segunda-feira, 26 de junho de 2023

COMBATE À DESIGUALDADE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (23) que o combate à desigualdade deve ter tanta prioridade quanto a questão climática. A declaração foi em discurso na Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França. Ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula disse não ser "possível" que, "em um reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça". "Nós estamos num mundo cada vez mais desigual e, cada vez mais, a riqueza está concentrada na mão de menos gente. E a pobreza concentrada na mão de mais gente. Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade, e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, ou seja, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo", disse. (G1)

De acordo com a Bíblia, o problema não se encontra no dinheiro em si, mas no “amor ao dinheiro”, “a raiz de todos os males” (1Tm 6:10).

Por isso, logo no início da trajetória do povo de Deus, Israel foi ensinado a manter um sistema sólido de beneficência social, a fim de evitar que as injustiças prevalecessem. Entre as orientações específicas estavam a lei da respiga (Dt 24:19, 20); a permissão para se alimentar da plantação de alguém, caso estivesse passando por ela (Dt 23:25); a exortação para cuidar das pessoas necessitadas (Dt 15:11); o segundo dízimo, separado no terceiro e no sexto anos em cada ciclo de sete, destinado aos levitas, estrangeiros, órfãos e às viúvas (Dt 14:22-29); e a celebração do jubileu, a cada 50 anos (Lv 25:10). Essas instruções foram dadas para conter o egoísmo e evitar que a sociedade israelita fosse marcada pela exploração e desigualdade.

Apesar disso, Israel desobedeceu à ordem do Senhor e deu espaço para a injustiça avançar. Em certo sentido, o ministério dos profetas pré-exílicos foi marcado por fortes críticas a essa situação (Is 1:22-24; Jr 5:26-29; Am 2:6-8). Mesmo depois do exílio, Deus enviou mensagens de repreensão aos judeus, porque continuavam negligenciado o cuidado aos mais vulneráveis (Zc 7:9, 10; Ml 3:5), ainda que tivessem experimentado, eles mesmos, um longo período de aflição.

Sobre o plano de Deus para sanar a desigualdade em Israel, Ellen White diz: "O povo devia ser impressionado com o fato de que era a terra de Deus que se lhes permitia possuir por algum tempo; de que Ele era o legítimo possuidor, o proprietário original, e de que desejava se tivesse consideração especial pelos pobres e infelizes. A mente de todos devia ser impressionada com o fato de que os pobres têm tanto direito a um lugar no mundo de Deus como o têm os mais ricos. Tais foram as disposições tomadas por nosso misericordioso Criador a fim de minorar o sofrimento, trazer algum raio de esperança, lampejar uma réstia de luz na vida dos que são destituídos de bens e se acham angustiados" (Beneficência Social, p. 174).

Essas orientações e repreensões do Antigo Testamento ecoam nos ensinos de Cristo e nas cartas apostólicas. Jesus declarou que Seus seguidores seriam recompensados no juízo pela compaixão genuína demonstrada aos desamparados (Mt 25:34-40), e a igreja em seus primórdios se destacou por sua generosidade (At 2:44, 45; 4:32-35; 1Co 16:1-4; Tg 1:27). O testemunho bíblico, portanto, indica que Deus espera de nós uma atitude proativa em favor dos pobres e desamparados. 

Um discípulo de Cristo verdadeiramente crente não pode tratar com indiferença as desigualdades materiais e a manifestação de poder e privilégio que atingem a tantos e leva ao empobrecimento espiritual de outros. O evangelho convida o discípulo de Cristo e a igreja à solidariedade com todos os que sofrem, a fim de juntos podermos receber, incorporar e partilhar as boas-novas de Jesus, a fim de melhorar a vida de todos.

Ellen G. White adverte: "A obra de recolher o necessitado, o oprimido, o aflito, o que sofreu perdas, é justamente a obra que toda igreja que crê na verdade para este tempo devia de há muito estar realizando. Cumpre-nos mostrar a terna simpatia do samaritano em acudir às necessidades físicas, alimentar o faminto, trazer para casa os pobres desterrados, buscando de Deus todo dia a graça e a força que nos habilitem a chegar às profundezas da miséria humana, e ajudar aqueles que absolutamente não se podem ajudar a si mesmos. Isto fazendo, temos favorável ensejo de apresentar a Cristo, o Crucificado" (Beneficência Social, p. 190). E completa: "Ao vermos seres humanos em aflição, seja devido ao infortúnio, seja por causa do pecado ou outra coisa qualquer, nunca diga: 'Não tenho nada com isso'” (O Desejado de Todas as Nações, p. 354).

É necessário que haja sacrifício prático pelo bem-estar de outros, seja onde quer que estejamos, ou qual for nossa profissão; pois para isso também fomos criados, para sermos as mãos bondosas do Criador aqui neste planeta. Ainda que não sejamos protagonistas neste grande tabuleiro que se tornou a economia mundial, somos chamados a minimizar, com nosso exemplo, escolhas de consumo e recursos, os impactos da desigualdade social ao nosso redor. Por menor que seja nossa contribuição, Ellen White escreveu que “é o serviço feito de coração que torna a dádiva valiosa” (Conselhos Sobre Mordomia, p. 176). E o Senhor jamais Se esquecerá disso!

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