segunda-feira, 11 de março de 2024

LIÇÕES DO RAMADÃ

O Ramadã, um mês sagrado para os muçulmanos do mundo inteiro, começou neste domingo (10). Os praticantes vão fazer jejum entre o nascer e o pôr-do-sol, aumentar a quantidade de orações e se esforçar mais em praticar caridade, um dos preceitos da religião.

Entre os pilares do Islamismo talvez o mais “famoso” seja o Ramadã. Todos os muçulmanos devem praticá-lo, à exceção apenas de crianças abaixo de dez anos, pessoas doentes, mulheres grávidas (ou em período pós-parto) ou durante a menstruação (quando estão cerimonialmente impuras) para buscarem a Alá. Durante todo muçulmano deve se abster de qualquer tipo de comida, bebida, cigarro, etc. do amanhecer ao cair da noite. Até mesmo as relações sexuais são proibidas. A obediência às regras são tão sérias que, se um muçulmano for pego comendo ou bebendo algo em público, ele é preso.

Ao cair a noite tudo muda no país. Durante o Ramadã apenas duas refeições são servidas nas casas. As famílias se reúnem logo ao pôr-do-sol para o “café da manhã” e a outra refeição principal acontece um pouco antes do nascer do sol por volta das 3 horas da manhã. Mas o Ramadã não transforma apenas a rotina e os horários das famílias. O comércio também é afetado durante esse período. Restaurantes, lanchonetes, shoppings, etc. abrem e fecham suas portas em horários diferenciados. Os órgãos públicos iniciam suas atividades somente a partir das 10 horas da manhã e alguns permanecem fechados até o meio-dia quando então lentamente iniciam as atividades. Apenas os serviços essenciais à população funcionam nos horários convencionais.

Nos dez últimos dias do Ramadã, os muçulmanos devem dedicar o maior tempo possível para se aproximar de Alá. Devem ir à mesquita com mais frequência e dedicar mais tempo à leitura do Corão. No final dos 30 dias, começa a festa de “Id al-Fítãr” que se estende por três dias, e marca a quebra do jejum na comunidade. Esse período é considerado feriado nacional e todas as famílias começam a visitar-se mutuamente. Sobre os homens da casa (pais, avôs, tios e irmãos) repousa a responsabilidade de presentear cada criança da família com dinheiro.

Especialmente as meninas devem recebê-lo como uma demonstração de que sempre terão o apoio e o cuidado dos homens da “casa”. Durante o Ramadã, as famílias muçulmanas devem dar esmolas no valor de uma refeição aos pobres. Aqueles que por alguma razão (viagem para o exterior, trabalho, doença, etc.) não puderem jejuar durante o Ramadã, devem doar o valor das suas refeições também aos pobres.

Neste ano, o Ramadã acontece em meio à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O conflito começou depois que os terroristas invadiram e mataram israelenses, em outubro. Meses depois, a guerra deixou grande parte de Gaza em ruínas e criou uma catástrofe humanitária, com muitos palestinos sem ter o que comer.

Os muçulmanos deverão aumentar suas doações para os palestinos por causa da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, além de incorporar símbolos palestinos.

O nono mês do calendário, quando o Ramadã inicia, é um mês bastante importante porque nele ocorreu a primeira revelação do Corão ao profeta Maomé. Mas a essa altura você deve estar se perguntando: por que jejuar durante um período tão longo? O que representa esse jejum? Na teoria, a ideia é fazer com que aqueles que tem mais posses e recursos financeiros possam sentir na pele durante 30 dias o que o pobres sentem durante todo o ano. Mas isso é na teoria apenas. Segundo o relato de alguns muçulmanos, o Ramadã perdeu em muito o seu significado espiritual e se tornou apenas uma “celebração popular” com fins comerciais.

Artigos de decoração para casa e alimentos para refeições especiais que serão desfrutados apenas com a família e os amigos são vendidos como em nenhum outro período no ano. Para se ter uma ideia, algumas redes de comunicação exibem programas exclusivos somente nesse período. Todas as noites são consideradas pelas emissoras como “horário nobre” elevando o faturamento como em nenhum outro mês no ano.

Isso tudo me leva a pensar se algumas das coisas que fazemos na nossa vida cristã também não perderam o real significado e propósito. Pergunte-se com sinceridade: qual a verdadeira razão para ir à igreja? Suas orações são repetições mecânicas e artificiais ou uma sincera expressão do que você está vivenciando e sentindo? Na teoria tudo é sempre mais fácil e mais bonito, mas o que vale realmente é a intenção e a prática. 

Ellen G. White diz: "Os cristãos precisam ser luzeiros, expondo as palavras da vida. O mundo não será convencido com o que o púlpito ensina, e, sim, com o que a igreja vive. O caminho para o Céu é claro ou escuro, na exata proporção em que a igreja emite uma luz clara e forte, ou incerta e intermitente. O pregador no púlpito anuncia a teoria do evangelho, mas a piedade prática da igreja demonstra o poder da verdade, mostrando seu real valor" (Este Dia com Deus, p. 79).

Pense nisso.

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