sexta-feira, 18 de agosto de 2023

FALTA DE AMOR NA IGREJA

Após a ascensão de Jesus Cristo, João permaneceu como fiel e ardoroso obreiro do Mestre. Juntamente com os demais discípulos, fruiu o derramamento do Espírito no dia do Pentecostes, e com novo zelo e poder continuou a falar ao povo as palavras da vida, procurando levar seus pensamentos para o invisível.

A vida do apóstolo estava em harmonia com seus ensinos. O amor de Cristo que ardia em seu coração induziu-o a empenhar-se em fervoroso e incansável labor por seus semelhantes, especialmente por seus irmãos na igreja cristã. “Conhecemos a caridade nisto: que Ele deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1Jo 3:16).

Depois da descida do Espírito Santo, quando os discípulos saíram para proclamar um Salvador vivo, seu único desejo era a salvação de almas. Rejubilavam-se na doçura da comunhão com os santos. Eram ternos, prestativos, abnegados, voluntários em fazer qualquer sacrifício pelo amor da verdade. Em seu contato diário entre si, revelavam aquele amor que Cristo lhes ordenara. Por palavras e obras de altruísmo, procuravam acender este amor em outros corações.

Um tal amor deviam os crentes sempre acariciar. Mas pouco a pouco, houve uma mudança. Os crentes começaram a olhar os defeitos uns dos outros. Concentrando-se nos erros e dando lugar a severas críticas, perderam de vista o Salvador e Seu amor. Tornaram-se mais estritos na observância de cerimônias exteriores e mais rigorosos na teoria do que na prática da fé. Em seu zelo para condenar os outros, passavam por alto os próprios erros. Perderam o amor fraternal que Cristo havia ordenado que tivessem.

Percebendo que o amor fraternal estava diminuindo na igreja, João insistiu com os crentes sobre a constante necessidade desse amor. Suas cartas à igreja estão repletas desse pensamento. Ele escreveu: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4:7-11).

Não é a oposição do mundo o que mais ameaça a igreja de Cristo. É o mal cultivado no coração dos crentes que acarreta suas mais graves derrotas, e que mais atrasa o progresso da causa de Deus. Por outro lado, o mais forte testemunho de que Deus enviou Seu Filho ao mundo é a existência de harmonia e união entre as pessoas de variados temperamentos que compõem Sua igreja. É privilégio dos seguidores de Cristo dar esse testemunho. No entanto, para fazer isso, precisam se colocar sob a liderança de Cristo. O caráter deles precisa se amoldar ao Seu caráter, e a vontade deles à Sua vontade.

“Novo mandamento vos dou”, disse Cristo. “Assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo 13:34). Que maravilhosa declaração! Mas como é pouco praticada! Lamentavelmente, o amor fraternal está faltando na igreja de Deus hoje em dia. Muitos que professam amar o Salvador não amam uns aos outros. Os incrédulos estão observando para ver se a fé dos professos cristãos está exercendo uma influência santificadora na vida dessas pessoas. Somos todos membros de uma mesma família, todos filhos do mesmo Pai celestial, com a mesma bendita esperança da imortalidade. O laço que nos une deve ser fraterno e afetuoso.

"Quem ama o seu irmão vive na luz, e não há nessa pessoa nada que leve alguém a pecar. Mas quem odeia o seu irmão está na escuridão, anda nela e não sabe para onde está indo, porque a escuridão não deixa que essa pessoa enxergue" (1Jo 2:10, 11).

[Ellen G. White - Atos dos Apóstolos, pp. 284, 285]

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