quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

JESUS RESGATA O SÁBADO

O sábado foi santificado na Criação. Sendo algo planejado por Deus para a humanidade, ele teve sua origem quando “as estrelas matutinas juntas cantavam e todos os anjos se regozijavam” (Jó 38:7). A Terra estava em harmonia com o Céu. “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”. E Ele descansou na alegria de ver Sua obra terminada (Gn 1:31).

Por haver descansado no sábado, Deus “abençoou [...] o sétimo dia e o santificou” (Gn 2:3), ou seja, o separou para uso santo. O sétimo dia era um memorial da obra da Criação e, como tal, é um sinal do poder e do amor de Deus.

O Filho de Deus criou todas as coisas. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle; sem Ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:3). E por ser o sábado um memorial da obra da Criação, ele é um exemplo do amor e poder de Cristo.

O sábado nos coloca em comunhão com o Criador. No canto do passarinho, no som das folhas das árvores balançando e na música do mar ainda podemos ouvir a voz dAquele que falava com Adão no Éden. E ao vermos Seu poder na natureza, encontramos conforto, pois a Palavra que criou todas as coisas é a mesma que comunica vida ao ser. Aquele “que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’ [...] brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2Co 4:6).

“Voltem-se para mim e sejam salvos, todos vocês, confins da Terra; pois Eu sou Deus, e não há nenhum outro” (Is 45:22). Esta é a mensagem escrita na natureza – o sábado foi feito para ser lembrado. Quando o Senhor falou para Israel que o sábado devia ser santificado, disse: “Santifiquem os Meus sábados, para que eles sejam um sinal entre nós. Então vocês saberão que Eu sou o Senhor, o seu Deus” (Ez 20:20).

O povo de Israel já conhecia o sábado antes de chegar ao Sinai. No caminho até ali, eles guardaram o sábado. Quando alguns o profanaram, o Senhor os censurou: “Até quando vocês se recusarão a obedecer aos Meus mandamentos e às Minhas instruções?” (Êx 16:28).

O sábado não era só para Israel, mas para o mundo. Como os outros mandamentos do Decálogo, ele é uma obrigação permanente. A respeito dessa lei, Cristo diz: “Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço” (Mt 5:18). Enquanto os céus e a Terra durarem, o sábado continuará sendo um sinal do poder do Criador. E quando o jardim do Éden outra vez florescer na Terra, todos honrarão o santo e divino dia de descanso. “De uma lua nova a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de Mim, diz o Senhor” (Is 66:23).

Sinal de Verdadeira Conversão
Para guardarem o sábado, homens e mulheres devem ser santos. Por meio da fé, eles precisam receber a justiça de Cristo. Quando Deus ordenou a Israel: “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo” (Êx 20:8), o Senhor também lhes disse: “Vocês serão Meu povo santo” (Êx 22:31).

Quando os judeus se afastaram de Deus e fracassaram em se apoderar da justiça de Cristo por meio da fé, o sábado perdeu o significado para eles. Satanás trabalhou para corromper o sábado porque esse dia é o sinal do poder de Cristo. Os líderes judeus envolveram o divino dia de descanso com pesadas exigências. Nos dias de Cristo, a observância do sábado refletia o caráter de pessoas egoístas e arbitrárias em vez do caráter do amoroso Pai celestial. Os rabinos praticamente representavam a Deus como dando leis impossíveis de obedecer. Levavam as pessoas a olhar para Deus como um tirano e a pensar que o sábado tornava as pessoas duras de coração e cruéis. Cristo veio esclarecer esses mal-entendidos. Jesus não dava importância às exigências dos rabinos, mas seguia em frente, guardando o sábado de acordo com a lei de Deus.

