Em 1992, o autor norte-americano Neal Town Stephenson, lançou um romance de ficção científica intitulado Snow Crash. No livro, de quase 500 páginas, o autor descreve pessoas que usavam avatares digitais de si mesmas para explorar um universo online. Na narrativa, as personagens podiam se deslocar, através desses avatares, por este universo virtual concebido à partir de um evoluído sistema de computação gráfica 3D, numa experiência incrivelmente realista, a ponto de permitir que as pessoas fugissem de sua realidade, muitas vezes, infeliz. Segundo diversos autores e articulistas, foi nesse livro que surgiu pela primeira vez a expressão “metaverso”, termo que ganhou enorme repercussão quando Mark Zuckerberg (criador do Facebook) anunciou, em 28 de outubro de 2021, a mudança do nome da sua empresa para Meta.
A mudança se justifica na projeção de que, num futuro próximo, a internet e a tecnologia permitirão que haja uma nova realidade, e como ele disse na carta de anúncio: “Você será capaz de se teletransportar instantaneamente, como um holograma, para estar no escritório sem pegar trânsito, num show com amigos, na sala de estar dos seus pais para bater um papo”. Sendo assim, a ideia do metaverso consiste no entendimento de que há uma realidade paralela, informações, experiências disponíveis que não podem ser percebidas, acessadas ou experimentadas a menos que se tenha internet de última geração e equipamentos que auxiliem nesta conexão. Por isso, o mercado, a ciência, as Big Techs (Meta, Amazon, Google, Apple, Netflix) estão investindo pesado na construção dessa nova experiência de vida e de consumo.
Embora Neal Stephenson tenha falado do metaverso em 1992, fato é que a Bíblia já falava muito antes a respeito de uma realidade paralela muito mais real e com implicações muito mais profundas para a existência humana. Pense no livro de Jó por exemplo, tido por muitos como sendo o primeiro livro escrito da Bíblia. Nos primeiros versos (Jó 1:1-5), lemos a descrição material da vida de Jó. Ali temos informação de quem ele era, de sua família e de seus bens. Jó é apresentado em suas características morais: íntegro, reto, temente a Deus, alguém que se desviava do mal. Mas logo em seguida a cena muda, e uma outra realidade é apresentada (Jó 1:6-12). Enquanto Jó estava na sua rotina, uma conversa acontecia em algum lugar no universo. Um diálogo entre Deus e Satanás, onde Jó foi incluído, e aquilo mudou definitivamente sua rotina, sua vida.
Outro exemplo é quando lemos a descrição do nascimento de Jesus (Mt 1:18-2:12). Lá encontramos José e Maria em Belém, temos a descrição da estrebaria, da manjedoura, dos visitantes do Oriente e das más intenções de Herodes em relação ao menino Jesus, que é levado por seus pais ao Egito a fim de escapar do decreto de morte imposto pelo governante (Mt 2:16-18). Isso é o que acontece no mundo real, mas e no mundo espiritual? Se você ler Apocalipse 12:1-5, verá a descrição do que de fato estava acontecendo. Ali temos o dragão, o inimigo de Deus que persegue uma mulher que está prestes a dar à luz. O dragão a persegue a fim de devorar a criança, percebe? A Bíblia apresenta essa realidade paralela, um mundo espiritual que não pode ser visto por olhos físicos, mas que é real e tem implicações cruciais para nossa vida. Se aconteceu com personagens bíblicos, pode se aplicar em certa medida a todos.
É por isso que Paulo nos aconselha em 2 Coríntios 4:18 “Na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas”. Nesse texto ele nos convida não apenas a estarmos conscientes da realidade que nos cerca, mas a darmos atenção, a observarmos essa realidade paralela, o mundo espiritual. Para isso você vai precisar de um equipamento de última geração chamado “fé”. Lembre-se que próprio Paulo disse: “o meu justo viverá pela fé” (Hb 10:38). Ou seja, precisamos acreditar na Palavra de Deus, acreditar na Sua revelação e usar a lente da fé para enxergar a realidade. Parar de dar atenção exagerada àquilo que é material e nos concentrar no que é espiritual, afinal de contas o material passa e o espiritual é o que permanece.
Sendo assim, todas as situações de nossa vida têm um motivo para acontecer. Algumas delas revelam intenções de Satanás para nos destruir, outros, porém, são iniciativas de Deus para nos salvar, nos redimir. Uma música que nos sensibiliza, um post que nos surpreende, um sermão que nos emociona, um convite para um culto, são acontecimentos que trazem consigo a intenção de Deus para nos salvar. Se a Bíblia diz que nosso inimigo nos ronda como leão (1Pd 5:8), ela também diz que Deus nos cerca, nos protege e nos ama (Sl 139:5). Creia nisso, esteja consciente da realidade desse metaverso espiritual que nos cerca e busque conexão profunda e estável com Deus. De forma objetiva? Separe tempo e lugar para estar sozinho com Ele em oração, estude a Bíblia e não descuide do estudo da lição da Escola Sabatina. Compartilhe com outros a sua experiência. A fórmula é conhecida, não é? Então pratique, confie, o plano de Deus se cumprirá em sua vida.
“A entrega tem que ser completa. Toda alma fraca, em dúvida, que luta para se render inteiramente ao Senhor, é posta em contato direto com as agências que a habilitarão a vencer. O Céu lhe está próximo, e ela é sustentada e socorrida por anjos de misericórdia em todas as ocasiões de lutas e necessidade” (Ellen G. White - Atos dos Apóstolos, p. 157).
Pr. Jairo Souza (via Revista Ação Jovem)
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