terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

TEMOS LIVRE-ARBÍTRIO OU SOMOS ESCRAVOS DO PECADO?

A capacidade de escolher é a maior das faculdades com as quais Deus nos dotou. Com o livre-arbítrio, definimos nosso destino.

Contudo, iludidas pelo poder de escolher o que desejarem, muitas pessoas se esquecem de que más escolhas não levarão a um bom destino. Deus alertou claramente sobre as consequências de cada escolha e colocou sobre nós a responsabilidade pelas escolhas. A semeadura seria voluntária, mas não a colheita.

Com uma natureza corrompida por milhares de gerações, que capacidade temos de usar o livre-arbítrio para escolher o bem? Nossas escolhas são formadas com base em nossa percepção de fraquezas, gostos e desgostos; naquilo que conhecemos, sentimos, amamos e desejamos; ou seja, nossa vontade não é livre de nós mesmas. Na verdade, ela é escrava de nossa natureza carnal, a qual deseja o pecado.

Obedecer a Deus é um ato da vontade humana. Mas como O receberemos de boa vontade tendo essa natureza que nasceu inimiga Dele? Por isso, é impossível querermos agradá-Lo, sem a prévia atuação da Sua graça em nós. Caso contrário, somente seremos reféns de nossas malignas escolhas.

Embora Deus saiba das escolhas más que faremos, não somos predeterminados à perdição. São nossas escolhas conscientes que nos levarão a esse destino. A queda do ser humano ocorreu quando ele utilizou o livre-arbítrio para ouvir os enganos de Satanás. Mas o caminho da salvação foi aberto, por Jesus, por meio do livre-arbítrio.

Fomos totalmente corrompidos pelo pecado? E nosso livre-arbítrio? Temos, ainda, a habilidade de escolher entre o bem e o mal?

O tema sobre o efeito do pecado sobre nós, e sobre a natureza do livre arbítrio tem sido estudado e discutido há séculos, sem uma conclusão unânime. Vou compartilhar alguns conceitos para estimular seu pensamento. Quero iniciar com um paradoxo: A Bíblia afirma que temos livre-arbítrio, mas ensina que somos escravizados pelo pecado. Considere o paradoxo e pense sobre ele.

1. Escravizados pelo Pecado
A queda de Adão e Eva alterou radicalmente a natureza humana. O coração, centro racional e volitivo do ser humano, foi corrompido: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). O dano foi irreparável; os seres humanos não são apenas incapazes de se compreenderem, também enganam-se uns aos outros. Nenhuma dimensão da natureza humana ficou livre do toque do pecado; assim, ninguém é justo (Romanos 3:10) ou naturalmente busca a Deus (Salmos 53:2-3; Efésios 2:1-3).

O pecado é uma realidade humana. Isaías escreveu: “Somos como o impuro – todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Isaías 64:6); até os melhores seres humanos estão contaminados com nosso estado pecaminoso. Há uma inimizade natural contra Deus no coração humano que nos incapacita de procurar e de fazer o bem, ou de nos submetermos à Sua vontade (Romanos 8:7). Somos controlados pelos desejos pecaminosos e egoístas de nossa natureza caída (Romanos 8:6-8). A situação é desesperadora porque não há nada que possamos fazer para mudar essa realidade (Jeremias 13:23). Os seres humanos vivem sob o domínio do pecado, governados por um déspota e incapazes de fazer o que, talvez, gostariam de fazer (Romanos 6:16; conforme Romanos 7:18-23).

E o livre-arbítrio?

2. A Situação do Livre-Arbítrio
Permita-me dar uma definição de livre-arbítrio: é o poder de escolha, independente de condições e forças internas ou externas as quais não podemos controlar. Se, é verdade que somos escravizados pelo pecado, então, é difícil falar sobre liberdade de escolha. Mas, se este é realmente o caso, é impossível falar de nossa responsabilidade sobre nossos atos. No entanto, a doutrina bíblica de julgamento e castigo admite que temos livre-arbítrio. Podemos argumentar que o pecado não obliterou a imagem de Deus em nós e, portanto, temos livre arbítrio (Romanos 3:23). Se ele faz parte da imagem de Deus e de nossa humanidade, então ainda o temos. Isso, porém, deve ser apropriadamente compreendido. O livre-arbítrio que temos, está deteriorado e corrompido. A pergunta agora é: quão deteriorado está ele?

Deixa-me sugerir algo: O pecado mudou a ênfase da função do livre-arbítrio, das decisões altruístas que beneficiavam os outros, para a autopreservação. A situação é tal que não há nada que possamos fazer a respeito. O livre-arbítrio ainda está sob o poder do pecado!

