Muitas pessoas veem a religião como uma mera atividade espiritual interessante, limitada ao tempo semanal que passam dentro da igreja. Contudo, para os cristãos verdadeiros, a religião é um compromisso incondicional e contínuo com Jesus, que não se limita a tempo nem a local específico. Se tivermos “a mente do Senhor” (1Co 2:16), nunca iremos a nenhum lugar vulgar que Ele não aprove nem nos exporemos a qualquer coisa que O tire de nosso coração. Em vez disso, encheremos nossa mente a todo instante com tudo que for verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e de boa fama (Fp 4:8).
Somos seres humanos, não máquinas; por isso, ocasionalmente necessitamos deixar de lado nossas atividades regulares exaustivas e dedicar tempo ao relaxamento e à recreação. Até Cristo convidou Seus discípulos: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6:31, NVI). No entanto, existe um contraste significativo entre as frenéticas diversões mundanas e a recreação cristã que traz refrigério.
Paulo nos aconselha: “Fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31). Por isso, reflita sobre como você gasta seu tempo livre e como pode trazer esses momentos para mais perto do ideal divino para sua vida. Princípios e diretrizes úteis a esse respeito podem ser encontrados nos textos abaixo de Ellen G. White:
É privilégio e dever dos cristãos procurar revigorar o espírito e fortalecer o corpo através de inocente recreação, com o propósito de usar as energias físicas e mentais para a glória de Deus. Nossas recreações não devem ser cenas de alegria irracional, tomando a forma do ridículo. Podemos conduzi-las de maneira a beneficiar e elevar aqueles com quem nos relacionamos, e habilitando melhor a nós e aos outros para desempenharmos com mais sucesso os deveres que nos cabem como cristãos. Não podemos ser desculpados diante de Deus se nos envolvemos em diversões que têm a tendência de nos incapacitar para o fiel cumprimento dos deveres comuns da vida, diminuindo assim nosso gosto pela contemplação de Deus e das coisas celestiais. (1)
Toda diversão em que vos puderdes empenhar pedindo sobre ela, com fé, a bênção de Deus, não será perigosa. Mas todo divertimento que vos torna inaptos para a oração particular, para a devoção no altar da oração, ou para tomar parte nas reuniões de oração, não é seguro, mas perigoso. O verdadeiro cristão não desejará entrar em nenhum lugar de diversão, nem envolver-se em nenhum entretenimento sobre o qual não possa pedir a bênção de Deus. (2)
Mas é necessário haver grande temperança nas diversões, bem como em qualquer outra ocupação. E o caráter desses entretenimentos deve ser cuidadosa e cabalmente considerado. Todo jovem deve perguntar-se a si mesmo: Que efeito terão essas diversões na saúde física, mental e moral? Ficará meu espírito tão absorvido que me esqueça de Deus? Deixarei de ter em mente a Sua glória? (3)
Todas as energias de Satanás são postas em operação para prender a atenção em diversões fúteis, e ele está conseguindo seu objetivo. Está interpondo seus artifícios entre Deus e a pessoa. Ele forjará divertimentos a fim de impedir os homens de pensarem a respeito de Deus. O mundo está de contínuo sedento de alguma novidade; quão pouco tempo e pensamento, no entanto, se dedicam ao Criador dos céus e da Terra! (4)
As horas tantas vezes gastas em divertimentos que não refrigeram nem o corpo e nem a alma devem ser despendidas em visitas aos pobres, enfermos e sofredores, ou em procurar ajudar alguém que esteja em necessidade. (5)
Divertimentos e gasto de meios para satisfação própria, que levam passo a passo à glorificação do eu, bem como o treinamento nesses jogos para obtenção de prazer produzem amor e paixão pelas coisas que não favorecem o aperfeiçoamento do caráter cristão. (6)
Os jovens geralmente se conduzem como se as preciosas horas da graça, enquanto a miséria se estende, fossem um grande feriado e eles tivessem sido postos no mundo meramente para entretenimento próprio, para fruir uma contínua sucessão de incitamento. Satanás tem feito esforços especiais para induzi-los a buscar a felicidade em diversões mundanas, e justificar-se procurando mostrar que esses divertimentos são inofensivos, inocentes, e mesmo importantes para a conservação da saúde. (7)
Inventa-se tudo o que possa desviar a mente do que é nobre e puro, e quase se atinge a linha divisória em que os habitantes da Terra serão tão corruptos como os habitantes do mundo antes do dilúvio. Muitos parecem não apreciar o fato de que o dinheiro que desnecessariamente gastam em divertimentos que somente perturbam a mente e lançam o fundamento para a corrupção de seus costumes, é dinheiro que pertence ao Senhor. Os que usam o dinheiro para satisfazer o eu estão alegrando e glorificando ao inimigo de toda justiça. Se voltassem o coração para Deus, usariam seu dinheiro para abençoar e elevar aos seus semelhantes, para aliviar a pobreza e o sofrimento. (8)
