terça-feira, 28 de novembro de 2023

O MISTÉRIO DOS MISTÉRIOS

O que aconteceu quando Deus se tornou homem?

Gostaria muito de poder responder essa pergunta. E não apenas eu. Os teólogos têm se esforçado para compreender a encarnação de Cristo, mas isso continua sendo ainda um mistério. Contudo, a Bíblia revela alguns aspectos importantes sobre esse assunto, os quais apontam para o amor de Deus.

1. Realizada por Deus. A encarnação foi uma obra divina, realizada por meio do Espírito no útero de Maria (Lc 1:35). Foi mais uma manifestação criativa, singular e incompreensível do poder de Deus. Ele uniu as naturezas humana e a divina numa só pessoa. E isso aconteceu no momento da concepção e não no nascimento de Jesus, porque Ele não adotou um ser humano como Seu Filho nem o Filho de Deus apenas assumiu a aparência exterior de um ser humano. Em Jesus Cristo, as duas naturezas foram misteriosamente misturadas.

2. Duas naturezas distintas. A união das duas naturezas numa pessoa não eliminou a característica de cada natureza, pois cada uma delas permaneceu intacta. A encarnação não foi a deificação da natureza humana nem a natureza divina foi transmutada em humana nesse processo. Isso porque a criatura não pode se tornar Criador e o Criador não pode se rebaixar ao nível da criatura.

3. Duas vontades. Partindo da crença de que, em Cristo, as duas naturezas foram misteriosamente misturadas, podemos sugerir que Nele havia duas vontades: a humana e a divina. Isso explica que as tentações enfrentadas por Jesus foram reais e que a natureza humana Dele precisava estar deliberadamente sujeita à Sua natureza divina. No Getsêmani, por exemplo, Jesus expressou Sua vontade humana, mas Ele decidiu obedecer à vontade do Pai (Mt 26:42). Cristo poderia ter caído, mas não fez isso.

4. Cristo esvaziou-Se, mas não deixou de ser Deus. Na encarnação, Cristo não perdeu nenhum dos Seus atributos divinos. Paulo escreveu que “Ele Se esvaziou, assumindo a forma de Servo, tornando-Se semelhante aos seres humanos” (Fp 2:7). Ou seja, Ele entregou ao Pai a totalidade de Sua divindade para que ela fosse usada da maneira como Seu Pai orientasse.

5. Escondendo a glória. A glória do Filho de Deus foi escondida no Nazareno. Aquele que era rico tornou-Se pobre por nós (2Co 8:9). A glória do Seu estado preexistente não mais era visível, a não ser que brilhasse por meio do corpo humano (Mt 17:2). O Deus Filho desceu ao nível das criaturas pecaminosas, deixando de lado a magnificência do Seu esplendor.

6. Processo irreversível. A união das duas naturezas por ocasião da encarnação não foi desfeita depois de o ministério de Jesus ter cumprido Seu propósito. O Filho de Deus tornou-Se um membro da família humana para sempre (1Co 15:28). O sacrifício Dele foi realmente eterno e, consequentemente, sua eficácia também será eterna.

7. Impacto cósmico. É impossível separar a encarnação da cruz; portanto, esse foi um evento soteriológico de proporções cósmicas. Seu objetivo primário era salvar não apenas a humanidade, mas também todo o Universo da presença e influência do pecado e do mal. Há poder salvífico na encarnação de Jesus porque ela é uma revelação singular do amor e do poder de Deus (Jo 1:14). Essa é a boa notícia do evangelho!

Ángel Manuel Rodríguez (via Revista Adventista)

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