quarta-feira, 30 de março de 2022

CHANCE PARA LÚCIFER?

Apocalipse 12:7-12 parece aludir a duas expulsões de Satanás: a primeira, antes da criação de nosso planeta, foi uma expulsão física de sua habitação celeste (v. 7-9); a segunda foi uma expulsão moral por ocasião da morte de Cristo (v. 11). Porém, mesmo expulso de sua habitação celeste, é possível que Satanás participasse de reuniões ocorridas no Céu ou em qualquer mundo habitado como representante da raça humana. Após a morte e ressurreição de Jesus, Cristo é quem nos representa.

Não sabemos exatamente onde aconteceram as reuniões do Senhor com os “filhos de Deus” (possivelmente uma referência a anjos ou a seres de outros mundos), mencionadas nos capítulos 1 e 2 de Jó. Tais reuniões não devem ter sido na Terra, pois, se tivessem sido, não teria sentido a pergunta de Deus a Satanás: “De onde vens?” (Jó 1:7; 2:2). As reuniões podem ter acontecido no Céu ou em qualquer outro lugar do vasto Universo. Que Lúcifer tivesse e parece ainda ter acesso a outros mundos pode ser inferido de Apocalipse 20, onde é dito que durante o milênio Satanás ficará preso no planeta Terra. Só então ele não poderá visitar nem perturbar habitantes de mundos não caídos (ver o Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 897).

Com respeito à chance de salvação, deve-se dizer que, após a expulsão, não mais houve essa possibilidade para Lúcifer e seus anjos. Ellen White esclarece que o tempo da graça para eles esgotou-se com a expulsão deles do Céu:

"Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Lúcifer. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse" (O Grande Conflito, pp. 495-496).

“Não havia possibilidade de esperança de redenção para estes que haviam testemunhado e compartilhado da glória inexprimível do Céu, tinham visto a terrível majestade de Deus e, em face de toda esta glória, ainda se rebelaram contra Ele. Não haveria novas e maravilhosas exibições do exaltado poder de Deus que os pudessem impressionar tão profundamente como aquelas que já haviam testemunhado” (No Deserto da Tentação, pp. 25 e 26).

Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível. Ellen White assim descreve:

"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. Antes de sua queda nenhuma sombra de descontentamento tinha turbado sua perfeita alegria. Agora, tudo parecia mudado. As faces que tinham refletido a imagem de seu Criador estavam melancólicas e em desespero. Conflito, discórdia e ásperas recriminações existiam entre eles. Antes de sua rebelião, esses acontecimentos eram desconhecidos no Céu. Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Ele estremecia e temia encarar o futuro e contemplar o fim dessas coisas. Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade.

Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar mas não podia perdoar.

Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado. Não era possível que seu amor por Deus tivesse aumentado tanto desde a queda, que o levasse a uma alegre submissão e feliz obediência à Sua lei, por ele desprezada. A desgraça que experimentara em perder a doce luz do Céu, o senso de culpa que o oprimia, o desapontamento que sentiu em não ver realizadas suas esperanças, foram a causa de sua dor. Ser comandante fora do Céu era vastamente diferente de ser assim honrado no Céu. A perda que sofreu de todos os privilégios celestiais parecia demais para suportar. Desejava recuperá-los.

Esta grande mudança de posição não tinha aumentado seu amor por Deus, nem por Sua sábia e justa lei. Quando Satanás se tornou plenamente convencido de que não havia possibilidade de ser reintegrado no favor de Deus, manifestou sua maldade com aumentado ódio e feroz veemência.

Deus sabia que tão determinada rebelião não permaneceria inativa. Satanás inventaria meios para importunar os anjos celestiais e mostrar desdém por Sua autoridade. Como não podia ser admitido no interior dos portais celestes, aguardaria mesmo à entrada, para escarnecer dos anjos e procurar contender com eles ao passarem. Procuraria destruir a felicidade de Adão e Eva. Esforçar-se-ia por incitá-los à rebelião, sabendo que isto causaria tristeza no Céu" (História da Redenção, p. 24-27).

O apóstolo Judas falou sobre a expulsão e o destino desse poderoso anjo e de seus simpatizantes quando mencionou que eles “abandonaram o seu próprio domicílio” e Deus os “tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (verso 6). Ou seja, após a expulsão de Lúcifer e seus anjos, o que lhes está reservado é a destruição.

Se é triste saber que Satanás e seus anjos não mais têm chance de salvação, é grato saber que para os seres humanos ainda há essa oportunidade. O apóstolo Paulo foi claro em dizer que agora é “o tempo sobremodo oportuno” e “o dia da salvação” (2Co 6:2). Que possamos aproveitar o oferecimento de salvação enquanto ainda é possível, atendendo ao conselho divino: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6).

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