quarta-feira, 11 de setembro de 2024

LIÇÕES DE UM JOVEM NU

“Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus. Quando tentaram prendê-lo, ele fugiu nu, deixando o lençol para trás” (Marcos 14:51, 52).

A cidade de Jerusalém estava vivendo a noite mais dramática de sua história. Judas liderava a turba de sacerdotes e soldados que iam prender Jesus. Já era noite. Muitas pessoas apenas observaram a cena, mas um jovem não se conteve. Do jeito que estava, enrolado em um lençol, pulou de sua cama e infiltrou-se no meio da turba que estava levando Jesus preso. Ele não se deu conta de que estava indevidamente vestido e de que poderia ser exposto ao vexame.

"O lençol era de linho, tecido usado apenas por pessoas ricas. Este jovem saiu sem as roupas de baixo, um indicativo de que havia se vestido com pressa para seguir Jesus. A tradição diz que pode ter sido João Marcos. Esta é a única passagem nos evangelhos na qual encontramos uma menção ao incidente" (Bíblia de Estudo Andrews).

Esse jovem é um símbolo daqueles que seguem a multidão, mas sem saber direito o que está acontecendo. Ele representa os seguidores ocasionais e os discípulos de plantão. O jovem estava seguindo a Jesus, mas sem medir as consequências. Estava vestido inconvenientemente e despreparado para enfrentar as dificuldades. Esse texto nos ensina algumas lições:

Primeira - os que se cobrem com um lençol representam os que seguem a Cristo sem compromisso. Aquele jovem tornou-se um discípulo casual, de improviso, que seguia a Jesus movido apenas pela curiosidade. Ainda hoje, muitos estão na igreja, mas não seguem a Jesus de verdade. Estão no meio da multidão, mas não têm qualquer aliança com Ele.

Segunda - os que se vestem com um lençol são um símbolo daqueles que vivem superficialmente. O lençol era a única cobertura que aquele jovem possuía; portanto, era uma proteção superficial. Quando lhe arrancaram o lençol, não havia mais nada para lhe proteger a vergonha. Hoje, ainda há muitas pessoas que vivem uma vida rasa, descomprometida, superficial. Têm apenas um verniz, uma aparência de piedade, mas nenhuma essência de santidade.

Terceira - aqueles que se cobrem com um lençol são adeptos do pragmatismo. Eles preferem o que certo em lugar do que é certo. Não era certo sair de lençol, mas naquele momento deu certo. Era noite, e ele pensou que poderia passar despercebido. O lençol enrolado no corpo, à noite, parecia uma vestimenta decente. Sua ética era a ética do momento, da conveniência. Muitos ainda hoje agem da mesma forma. Estão mais preocupados com resultados do que com a Verdade; buscam mais a conveniência pessoal do que fazer o que é certo diante de Deus.

Quarta - aqueles que se cobrem com um lençol são um símbolo daqueles que não podem se defender. Aparentemente favorecido pela escuridão, na verdade o jovem viu-se indefeso quando foi atacado. Ao precisar usar suas mãos, o lençol caiu e ele ficou nu. Eram suas mãos que faziam com que o lençol aderisse ao corpo. Ao liberar as mãos, o lençol caiu e ele ficou vulnerável, exposto, desprotegido. O inimigo agarrou o lençol, a única coisa que lhe protegia. Ficou nu. Fugiu nu.

As máscaras podem nos esconder por um tempo, mas ninguém consegue prendê-las com plena segurança. Uma hora a máscara cai e deixa a pessoa em maus lençóis, ou pior, sem lençol. Muitos se infiltram no meio da multidão despreparados para a luta. Na hora da crise, quem estiver trajando apenas um lençol ficará exposto ao opróbrio e à vergonha.

Você precisa trajar toda a armadura de Deus! Você precisa ser um discípulo de verdade, um seguidor de Cristo pronto a viver e morrer com Ele e por Ele, sem precisar fugir envergonhado.

Séculos antes dessa ocorrência, no Éden, Adão e Eva se viram despidos de sua pureza e santidade (Gn 3:7). Então, “sentiam temor pelo futuro, a falta de alguma coisa, uma nudez de alma. […] Sentiram uma carência que nunca tinham experimentado antes” e tomaram eles mesmos providência para cobrir a nudez (Ellen White, História da Redenção, p. 38). No Apocalipse, a igreja de Laodiceia esconde a própria nudez, sob as vestes tecidas dos próprios méritos (Ap 3:18). Entretanto, nem folhas de figueiras de um cristianismo superficial nem as finas vestes laodiceanas de nossos melhores feitos cobrem a nudez espiritual. A graça de Cristo é a única cobertura a que devemos recorrer.

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