quinta-feira, 20 de julho de 2023

CRISE CLIMÁTICA

Uma história de calor extremo, inundações mortais e grandes incêndios. Parece um cenário de um filme apocalíptico, mas é o que está vivendo o Hemisfério Norte neste momento. Cientistas, contudo, alertam que essa pode ser apenas uma prévia do que ainda pode vir. Estamos na metade de julho e uma série de recordes climáticos já foram quebrados.

Uma onda de calor prolongada e implacável queimou grandes partes do sul e sudoeste dos Estados Unidos. As temperaturas em Phoenix, Arizona, atingiram pelo menos 43,3°C por um recorde de 19 dias consecutivos. Em El Paso, no Texas, as temperaturas ficaram acima de 38°C por 32 dias consecutivos, o recorde anterior era de 26 dias. Já na Europa, as ondas de calor são as mais extremas já registradas. Há incêndios florestais na Espanha, Suíça e Grécia. Nos arredores de Atenas, a rápida propagação das chamas forçaram autoridades a fechar rodovias. E na Ásia, as temperaturas ultrapassaram os surpreendentes 50°C na China. Além disso, partes da Coreia do Sul, Japão e norte da Índia estão sofrendo inundações mortais.

"Até pararmos de lançar gases de efeito estufa na atmosfera, não temos ideia de como será o futuro" , disse Hannah Cloke, cientista do clima e professora da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ela é uma das muitas cientistas que alertam que, embora este verão seja muito ruim, é apenas o começo.

"Os impactos tornam-se cada vez piores à medida que a queima de combustíveis fósseis e o aquecimento continuam. É uma linha de base variável de impactos cada vez mais devastadores enquanto a Terra continuar a aquecer", disse Michael E. Mann, cientista do clima e professor da Universidade da Pensilvânia.

Para os cientistas, este clima extremo não foi surpreendente. Esperava-se que o desenvolvimento do El Niño, um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento acima do comum das águas do Oceano Pacífico equatorial. À medida que a crise climática se acelera, o palco está montado para mais surpresas.

"Os extremos climáticos continuarão a se tornar mais intensos e nossos padrões climáticos podem mudar de maneiras que ainda não podemos prever", disse Peter Stott, pesquisador de atribuição climática do UK Met Office.

Por outro lado, os cientistas acreditam que ainda há tempo para evitar algo pior. A ciência mais recente mostra que o aumento da temperatura global cessaria quase imediatamente após pararmos de queimar combustíveis fósseis. "Quanto mais ações tomarmos, quanto mais cedo agirmos, melhor será nosso futuro", diz Hannah Cloke, cientista do clima e professora da Universidade de Reading, no Reino Unido. (UOL)

O que pensam os adventistas
Em tempos de discussão sobre esta recente crise climática, aquecimento global e outros temas, vejamos o que pensa a Igreja Adventista sobre cuidado do meio ambiente. A igreja, em nível mundial, já possui declarações a favor da preservação do meio ambiente, mas sempre sob a ótica de preservação daquilo que Deus criou.

Na série Falando de Esperança, produzida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul, o ex-presidente da Igreja, pastor Erton Köhler, explica qual é o posicionamento da organização em relação ao assunto de preservação do meio ambiente e menciona preocupações relacionadas a aquecimento global e mudanças climáticas. “Estamos vendo tudo isso acontecer e o que temos individualmente para buscar o equilíbrio? Somos cristãos e é nosso dever cuidar da obra da criação de Deus. Para nós, essa é a principal motivação para cuidar do ambiente em que vivemos. Deus fez tudo e disse que era bom, mas, além disso, ordenou que o homem cuidasse do Jardim do Éden”.

Em 1995, em uma reunião administrativa mundial da Igreja Adventista, o tema de mudanças climáticas já havia sido objeto de debate. Ao final da discussão, ocorrida nos Estados Unidos, algumas declarações foram dadas oficialmente. Os adventistas se manifestaram e disseram que algumas medidas são necessárias para evitar os riscos desse fenômeno: cumprimento do acordo assinado no Rio de Janeiro (Convenção de 1992 sobre Mudanças Climáticas) a fim de estabilizar as emissões de dióxido de carbono por volta do ano 2000 a níveis de 1990; estabelecimento de planos para maiores reduções das emissões de dióxido de carbono após o ano 2000 e início de debates públicos mais eficazes sobre os riscos das mudanças climáticas.

