uma vida eterna de felicidade.

2. Como Satanás exulta quando é capaz de pôr a alma no máximo calor da ira! Um relance de olhos, um gesto, uma entonação, podem ser apanhados e empregados, como a seta de Satanás, para ferir e envenenar o coração aberto para recebê-la. Dando a pessoa uma vez lugar ao espírito irado, fica tão intoxicada como aquele que levou o copo à boca.

3. Cristo trata a ira como homicídio. Palavras impetuosas são um cheiro de morte para morte. Aquele que as profere não está cooperando com Deus para salvar seus semelhantes. No Céu esse ímpio injuriar é posto na mesma lista do praguejar comum. Enquanto for acariciado o ódio no coração, não há aí um jota do amor de Deus.

4. Ao sentirdes surgir um espírito irado, apoderai-vos firmemente de Jesus Cristo pela fé. Não profirais uma palavra. O perigo jaz na emissão de uma só palavra quando estais irados, pois seguir-se-á uma sequência de frases impetuosas.

5. O homem que dá lugar à loucura proferindo palavras de paixão, dá um falso testemunho; pois nunca ele é justo. Exagera todo defeito que julga ver; é demasiado cego e irrazoável para se convencer de sua loucura. Transgride os mandamentos de Deus, e sua imaginação é pervertida pela inspiração de Satanás. Não sabe o que está fazendo. Cego e surdo, permite que Satanás tome o leme e o guie aonde lhe aprouver. Abre-se então a porta à malevolência, à inveja, e às ruins suspeitas, e a pobre vítima é desamparadamente levada. Há, porém, esperança enquanto duram as horas da graça, mediante a graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

6. Não devemos nunca perder o controle sobre nós mesmos. Tenhamos sempre presente o Modelo perfeito. É pecado falar impacientemente, com irritação, ou sentir ira mesmo que não a expressemos. Devemos andar dignamente, dando uma justa representação de Cristo. O pronunciar uma palavra irada é como um seixo atritando outro: imediatamente promove sentimentos de raiva. Não sejais nunca um ouriço de castanheiro.

7. Procurai que dEle sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz” (2 Pedro 3:14). Esta é a norma pela qual todo cristão se deve esforçar, não em sua própria capacidade, mas pela graça que lhe é dada por Jesus Cristo. Lutemos pelo domínio sobre todo pecado, e sejamos capazes de controlar toda expressão impaciente, irritada.

[Com informações de Conti Outra]

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