segunda-feira, 27 de março de 2023

CRISTÃOS DE VIDA DUPLA

Algumas pessoas levam uma vida dupla - uma é a vida pública, considerada "verdadeira", e a outra é a vida escondida, que deve ser mantida em segredo. Entretanto, por que alguns indivíduos se comportam assim? James Harvey Robinson (1863-1936) sugeriu: "O discurso dá ao ser humano um poder único de viver uma vida dupla, na qual se diz uma coisa e faz outra." De modo geral, vidas e discursos duplos normalmente derivam da tendência humana de acobertar comportamentos pecaminosos e imorais. Há muitas maneiras de desenvolver uma vida paralela, escondida.

Charles H. Spurgeon, em seu livro John Ploughman's Talk (Conversa de John Ploughman), traz um capítulo intitulado "Homens com Duas Faces", no qual adverte: "Em alguns homens, só se pode confiar enquanto eles podem ser vistos, e não além, pois novas companhias os transformam em pessoas diferentes. Assim como a água, eles fervem ou congelam de acordo com a temperatura." E acrescenta: "Não são todos que frequentam a igreja ou os cultos que oram de verdade, nem são aqueles que cantam mais alto os que mais louvam a Deus, nem os que mostram as expressões faciais mais chamativas que mais anseiam pelo Senhor." Ellen White diz: "O cristão ‘superficial’ pode não se distinguir agora com facilidade dos verdadeiros cristãos, mas está às portas o momento em que a diferença será evidente" (Um Convite à Diferença, p. 102).

Realmente não sei até que ponto você tende a levar uma vida dupla. Talvez esse não seja seu caso. Mas se você tem permitido que um pecado acariciado corroa sua integridade moral e espiritual, gostaria de convidá-lo a entregar sua vida particular ao Senhor hoje, pedindo-lhe forças para vencer suas fraquezas. Se possível, busque aconselhamento pastoral. Ellen White adverte: "Há grande necessidade de íntimo exame de consciência à luz da Palavra de Deus. Que cada um faça a pergunta: 'Sou correto, ou corrupto de coração? Estou renascido em Cristo, ou tenho ainda coração carnal, com nova roupagem exterior?' Detenham-se no grande tribunal, e à luz de Deus verifiquem se há algum pecado secreto que estão acariciando" (Testemunhos para a Igreja 2, p. 144).

Na vida espiritual, não há nada pior que a falta de autenticidade e compromisso. Não dá para cantar na igreja de manhã e frequentar a balada de noite. Não dá para meditar na Palavra de Deus ao acordar e gastar tempo com leituras ou imagens impróprias antes de dormir. Não dá para bendizer as obras de Deus com a mesma língua que usamos para amaldiçoar a vida daqueles que odiamos, sabendo que, apesar de tudo, Deus os ama. Isso gera uma dissonância cognitiva que o inimigo de Deus usará para nos derrubar.

Foi isso o que ocorreu com Pedro. O ponto fraco dele era o amor exagerado à pátria. Pedro era uma pessoa disposta a combater ainda que tivesse que usar as armas. No Getsêmani, ele sacou a espada para defender Jesus dos guardas do templo e dos soldados romanos. Pedro era incapaz de entender que a missão de Cristo não era livrar a nação judaica do domínio romano, mas libertar o mundo inteiro da escravidão do pecado. Isso fez dele um instrumento do mal para tentar desviar Jesus da vontade de Deus.

É assim que nos tornamos pedra de tropeço: quando o amor que temos por nossas ideias supera o amor a Deus; quando nossa mornidão se torna uma censura àqueles que são mais fervorosos que nós; quando usamos experiência, títulos, prestígio e oportunidades para, de maneira dissimulada, desfazer de quem discorda de nós, mesmo sabendo que, no fundo, poderiam estar certos. Comportamo-nos como “agentes duplos”: combatemos aqueles que deveríamos considerar aliados, da mesma forma como Pedro se opôs a Jesus em vez de se submeter e se unir a Ele.

Conta-se que certo homem de meia-idade tinha duas mulheres: uma jovem e outra bem mais velha. Quando estava com a jovem, ela arrancava os cabelos brancos dele, para que parecesse ter menos idade. Quando, porém, estava com a mais velha, ela lhe arrancava os cabelos pretos, para que ele aparentasse ser mais velho. Como resultado, o homem ficou careca! O fundo moral dessa parábola também pode ser aplicado a nós: Nenhum cristão verdadeiro deve manter uma vida dupla. Pedro demorou, mas entendeu isso. Ele finalmente se arrependeu e se entregou de corpo e alma ao Salvador. E você? O que fará?

O conselho inspirado para hoje é: "Aproximem-se de Deus, e Ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração" (Tiago 4:8, NVI). O Senhor é capaz de trazer consistência a suas tendências inconsistentes, para que sua vida particular entre em plena harmonia com sua imagem pública. O preço que você pagará ao abrir mão de seus pecados não é nada em comparação à paz de espírito que irá ganhar!

Finalizo com este alerta de Ellen White: "Cuidado com os adiamentos! Não deixe para depois a decisão de abandonar seus pecados e buscar a pureza de coração através de Jesus. É nesse ponto que milhares têm errado, e se perderão para sempre. O pecado, por menor que possa parecer, implica risco de perda da vida eterna. Aquilo que não vencermos acabará por nos vencer, e causará a nossa destruição" (Caminho a Cristo, p. 22).

Portanto... viver uma vida dupla vai levá-lo a lugar nenhum duas vezes mais depressa.

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