Lição Sabática
Um sábado, quando o Salvador e Seus discípulos passavam por uma plantação de grãos já maduros, os discípulos começaram a apanhar espigas, esfregá-las com as mãos e, então, comer os grãos. Em qualquer outro dia, isso não provocaria comentários, pois uma pessoa que passasse por uma plantação, pomar ou vinha tinha a liberdade de apanhar o que quisesse comer (ver Dt 23:24, 25). No entanto, muitos acreditavam que fazer isso no sábado era profanar o santo dia. Apanhar as espigas equivalia a fazer uma colheita; esfregá-las com as mãos para, depois, comer os grãos era considerado uma espécie de debulha.

Os espiões imediatamente se queixaram a Jesus: “Olha, por que eles estão fazendo o que não é permitido no sábado?” (Mc 2:24)

Em Betesda, quando foi acusado de transgredir o sábado, Jesus Se defendeu afirmando Sua filiação de Deus e declarando que trabalhava em harmonia com o Pai (Jo 5:1-18). Agora que os discípulos foram atacados, Ele mencionou exemplos do Antigo Testamento de coisas que as pessoas faziam no sábado, quando estavam a serviço de Deus.

A resposta do Salvador a Seus acusadores continha uma censura implícita pela ignorância deles quanto aos Escritos Sagrados. “Vocês nunca leram o que fez Davi, quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da Presença, comeu o que apenas aos sacerdotes era permitido comer”. “E então lhes disse: ‘O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado’”. “Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa? Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo”. “Pois o Filho do homem é Senhor do sábado” (Lc 6:3, 4; Mc 2:27; Mt 12:5, 6, 8).

Se era certo Davi comer do pão separado para uso santo para saciar sua fome, então também era certo os discípulos colherem algumas espigas no sábado. Ademais, os sacerdotes no templo tinham mais trabalho para fazer no sábado do que nos outros dias. As mesmas atividades em trabalhos seculares seriam pecaminosas, mas eles estavam realizando ritos que apontavam para o poder redentor de Cristo, e essas atividades estavam em harmonia com o sábado.

O propósito da obra de Deus neste mundo é redimir a humanidade. Portanto, qualquer coisa que seja necessário fazer no sábado para realizar essa obra estará em harmonia com a lei do sábado. Jesus terminou Sua argumentação declarando-Se o “Senhor do sábado” – Aquele que está acima de todas as questões e de todas as leis. Esse Juiz infinito absolveu os discípulos de qualquer culpa, apelando para as mesmas leis que foram acusados de violar.

Jesus declarou que, em sua cegueira, Seus adversários tinham se equivocado quanto ao propósito do sábado. Ele disse: “Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes” (Mt 12:7). Por serem destituídos de coração, seus ritos não conseguiam suprir a falta de integridade e do afetuoso amor que caracterizam o verdadeiro adorador de Deus.

Jesus Cura Deliberadamente no Sábado
Por si próprios, os sacrifícios não tinham qualquer valor. Eles eram um meio, não um fim. Seu objetivo era direcionar o povo ao Salvador, para que estivessem em harmonia com Deus. É o serviço do amor que Deus valoriza. Sem isso, meras cerimônias são ofensivas para Ele. O mesmo ocorre com o sábado. Quando a mente fica absorta com ritos cansativos, o propósito do sábado é anulado. Observá-lo só exteriormente acaba sendo uma zombaria.

Na sinagoga, em outro sábado, Jesus viu um homem que tinha a mão atrofiada. Os fariseus observavam, prontos para ver o que Ele faria. O Salvador não hesitou em derrubar o muro das exigências tradicionais que bloqueavam o sábado.

Jesus pediu que o doente desse um passo à frente e perguntou: “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou matar?” (Mc 3:4). Havia um ditado entre os judeus que dizia que deixar de fazer o bem quando se tem a oportunidade de fazê-lo corresponde a fazer o mal; ou seja, abster-se de salvar uma vida é o mesmo que matar. Jesus enfrentou os rabinos no terreno deles mesmos. “Mas eles permaneceram em silêncio. Irado, olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem: ‘Estenda a mão’. Ele a estendeu, e ela foi restaurada” (v. 4, 5).

