segunda-feira, 9 de outubro de 2023

HAVERÁ PAZ NA TERRA SANTA?

O conflito entre Israel e Palestina, uma das questões mais complexas e persistentes da geopolítica contemporânea, atravessa décadas de tensões e confrontos. Desde o fim do Mandato Britânico na Palestina e a subsequente criação do Estado de Israel em 1948, essa região tem sido palco de conflitos intermináveis e mudanças significativas.

Em meio à marca de 50 anos do início da Guerra do Yom Kippur, também conhecida como a Guerra do Ramadan pelos árabes, um conflito que deixou profundas marcas e moldou a dinâmica regional, é crucial refletir sobre os eventos que continuam a influenciar o presente e o futuro de Israel e da Palestina.

No entanto, a tragédia e a violência permanecem arraigadas na região. No último sábado (7), somos confrontados com notícias de um novo e surpreendente ataque do Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que lançou uma ofensiva de larga escala contra Israel. Este é um dos ataques mais graves das últimas décadas, resultando em perdas significativas de vidas em ambos os lados. A rápida e intensa escalada deste confronto serve como um sombrio lembrete da instabilidade e da imprevisibilidade que continuam a cercar a região.

É importante ressaltar que ataques a alvos civis são condenáveis, independentemente do lado envolvido no conflito. O Hamas considera a ofensiva militar como uma ação defensiva contra mais de sete décadas de violência, humilhações, genocídios e ações terroristas de Israel contra a população palestina. É fundamental compreender o contexto mais amplo e complexo que envolve esse conflito, no qual ambas as partes têm sofrido perdas e danos significativos ao longo dos anos.

A propalada excelência da segurança de Israel foi desafiada pelo revide do Hamas, que representa uma resposta às décadas de barbárie que a população palestina enfrentou. Essa população tem enfrentado uma série de desafios e adversidades ao longo dos anos, incluindo a perda de terras, restrições de movimento, dificuldades econômicas, escassez de recursos básicos e a constante presença militar israelense em suas vidas cotidianas.

As condições de vida dos palestinos em Gaza, por exemplo, são especialmente precárias, com um bloqueio rigoroso que limita o acesso a alimentos, medicamentos e outros recursos essenciais. Isso, somado à falta de infraestrutura adequada e aos danos causados pelos conflitos anteriores, tornou a vida na região extremamente desafiadora.

A reação de Tel-Aviv ao ataque do Hamas é motivo de preocupação, uma vez que as operações militares frequentemente afetam áreas densamente povoadas, colocando civis em risco. Muitos palestinos e israelenses, incluindo crianças e idosos, sofrem as consequências diretas desses conflitos, enfrentando morte, ferimentos e traumas psicológicos duradouros.

Conflito de origem bíblica
O conflito que se abate entre Israel e Palestina tem origem bíblica. Desde que Ismael nasceu, houve desconforto na casa de Abraão. Desde que Isaque nasceu, depois de Ismael, há conflito entre eles e os povos que deles descenderam.

Reza o Velho Testamento que Abraão recebeu de Deus, por volta dos 75 anos de idade, o chamado para se mudar de mala e cuia para os rincões de Canaã, com a promessa de que seus descendentes dariam origem ali a uma grande nação (Gn 12:1-5). Dez anos depois, porém, já estabelecido na nova terra, o longevo migrante ainda não havia conseguido gerar a tão esperada prole (Gn 15:1-6). Sara, a esposa, o instigou a desposar sua serva, a egípcia Hagar, para fazer valer o desígnio divino – união que produziu o menino Ismael (Gn 16). Ellen G. White diz: "A poligamia se tornara tão espalhada que deixara de ser considerada como pecado; mas nem por isso deixava de ser uma violação da lei de Deus, e era de resultado fatal à santidade e paz na relação da família" (Patriarcas e Profetas, p. 145).

Quando o rapagote completava seu 13º aniversário, Abraão, já com 99 anos, teve outro encontro com Deus, que reiterou a promessa feita anteriormente e garantiu que a posteridade de Abraão sairia das entranhas de Sara (Gn 17:15-19). Dito e feito: no ano seguinte veio ao mundo Isaque, filho do centenário porém fecundo patriarca (Gn 21:1-3).