Vejamos mais alguns trechos de duas declarações da Igreja Adventista sobre o meio ambiente:

"O mundo no qual vivemos é uma dádiva de amor do Deus Criador, que “fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7; 11:17-18). Nesta criação, colocou os humanos, criados intencionalmente para relacionarem-se com Ele, com as outras pessoas e com o mundo ao redor. Assim, os adventistas do sétimo dia mantêm que a preservação e manutenção da criação estão intimamente relacionadas com o culto a Ele. [...]

A decisão humana de desobedecer a Deus interrompeu a ordem original da criação, resultando em uma desarmonia alheia a Seus propósitos. Desta forma, nossa atmosfera e águas estão poluídas, as florestas e a vida selvagem saqueadas, os recursos naturais esgotados. [...]

Os adventistas do sétimo dia estão comissionados a um relacionamento respeitoso e cooperativo entre as pessoas, reconhecendo nossa origem comum e compreendendo a dignidade humana como uma dádiva do Criador. Uma vez que a miséria humana e a degradação do meio ambiente estão inter-relacionadas, nós nos empenhamos por melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Nosso objetivo é manter um crescimento dos recursos atendendo concomitantemente às necessidades humanas.

O verdadeiro progresso quanto a cuidar de nosso ambiente natural recai sobre o esforço individual e cooperativo. Nós aceitamos o desafio de trabalhar em prol da restauração do desígnio global de Deus. Movidos pela fé em Deus, nós nos comprometemos a promover o progresso que se revela nos níveis pessoal e ambiental em pessoas íntegras e dedicadas a servir a Deus e a humanidade.

Neste compromisso confirmamos ser mordomos para com a criação de Deus e cremos que a restauração total se concretizará apenas quando Deus fizer novas todas as coisas."1

"Os adventistas do sétimo dia creem que a espécie humana foi criada à imagem de Deus, assim representando a Deus como Seus mordomos, para dominar o ambiente natural de uma maneira fiel e frutífera.

Infelizmente, a corrupção e a exploração podem ser atribuídas à responsabilidade humana. Homens e mulheres têm se envolvido cada vez mais em uma destruição megalomaníaca dos recursos naturais, resultando em grande sofrimento, descontrole ambiental e ameaça da mudança climática. Conquanto a pesquisa científica precise continuar, as evidências confirmam que a crescente emissão de gases destrutivos, a diminuição da camada protetora de ozônio, a destruição maciça das florestas americanas e o chamado efeito estufa, estão ameaçando o ecossistema terrestre.

Estes problemas são, em sua maioria, devidos ao egoísmo humano e à egocêntrica atividade para obter mais e mais por meio do aumento da produtividade, do consumo ilimitado e do esgotamento de recursos não-renováveis. A causa da crise ecológica está na ganância humana e na opção de não praticar a boa e fiel mordomia dentro dos limites divinos da criação.

Os adventistas do sétimo dia defendem um estilo de vida simples e saudável, onde as pessoas não participam da rotina do consumismo desenfreado, da obtenção de posses e da produção exagerada de lixo. É necessário que haja respeito pela criação, restrição no uso dos recursos naturais, reavaliação das necessidades e reiteração da dignidade da vida criada."2

1. Esta declaração foi aprovada e votada pela Associação Geral do Comitê Executivo dos Adventistas do Sétimo Dia na sessão do Concílio Anual em Silver Spring, Maryland, EUA, 12 de outubro de 1992.

2. Esta declaração foi aprovada e votada pela Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (ADCOM) e foi liberada pelo gabinete do presidente, Robert S. Folkenberg, na sessão da Associação Geral em Utrecht, Holanda, de 29 de junho a 8 de julho de 1995.

Ellen G. White também foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus. "Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura" (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53).

Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou: "O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar" (A Ciência do Bom Viver, p. 365).

Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.

Confira este podcast da Revista Adventista com uma conversa com dois especialistas no tema:

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