Os conceitos incorporados no que se conhece hoje como os sete pecados capitais tratam de uma classificação de condições humanas conhecidas atualmente como vícios, que precedem o surgimento do cristianismo, mas que foram usadas mais tarde pelo catolicismo com o intuito de educar os seguidores, de forma a compreender e controlar os instintos básicos do ser humano e assim se aproximar de Deus.
A lista final, apresentada no século XIII, é a versão aprimorada de uma primeira versão, datada do século IV. Todo esse esforço em descrever defeitos de conduta tinha um motivo: facilitar o cumprimento dos Dez Mandamentos. O termo “capital” deriva do latim caput, que significa cabeça, líder ou chefe, o que quer dizer que as sete infrações, segundo a tradição católica, são as “líderes” de todas as outras. A Bíblia não diz isso, mas concorda que são pecados e devem ser evitados.
Vejamos a definição de pecado para Ellen G. White: "Que há de levar o pecador ao reconhecimento de seus pecados a não ser que ele saiba o que é o pecado? A única definição de pecado na Palavra de Deus nos é dada em 1 João 3:4: 'Pecado é o quebrantamento da Lei.' É preciso fazer o pecador sentir que é um transgressor. Cristo a morrer na cruz do Calvário atrai-lhe a atenção. Por que morreu Cristo? Porque era o único meio de salvar o homem. ... Ele tomou sobre Si nossos pecados a fim de poder creditar Sua justiça a todos quantos nEle cressem. ... A bondade e o amor de Deus levou o pecador ao arrependimento para com Deus e fé para com nosso Senhor Jesus Cristo. O pecador despertado... é encaminhado para a lei que transgrediu. Ela o chama ao arrependimento, todavia não há propriedade salvadora na lei para perdoar a transgressão da lei, e seu caso parece desenganado. A lei, porém, atrai-o a Cristo. Embora profundos seus pecados de transgressão, o sangue de Cristo pode purificá-lo de todo pecado" (Nossa Alta Vocação, p. 136).
A Igreja Católica até tentou oferecer soluções para os pecados capitais, criando uma lista de sete virtudes fundamentais – humildade, disciplina, caridade, castidade, paciência, generosidade e temperança -, mas os pecados acabaram ficando mais famosos. A Bíblia define pecado e virtude como as obras da carne e as obras do espírito. Eles estão bem definidos em Gálatas 5:16-25. Em Gálatas 5:19-21 fala sobre as obras da carne e segue uma série de exemplos tais como, bebedice, orgias e coisas semelhantes a estas (inclua aí a glutonaria), bem como prostituição (inclua a prostituição espiritual, ou seja, o deixar a Deus e Sua vontade para nós), impureza, lascívia, idolatria, facções, feitiçarias, inimizades, invejas, porfias, etc. Todos os que praticam as obras da carne, Paulo previne no versículo 21, não herdarão o reino de Deus.
A seguir, confira os pecados capitais segundo a Bíblia e sob a ótica de Ellen G. White:
1. Gula
"Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem" (Pv 23:20-21).
"Sobrecarregar o estômago é um pecado comum, e quando se usa demasiado alimento, todo o organismo é sobrecarregado. A vida e vitalidade, em vez de aumentar, diminuem. É assim como Satanás planeja. O homem utiliza suas forças vitais no desnecessário trabalho de cuidar de excesso de alimentos. Por tomar demasiado alimento, não apenas gastamos descuidadamente as bênçãos de Deus, providas para as necessidades da natureza, mas causamos grande dano a todo o organismo. Contaminamos o templo de Deus, que é enfraquecido e mutilado; e a natureza não pode fazer o seu trabalho bem e sabiamente, como Deus designara que fosse. A Palavra de Deus coloca o pecado de glutonaria na mesma categoria que a embriaguez. Os que isto fazem não são cristãos, não importa quem sejam ou quão exaltada seja sua profissão de fé. Comer demais é o pecado deste século" (Conselhos sobre o Regime Alimentar, pp. 131-142).
2. Avareza
"Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1Tm 6:10).
"Não deves ser avarento, mas honesto contigo mesmo e com teus irmãos. A avareza é um abuso das beneficências de Deus. Seja qual for a vossa vocação ou posição, se acariciardes o egoísmo e a cobiça, sobre vós recairá o desagrado do Senhor. Não façais da obra e da causa de Deus uma desculpa para tratar de maneira avara e egoísta com qualquer pessoa, mesmo que estejais fazendo um negócio que se relacione com Sua obra. Deus não aceita coisa alguma no sentido de ganho que seja levado para o Seu tesouro por meio de transações egoístas" (Conselhos sobre Mordomia, p. 145).
3. Luxúria
"Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos" (Ef 5:3).
