Nesta atual edição do BBB, tanto a cantora Wanessa Camargo quanto a modelo Yasmin Brunet foram chamadas de mimadas por outros participantes. De acordo com o dicionário, o termo faz referência àquela pessoa tratada com facilidades, recebendo o que desejava sem esforço – seja para ser, simplesmente, agradada, seja por fraqueza de quem oferece essas facilidades para não magoar.
A resposta para tal comportamento está, muitas vezes, relacionada ao processo de criação daquele indivíduo. De acordo com Juliana Gebrim, psicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), crianças criadas de formas inadequadas podem desenvolver uma falta de habilidades sociais e emocionais. Além disso, muitas vezes elas sentem dificuldade em lidar com a frustração, a negação de desejos e também não se sentem preparadas para enfrentar desafios do mundo real.
“As crianças mimadas podem ter dificuldade em construir relacionamentos saudáveis, pois podem ter uma expectativa constante de gratificação imediata. A falta de independência pode resultar em uma autoestima frágil, já que essas crianças podem se tornar inseguras e dependentes da aprovação externa. A vida adulta pode apresentar desafios, pois enfrentarão dificuldades em lidar com adversidades e responsabilidades”, explica.
Segundo Gebrim, a dificuldade de adaptação e as exigências das pessoas mimadas podem ser percebidas na infância e solucionadas. “Sinais como dificuldade em lidar com a frustração, falta de empatia, comportamento exigente, recusa em ajudar nas tarefas e falta de apreciação indicam a possibilidade da criança estar mimada. Essas atitudes podem influenciar negativamente o desenvolvimento, prejudicando a capacidade da criança de enfrentar desafios, compreender as necessidades dos outros e desenvolver um senso de responsabilidade”, destaca a profissional.
A psicóloga é a favor de usar estratégias para evitar que as crianças tenham um mau comportamento quando adultas, como estabelecer regras consistentes e promover a responsabilidade desde cedo. “Além disso, os pais devem modelar comportamentos positivos, demonstrar empatia e ensinar sobre gratidão, promovendo uma abordagem equilibrada para ajudar as crianças a se tornarem adultos independentes, responsáveis e conscientes das necessidades dos outros”, diz.
Em programas como o BBB, um dos principais motivos de confusões é a dificuldade das pessoas mimadas em aceitar as normas de convivência do ambiente e precisar cooperar com os demais indivíduos. “Estabelecer limites desde cedo também contribui para a formação de valores e normas sociais, pois a criança internaliza princípios éticos e aprende sobre a importância do respeito mútuo e da cooperação”, indica Gebrim.
A psicóloga explica que estabelecer limites claros e consistentes proporciona um senso de segurança e previsibilidade, o que permite que a criança compreenda o que é esperado dela e o que pode ou não fazer. “Esses limites consistentes promovem a autonomia e a responsabilidade. Assim, ao aprender sobre consequências para suas ações, a criança desenvolve um senso de controle e compreende que suas escolhas têm impacto no ambiente ao seu redor“, ressalta.
Mesmo sendo necessário estabelecer limites claros, desenvolver a responsabilidade das crianças e desencorajar comportamentos inadequados, a psicóloga destaca que é crucial garantir que necessidades básicas, como alimentação, sono e afeto, sejam prontamente atendidas.
Além dos pais terem que ficar atentos às atitudes dos filhos, também é de extrema necessidade que eles repensem os próprios comportamentos para que as crianças não imitem atitudes inadequadas. Como na infância os pais são a principal inspiração das crianças, é importante que eles passem os valores não apenas com palavras, mas também com ações.
Finalizo com este atualíssimo texto escrito por Ellen G. White há mais de 150 anos:
"Nesta época rebelde, os filhos que não receberam a devida instrução e disciplina, têm bem pouca compreensão de sua obrigação para com os pais. Dá-se muitas vezes que, quanto mais os pais fazem por eles, tanto mais ingratos são, e menos os respeitam. As crianças que foram mimadas e servidas, esperam sempre isto; e caso sua expectativa não se realize, ficam decepcionadas e perdem o ânimo. Essa mesma disposição se manifestará através de toda a sua vida; serão impotentes, dependendo do auxílio de outros, esperando que outros os favoreçam, e lhes façam concessões. E caso encontrem oposição, mesmo depois de atingirem a idade adulta, julgam-se maltratados; e assim atravessam penosamente o caminho pelo mundo, mal sendo capazes de levar as próprias cargas, murmurando e irritando-se frequentemente porque tudo não vai à medida de seus desejos.
Pais imprudentes estão ensinando a seus filhos lições que se lhes demonstrarão nocivas, e plantando ao mesmo tempo espinhos para os próprios pés. Julgam que, mediante o satisfazer aos desejos dos filhos, e deixá-los seguir as próprias inclinações, podem granjear-lhes o amor. Que erro! As crianças assim mimadas crescem sem restrições aos seus desejos, insubmissas na disposição, egoístas, exigentes e autoritárias, uma maldição para si mesmas e para os que as cercam. Em grande parte, os pais têm nas mãos a futura felicidade de seus filhos. Repousa sobre eles a importante obra de formar o caráter dos mesmos. Os ensinos ministrados na infância os acompanharão através da vida. Os pais semeiam as sementes que brotarão e darão frutos, seja para bem, seja para mal. Eles podem habilitar seus filhos e filhas para a felicidade ou para a miséria" (Testemunhos para a Igreja 1, pp. 392-393).
[Com informações de Metrópolis]
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