sexta-feira, 20 de setembro de 2024

QUEM FOI JOSÉ DE ARIMATEIA

José de Arimateia é um personagem bíblico citado no Novo Testamento, lembrado sempre por sua participação no episódio do sepultamento de Jesus. Embora não se saiba muita coisa acerca de quem foi José de Arimateria, pelos poucos relatos bíblicos que temos sobre ele poderemos conhecer um pouco mais sobre sua história.

A história de José de Arimateia
José de Arimateia foi um judeu, senador, ou seja, membro do Sinédrio (a Suprema Corte dos judeus) e um homem rico da época. Ellen White o chama de "rico e influente senador dos judeus e verdadeiro discípulo de Jesus" (Primeiros Escritos, p 180). Vale lembrar que “Arimateia” não é seu sobrenome, e sim sua cidade de origem. Alguns defendem que essa cidade seria a antiga Ramataim-Zofim, onde Samuel nasceu (1Sm 1:1,19), entretanto sua localização é incerta.

José de Arimateia é mencionado no Novo Testamento nos quatro Evangelhos. São exatamente essas passagens que nos fornecem detalhes acerca de seu perfil. O Evangelho de Lucas o descreve como um “homem bom e justo” (Lc 23:50), e que, apesar de ser membro do Sinédrio, ele não votou a favor da condenação de Jesus. Lucas ainda completa nos dizendo que José de Arimateia era alguém que esperava o Reino de Deus (Lc 23:51). Na passagem paralela no Evangelho de Marcos, José de Arimateia é descrito como um “senador honrado” (Mc 15:43).

No Evangelho de Mateus temos a informação acerca de seu poder aquisitivo, sendo descrito como um homem rico e também discípulo de Jesus (Mt 27:56). O Evangelho de João ressalta que José de Arimateia era um “discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus“ (Jo 19:38).

O medo que José de Arimateia sentia, e que o levava a ser um discípulo “secreto” de Jesus, estava relacionado à possibilidade de que, caso descoberto, os outros membros do Sinédrio o expulsariam do conselho, e até mesmo da sinagoga. Comportamentos semelhantes ao de José podem ser notados em outras passagens bíblicas (Jo 7:13; 9:22; 20:19).

José de Arimateia e o sepultamento de Jesus
A Bíblia nos informa que, após a morte de Jesus, José de Arimateia foi a Pilatos para pedir o seu corpo a fim de que pudesse sepultá-lo (Mt 27:57,58; Mc 15:43; Lc 23:52; Jo 19:38). O Evangelho de Marcos enfatiza que essa foi uma atitude ousada por parte dele. Talvez essa ousadia esteja relacionada com o fato de que José tinha sido um discípulo oculto de Jesus, e, com tal atitude, seus colegas do Sinédrio ficariam sabendo do ocorrido. Ellen White também afirma que "José de Arimateia foi em particular, mas com ousadia, a Pilatos, e pediu-lhe o corpo do Salvador. Não ousou ir abertamente por causa do ódio dos judeus" (Primeiros Escritos p. 180).

Após comprovar que Jesus realmente estava morto (Mc 15:44), Pilatos concedeu a permissão para que José de Arimateia o sepultasse. José, juntamente com outras pessoas, se se dirigiram ao Calvário para que pudessem retirar o corpo da cruz. Ellen White conta que Pilatos satisfez ao pedido, e os discípulos tiraram da cruz o corpo inerte, enquanto com profunda angústia lamentavam suas desfeitas esperanças. Cuidadosamente foi o corpo envolto em linho fino, e posto no sepulcro novo de José" (Primeiros Escritos, p. 180).

Na tarefa de preparação do corpo, José contou com o auxilio de outro membro do Sinédrio, Nicodemos (Jo 19:39), que forneceu as especiarias que serviram para a unção do corpo, enquanto José de Arimateia preparou o linho fino que envolveu o corpo de Jesus, e também providenciou o seu próprio tumulo particular. Ellen White diz: "Com José de Arimateia, Nicodemos tinha feito face às despesas do sepultamento de Jesus. Os discípulos estavam temerosos de se mostrarem abertamente como seguidores de Cristo, mas Nicodemos e José corajosamente vieram em seu auxílio. O concurso desses ricos e honrados homens era grandemente necessário naquela hora de trevas. Eles puderam fazer por seu Mestre morto o que teria sido impossível para os pobres discípulos; e sua riqueza e influência os protegeram, em grande medida, da maldade dos sacerdotes e príncipes" (Ato dos Apóstolos, p. 57).

Aqui, vale ressaltar que os judeus preparavam seus mortos de maneira diferente dos egípcios. Os judeus enrolavam o linho fino envolta do corpo, como uma bandagem, que espalhava pelo próprio corpo as especiarias, no caso a mistura de mirra e aloés. Já os egípcios, embalsamavam seus mortos removendo o cérebro e as entranhas.

Outro ponto que também merece atenção, é o sepulcro fornecido por José de Arimateia. Sabemos que esse sepulcro era cavado na rocha, e que até então não havia sido usado (Mt 28:57-60), um lugar propício para receber um corpo que não sofreria decomposição (Sl 16:10). O fato de ter sido cedido por José de Arimateia, nos faz lembrar claramente do que fora dito pelo Profeta Isaías de que “com o rico esteve em sua morte” (Is 53:9).

Após depositarem o corpo de Jesus no tumulo, uma pedra muito pesada foi usada para lacrá-lo. A entrada do túmulo era bem baixa, como fica evidente na descrição de Maria precisando abaixar-se para olhá-lo por dentro (Jo 20:11).

Onde ficava o tumulo de Jesus cedido por José de Arimateia?
Apesar de muita especulação acerca da localização do sepulcro fornecido por José de Arimateia, nada se sabe de concreto. Na verdade, essa dificuldade ocorre pelo fato de que também não se sabe onde exatamente ficava o Calvário. Tudo o que sabemos é que o sepulcro fica nas proximidades do Calvário.

Atualmente em Jerusalém, alguns pontos turísticos são identificados como sendo os locais originais descritos nos relatos bíblicos, entretanto nada pode ser comprovado com exatidão. Muitos estudiosos defendem que a localização original do tumulo em que Jesus foi sepultado é impossível de ser determinada.

Creio que é melhor assim, pois se o local fosse conhecido com exatidão não consigo imaginar tamanha honra que lhe seria atribuído. Para nós, o importante não deve ser a localização, mas a certeza de que Ele não está mais lá. Ellen White conclui dizendo: "Fora do inutilizado túmulo de José de Arimateia, Jesus afirmou triunfante: 'Eu sou a ressurreição e a vida'” (Um Convite à Diferença, p. 55).

[Com informações de Estilo Adoração]

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