"Os pecados que atraíram a vingança sobre o mundo antediluviano, existem hoje. Aquilo que em si mesmo é lícito, é levado ao excesso. Multidões não se sentem sob qualquer obrigação moral de reprimirem seus desejos sensuais, e tornam-se escravos da luxúria. Os homens estão vivendo para os prazeres dos sentidos, para este mundo e para esta vida unicamente. A extravagância invade todas as rodas da sociedade. A entrega de todas as faculdades a Deus, simplifica grandemente o problema da vida. Enfraquece e abrevia milhares de lutas com as paixões do coração natural" (Patriarcas e Profetas, p. 62).
4. Ira
"Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal" (Sl 37:8).
"Os que, a qualquer suposta provocação, se sentem em liberdade de condescender com a zanga ou o ressentimento, estão abrindo o coração a Satanás. Amargura e animosidade devem ser banidas da alma, se queremos estar em harmonia com o Céu. Se condescendermos com a ira, a concupiscência, a cobiça, o ódio, o egoísmo ou outro pecado qualquer, tornamo-nos servos do pecado. Muitos consideram as coisas pelo seu lado mais escuro; engrandecem suas supostas ofensas, nutrem a ira, e são tomados de sentimentos de vingança e ódio, quando em verdade não tinham causa real para esses sentimentos. Resisti a esses sentimentos errados, e experimentareis grande mudança em vossas relações com os semelhantes" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pp. 516-523).
5. Inveja
"O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos" (Pv 14:30).
"A inveja não é meramente uma perversidade do gênio, mas uma indisposição que perturba todas as faculdades. Começou com Satanás. Ele desejou ser o primeiro no Céu e, como não alcançasse todo o poder e glória que buscava, rebelou-se contra o governo de Deus. Invejou nossos primeiros pais, tentando-os ao pecado, e assim os arruinou, e a todo o gênero humano. O invejoso fecha os olhos às boas qualidades e nobres ações dos outros. Está sempre pronto a desprezar e representar falsamente aquilo que é excelente. Os homens muitas vezes confessam e abandonam outras faltas; do homem invejoso, porém, pouco se pode esperar. Visto como invejar a alguém é admitir que ele é superior, o orgulho não tolerará nenhuma concessão. O invejoso espalha veneno aonde quer que vá, separando amigos, e suscitando ódio e rebelião contra Deus e o homem. Procura ser considerado o melhor e o maior, não mediante heroicos e abnegados esforços por alcançar ele mesmo o alvo da excelência, mas sim ficando onde está e diminuindo o mérito dos outros" (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 19).
6. Preguiça
"O que trabalha com mão preguiçosa empobrece, mas a mão dos diligentes vem a enriquecer-se" (Pv 10:4).
"Foi-me mostrado que muito pecado é resultado da preguiça. Mãos e mentes ativas não acham tempo para dar ouvidos a toda tentação sugerida pelo inimigo; as mãos e os cérebros ociosos, porém, estão sempre em condições de ser controlados por Satanás. Quando não devidamente ocupada, a mente demora-se em coisas impróprias. É vil preguiça o que faz com que criaturas humanas olhem com desprezo os simples deveres diários da vida. A recusa a cumpri-los produz uma deficiência mental e moral que há de ser vivamente sentida algum dia. Em algum tempo, na vida do preguiçoso, sua deformidade aparecerá claramente definida. No registro de sua vida, acham-se escritas as palavras: Um consumidor, mas não produtor. Jamais poderemos ser salvos na indolência e inatividade. Não há pessoa verdadeiramente convertida que viva vida inútil e ociosa. Não nos é possível deslizar para dentro do Céu. Nenhum preguiçoso pode lá entrar. Quem recusa cooperar com Deus na Terra, não cooperaria com Ele no Céu. Não seria seguro levá-los para lá" (Conselhos para a Igreja, p. 197).
7. Soberba
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv 16:18).
"A soberba é um terrível aleijão no caráter. 'A soberba precede a ruína'. Isto é verdade na família, na igreja e na nação. O Redentor nos adverte contra a soberba da vida, mas não contra sua graça e natural beleza. Sempre que a ambição e o orgulho são tolerados, a vida é maculada; pois o orgulho, não sentindo necessidade, cerra o coração para as bênçãos infinitas do Céu" (Profetas e Reis, p. 60).
Concluímos com esta declaração de Ellen G. White: "Deus não observa todos os pecados como sendo de igual magnitude. Há graus de culpabilidade a Seus olhos tanto quanto aos olhos do homem finito. Conquanto este ou aquele erro possa ser insignificante aos olhos do homem, não o é, porém, à vista de Deus. Nenhum pecado é pequeno à vista de Deus." (Conselhos para a Igreja, p. 265).
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