Na festa de apresentação de Isaac, contudo, Sara viu o primogênito zombando do caçula, e ordenou ao marido que expulsasse Agar e Ismael de seus domínios. A ideia de desterrar o sangue do seu sangue não agradou a Abraão, que apenas levou a cabo a ação por ter a garantia de Deus que seu filho com a escrava também teria um destino fabuloso, iniciando outra grande nação. Assim, fornecendo um pão e um odre de água a Hagar e Ismael, o patriarca mostrou-lhes o caminho da rua logo na manhã seguinte (Gn 21:8-21). Ambos erraram por algum tempo pelo deserto da Bersabéia, até que Ismael se fixou no deserto da Arábia, produzindo doze filhos – as doze tribos ismaelitas, ancestrais do povo árabe (Gn 25:12-18). Do outro lado da família, em Canaã, seu irmão Isaque teve como prole Esaú e Jacó (Gn 25:19-26). Os doze herdeiros deste último (rebatizado mais tarde de Israel) compuseram as doze tribos que deram origem ao povo hebreu (Gn 29, 30 e 35:16-22).

Ellen G. White comenta: "Em seus últimos dias, Ismael arrependeu-se de seus maus caminhos, e voltou ao Deus de seu pai; mas permaneceu o cunho de caráter dado à sua posteridade. A poderosa nação que dele descendera foi um povo turbulento, gentio, que sempre foi um incômodo e aflição aos descendentes de Isaque" (Patriarcas e Profetas, p. 174).

Talvez não se tenha na história humana um conflito de origem familiar tão intenso e extenso quanto esse. Um conflito em que os protagonistas são os filhos de um mesmo homem, temente e fiel a Deus, que escolheram dar as costas aos ensinos ético-morais e espirituais do pai, ao decidirem patrocinar uma vida de ódio cujos resultados insistem em chamar de preço da “guerra santa”.

Nesta maravilhosa meditação via instagram, o pastor Odailson Fonseca reflete sobre o tema:

Isaque e Ismael. Israel e Palestina. Shalom e Salamaleico. Jerusalém e Meca. Tel Aviv e Faixa de Gaza. Quipá e Jihab. Torá e Alcorão. Yom Kippur e Ramadã. Sara e Hagar. Shabat e sexta-feira. Judaísmo e Islamismo. Gênesis 21:12 e 13. Ambas grandes nações. Grandes religiões. Onde tudo começou? Na promessa. Absurdo pensar assim? Nada é simples no tabuleiro mortal destes descendentes das páginas sagradas. ⁣
As cenas onipresentes nos celulares estampando mulheres arrastadas pelos cabelos, idosos sequestrados, crianças aos gritos e civis massacrados, estarreceram o planeta. Todos empalidecemos assistindo os riscos no céu da Terra Prometida. Ofensiva, defensiva, contra-ofensiva. Mísseis e escudo. Invasões de ambos os lados. Quem começou? Quem reagiu? Pagar o mal com o mal é palavra de ordem na pandemia do pecado. Choro, ódio, saudade, desespero, desrespeito. Tudo está desorientado há séculos por lá. Na verdade, milênios. ⁣
Do terrorismo à batalha por um pedaço de chão, e da fúria à briga pela primogenitura da benção, a guerra sempre disparará gargalhadas no inferno. Intolerância. Todo mundo perde. Neste momento? Só resta interceder por eles e implorar a vocês:⁣
Paz! ⁣
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Fp 4:7). Se as três maiores religiões monoteístas do planeta descendem de Abraão, que a pacificação não seja vista como covardia. Se o mundo volta seus olhos em lágrimas aos filhos de Isaque contra os filhos de Ismael, ou vice-versa, que os irmãos de Jesus não joguem mais lenha na fogueira. Nem pólvora no gatilho. Pois há um Novo Testamento depois do Velho Testamento. Houve uma cruz no Moriá. O véu rasgou. Foi consumado. E se a verdadeira paz de Deus só está em Cristo? Façamos nossa parte sangrando junto com todos. Eles e nós. ⁣
Será uma dor sem fim? Não. Errado. Haverá paz na Terra Santa quando a Cidade Santa “preparada como uma noiva adornada para o seu marido” (Ap 21:2) finalmente descer pondo fim em absolutamente tudo o que o pecado machucou. Ali a eterna promessa a Abraão se cumprirá. Filhos serão irmãos.⁣
E Genesis 1 e 2 finalmente reencontrará Apocalipse 21 e 22. 

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