Ao Lhe perguntarem: “É permitido curar no sábado?”, Jesus respondeu: “Qual de vocês, se tiver uma ovelha e ela cair num buraco no sábado, não irá pegá-la e tirá-la de lá? Quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é permitido fazer o bem no sábado” (Mt 12:10-12).

Maior Preocupação com os Animais
Os espiões não ousaram dar resposta a Cristo, pois sabiam que Ele havia falado a verdade. Em vez de quebrar tradições, eles deixavam uma pessoa sofrer, ao passo que prestavam auxílio aos animais de carga porque, se não o fizessem, isso causaria prejuízo ao proprietário. Eles mostravam maior preocupação com os animais do que com os seres humanos. Isso ilustra como todas as religiões falsas funcionam. Elas criam no homem o desejo humano de se exaltar acima de Deus, mas o resultado é degradá-lo abaixo dos animais. Toda religião falsa ensina seus adeptos a serem descuidados quanto às necessidades, sofrimentos e direitos humanos. O evangelho dá alto valor à humanidade por ter sido adquirida pelo sangue de Cristo. Isso nos ensina a olhar com carinho para as necessidades e sofrimentos humanos (ver Is 13:12).

Os fariseus estavam perseguindo Jesus com ódio implacável, enquanto Ele salvava vidas e trazia felicidade para um grande número de pessoas. Era melhor matar no sábado, como eles estavam planejando fazer, ou curar os sofredores, como Ele tinha feito?

Ao curar a mão atrofiada, Jesus condenou o costume dos judeus e colocou o quarto mandamento no lugar estipulado por Deus. “É permitido fazer o bem no sábado”, Ele declarou. Ao eliminar restrições sem sentido, Cristo honrou o sábado, enquanto os que reclamavam dEle estavam desonrando o dia santo de Deus.

Os que sustentam que Cristo aboliu a lei ensinam que Ele transgrediu o sábado e justificou Seus discípulos quando eles fizeram o mesmo. Dessa forma, assumem a mesma posição dos críticos judeus. Fazendo isso, contradizem o próprio Cristo, que declarou: “Tenho obedecido aos mandamentos de Meu Pai e em seu amor permaneço” (Jo 15:10). Nem o Salvador nem Seus seguidores transgrediram o sábado. Olhando para uma nação de testemunhas tentando encontrar alguma maneira de condená-Lo, Ele pôde dizer, sem que ninguém O contradissesse: “Qual de vocês pode me acusar de algum pecado?” (Jo 8:46).

“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”, disse Jesus. Deus deu os Dez Mandamentos – inclusive o sábado – como uma bênção para o Seu povo (ver Dt 6:24). Acerca de “todos os que guardarem o sábado deixando de profaná-lo”, Deus declara: “[A] esses Eu trarei ao Meu santo monte e lhes darei alegria em Minha casa de oração” (Is 56:6, 7).

“O Filho do homem é Senhor do sábado”, pois “todas as coisas foram feitas por intermédio dEle; sem Ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:3). Uma vez que Cristo fez tudo, fez também o sábado. Foi Ele quem o separou para ser um memorial da Criação. O sábado aponta para Ele como Criador e como Santificador e declara que Aquele que criou todas as coisas é a Cabeça da igreja e que, mediante Seu poder, somos reconciliados com Deus. Ele disse: “Também lhes dei os Meus sábados como um sinal entre nós, para que soubessem que Eu, o Senhor, fiz deles um povo santo” (Ez 20:12). O sábado é um sinal do poder de Cristo para nos fazer santos. Ele tem dado esse poder a todos quantos Ele santifica, como sinal de Seu poder santificador.

O sábado será uma alegria para todos aqueles que o receberem como sinal do poder criador e redentor de Cristo (ver Is 58:13, 14). Ao verem Cristo refletido nesse dia sagrado, eles se alegrarão muito no Senhor. Embora nos faça lembrar da paz perdida no Éden, o sábado também nos fala da paz restaurada por intermédio do Salvador. E cada objeto da natureza repete o Seu convite: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11:28).

[Ellen G. White - O Libertador, pp. 186-192]

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