O tempo nunca foi um problema para a soberania de Deus. “Aquele que é, que era e que há de vir” (Ap 1:8) impera sobre as categorias temporais, tendo o poder de alterar o passado, interferir no presente e revelar o futuro. Aliás, o primeiro elemento da criação a ser considerado santo foi justamente o tempo, quando o Criador separou o sétimo dia de forma especial (Gn 2:3). Assim, o Senhor é um Ser atemporal; Ele está acima de qualquer cronologia, pois Se intitula o “Pai da eternidade” (Is 9:6).
Viajar no tempo sempre foi um sonho acalentado, se não por todos, pelo menos pelos cientistas mais ousados em suas teorias e pesquisas. A literatura, os filmes e séries de ficção (tal como “A Máquina do Tempo”, do escritor inglês H. G. Wells; "De Volta para o Futuro", de Robert Zemeckis; "Questão de Tempo”, de Richard Curtis; "Os 12 Macacos" de Terry Gilliam; "Efeito Borboleta", de Eric Bress e J. Mackye Gruber; "O Túnel do Tempo", de Irwin Allen; "Outlander", de Diana Gabaldon; etc) revelam o desejo humano de controlar o “deus” tempo, seja retornando ao passado ou se projetando para o futuro. A realidade, porém, é que tal empreendimento constitui especulação, possível somente do ponto de vista teórico. Mas quem não gostaria de “viajar no tempo”? Deus nos garante essa possibilidade espiritual por meio de Jesus - o “Portal” que somos convidados a atravessar (ver João 10:9).
Quando “atravessamos” Jesus, a primeira alteração diz respeito ao nosso passado. Cristo vai conosco ao mais longínquo instante de nossa vida, até mesmo à “pré-história” da existência, para visitar todos os nossos momentos – na maioria, escuros e tristes. Mas, como Senhor do tempo, Ele altera o que ficou para trás e cancela por Sua autoridade salvífica o efeito danoso de um passado pecador. Isso se chama perdão ou justificação (ver Mq 7:19, 20).
Trazendo-nos de volta ao presente, Jesus concede aos que viajam com Ele um novo viver, no qual cada segundo é experimentado como se o ser humano estivesse continuamente na presença de Deus. Vive-se em novidade de vida (ver 2Co. 5:17). Isso é santificação.
Enfim, promete-se aos “viajantes do tempo” um vislumbre do glorioso futuro (Dn 2:22, 28), em que a expectativa profética e o sonho dos filhos de Deus darão lugar à realidade do prometido Reino, culminando na glorificação.
Martin Luther King Jr. foi um desses “embaixadores do futuro”. Em 3 de abril de 1968, ele vislumbrou o futuro que se insinuava no horizonte temporal. Em suas últimas palavras, antes de morrer, declarou: “Eu estive lá, no alto da montanha. Isso não importa. Eu gostaria de viver bastante, como todo o mundo, mas não estou preocupado com isso agora. Só quero cumprir a vontade de Deus, e Ele me deixou subir a montanha. Eu olhei de cima e vi a terra prometida. Talvez eu não chegue lá, mas quero que saibam hoje que nós, como povo, teremos uma terra prometida. Por isso estou feliz esta noite. Nada me preocupa, não temo ninguém. Vi com meus olhos a glória da chegada do Senhor".
Ellen White foi também levada em visão para o futuro, quando os redimidos entrarão na Nova Jerusalém: “Os portões de pérola da Nova Jerusalém são abertos, revolvendo-se em seus resplandecentes gonzos, e ouve-se a agradável e jubilosa voz do adorável Jesus, mais melodiosa do que qualquer música que já chegou aos ouvidos mortais, convidando-nos a entrar" (Carta 3, 1851).
Somos temporais, somos mortais; contudo, para a pessoa que escolhe viajar com Jesus, o presente significa o começo da eternidade. Sendo assim, o tempo não mais amedronta; é apenas um lapso que cederá lugar ao dia eterno. Entre na “máquina do tempo” para uma viagem com o Senhor da sua história. NEle, tudo se renova no kairós – o tempo de Deus.
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8).
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