Há diferença entre recreação e divertimento. A recreação, na verdadeira acepção do termo - recriação - tende a fortalecer e construir. Afastando-nos de nossos cuidados e ocupações usuais, proporciona descanso ao espírito e ao corpo, e assim nos habilita a voltar com novo vigor ao sério trabalho da vida. O divertimento, por outro lado, é procurado com o fim de proporcionar prazer, e é muitas vezes levado ao excesso; absorve as energias que são necessárias para o trabalho útil, e desta maneira se revela um estorvo ao verdadeiro êxito da vida. (9)
O caráter e o controle de vida de um cristão acham-se em significativo contraste com o dos mundanos. O cristão não pode encontrar prazer nos divertimentos e nas várias cenas de vulgar alegria do mundo. Mais altas e santas atrações lhe prendem o afeto. Os cristãos mostrarão que são amigos de Deus mediante sua obediência. (10)
Um serviço a meio, amando o mundo, amando o eu, amando divertimentos frívolos, faz um servo tímido, covarde; segue a Jesus de longe. O serviço feito de boa vontade e de coração a Jesus, produz uma religião radiante. Os que seguem a Cristo bem de perto não se mostram sombrios. Em Cristo há luz, paz e alegria permanentes. Necessitamos mais de Cristo e menos do mundo, mais de Cristo e menos do próprio eu. (11)
A vida de Jesus foi cheia de atividade, e Ele Se exercitou na prática de variadas tarefas, em harmonia com Sua força física e desenvolvimento. Realizando a obra que Lhe estava indicada, não tinha Ele tempo para participar de divertimentos estimulantes e inúteis. Não tomava parte naquilo que pudesse envenenar a moral e rebaixar o tono físico, mas foi educado no trabalho útil e até para resistir a durezas. (12)
Muitos dos divertimentos populares no mundo hoje, mesmo entre aqueles que pretendem ser cristãos, propendem para os mesmos fins que os dos gentios, outrora. Poucos há na verdade entre eles que Satanás não torne responsáveis pela destruição de almas. (13)
Nesta fase do mundo há uma busca de prazeres sem precedentes. Dissipação e absurda extravagância prevalecem por toda parte. As multidões estão famintas por divertimentos. A mente torna-se frívola e vulgar por não estar acostumada à meditação nem disciplinada para o estudo. É corrente o sentimentalismo ignorante. Deus exige que cada alma seja disciplinada, refinada, elevada e enobrecida. Mas não raro toda aquisição de valor é negligenciada pelo exibicionismo da moda e os prazeres superficiais. (14)
Os divertimentos emocionantes de nosso tempo mantêm a mente de homens e mulheres, porém mais especialmente da juventude, numa febre de agitação, que lhes consome a reserva de vitalidade numa medida muito maior que o estudo e os trabalhos físicos, e cuja tendência é amesquinhar o intelecto e corromper a moral. (15)
Satanás é um obreiro perseverante, um astucioso e mortal inimigo. Sempre que é proferida uma palavra incauta, seja de lisonja, seja no sentido de fazer um jovem olhar a algum pecado com menos aversão, ele disto se aproveita, nutrindo a má semente, a fim de que se enraíze e venha a dar farta colheita. Ele é, em todos os sentidos da palavra, um enganador, um hábil encantador. Possui muitas redes finamente tecidas, de inocente aparência, mas astutamente preparadas para emaranhar os jovens e os desprevenidos. A mente natural tende ao prazer e à satisfação do próprio eu. É o método de Satanás encher a mente de desejo em torno dos divertimentos mundanos, de modo a não haver tempo para a pergunta: Como vai minha alma? (16)
Os que amam a vida social frequentemente condescendem com esse traço até que ele se torna uma paixão dominante. Vestir-se, ir a lugares de diversão, rir e conversar sobre assuntos totalmente superficiais tornam-se o objetivo de sua vida. Não podem suportar ler a Bíblia e meditar nas coisas celestiais. Sentem-se infelizes, a menos que haja algo que traga agitação. Não possuem em si mesmos o poder de ser felizes; mas dependem da companhia de outros jovens tão imprudentes e indiferentes como eles para alcançar sua felicidade. Entregam à insensatez as energias que poderiam ser dirigidas para nobres propósitos. (17)
Referências
1. Mensagens aos Jovens, p. 364
2. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 337
3. O Lar Adventista, p. 512
4. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 456
5. Beneficência Social, p. 76
6. O Lar Adventista, p. 499
7. Conselhos para a Igreja, p. 167
8. Conselhos sobre Mordomia, p. 84
9. Educação, p. 207
10. Nossa Alta Vocação, p. 147
11. Manuscrito 1, 1867
12. O Lar Adventista, p. 506
13. Patriarcas e Profetas, p. 459
14. O Lar Adventista, p. 521
15. The Health Reformer, Dezembro de 1872
16. Mensagens aos Jovens, p. 373
17. Só para Jovens, p. 99
Nenhum comentário:
Postar um comentário