3. Deus Conosco
Se o livre-arbítrio é a ferramenta para atualizar meu egoísmo e minha corrupção, então não é livre coisa nenhuma, e a questão de sermos responsáveis por nossos atos não foi resolvida. Como saímos desse dilema? “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:25). Após a queda, o Filho de Deus não nos abandonou (Apocalipse 13:8). Desde aquele momento Deus está trabalhando no coração humano, convidando cada indivíduo para a verdadeira liberdade do poder do pecado. Por meio do trabalho do Espírito, Deus tem criado nos corações humanos o desejo e a disposição de escolher o bem. Essa graça divina invade o planeta, toma a iniciativa, alcança cada indivíduo (João 1:9), e desperta o livre-arbítrio, capacitando os seres humanos a escolher a Cristo ou a continuarem sendo escravos do pecado, que é sua tendência natural. Esse silencioso trabalho do Espírito faz-nos responsáveis por nossas decisões.

Verdadeira liberdade há somente em Cristo.

"A capacidade de discernir entre o que é reto e o que não o é, podemos possuí-la unicamente pela confiança individual em Deus. Cada um deve aprender por si, com auxílio dEle, mediante a Sua Palavra. A nossa capacidade de raciocinar foi-nos dada para que a usássemos, e Deus quer que seja exercitada. Confiando nEle, podemos ter sabedoria para rejeitar o mal e escolher o bem" (Ellen G. White - Educação, p. 231).

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

REBATISMO

A Bíblia diz que há um só batismo, isto é, apenas uma forma de batismo (por imersão), mas podemos compreender pelas Escrituras que há respaldo bíblico para o rebatismo quando alguém compreende mais profundamente as Escrituras Sagradas.

O rebatismo é mencionado especificamente apenas em Atos 19:1-7, onde o apóstolo Paulo o sanciona para um grupo de crentes cujo batismo de arrependimento tinha sido feito previamente por João. Em adição ao arrependimento, o batismo cristão está associado a uma compreensão e a um comprometimento pessoal em relação ao evangelho e aos ensinamentos de Jesus e ao recebimento do Espírito Santo. Com esse discernimento ampliado e compromisso, o rebatismo é aceitável.

A experiência de Jesus nos revela que o batismo pela água e o batismo pelo Espírito devem andar juntos, e que o batismo que não veio acompanhado da recepção do Espírito Santo constitui uma experiência incompleta. Essa foi a razão do primeiro rebatismo. Na cidade de Éfeso, o apóstolo Paulo encontrou doze efésios, que tinham sido batizados no batismo de João para arrependimento. Aqueles homens lhe pareciam ser discípulos, mas por ter dúvidas acerca da posição deles como cristãos, passou a examinar com mais cuidado as suas alegações.

Paulo perguntou-lhes: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus” (Atos 19:2-4). Aquelas pessoas não conheciam a Cristo nem ao Espírito Santo. Como faltavam esses dois elementos ao batismo dos efésios, Paulo considerou inválido o batismo deles e os rebatizou. Paulo os rebatizou depois que obtiveram um entendimento mais completo.

Indivíduos vindos de outras comunidades cristãs
Com bases bíblicas, pessoas de outras comunidades cristãs que tenham abraçado as crenças adventistas do sétimo dia e que tenham sido previamente batizadas por imersão podem solicitar o rebatismo.

Os exemplos abaixo, no entanto, sugerem que o rebatismo pode não ser obrigatório. É evidente que o episódio de Atos 19 foi um caso especial, pois é relatado que Apolo tinha recebido o batismo de João (At 18:25), e não há registro de que tenha sido rebatizado. Aparentemente, mesmo alguns dos apóstolos receberam o batismo de João (Jo 1:35-40), mas não há informação de que tenham sido rebatizados.

Se um novo crente aceitou novas verdades importantes, Ellen G. White apoia o rebatismo à medida que o Espírito induz o novo crente a pedi-lo. Isso se enquadra no padrão de Atos 19. Uma pessoa que experimentou previamente o batismo por imersão avaliará sua nova experiência religiosa e decidirá se deseja o rebatismo. Não se deve insistir nesse ponto.

“Isto é um assunto em que cada indivíduo precisa conscienciosamente tomar sua atitude no temor de Deus. Deve ser cuidadosamente apresentado no espírito de benignidade e amor. Portanto, o dever de insistir não pertence a ninguém senão a Deus; dai-lhe oportunidade de atuar por meio de Seu Espírito Santo na mente, de modo que o indivíduo seja perfeitamente convencido e satisfeito no que respeita a esse passo avançado” (Evangelismo, p. 373).

Apostasia e rebatismo
Embora tivesse havido apostasia na igreja apostólica (Hb 6:4-6), as Escrituras não comentam a questão do rebatismo. Ellen G. White apoia o rebatismo de pessoas que se afastaram da igreja e que então se reconvertem e desejam se unir novamente ao povo de Deus.

“O Senhor requer decidida reforma. E quando uma pessoa está verdadeiramente reconvertida, seja ela rebatizada. Renove ela seu concerto com Deus, e Deus renovará Seu concerto com ela” (ibid., p. 375).

Rebatismo impróprio
Com base nos ensinamentos bíblicos e na orientação de Ellen G. White, o rebatismo deverá ocorrer apenas em circunstâncias especiais e será relativamente raro. Administrar o batismo repetidamente ou com motivação emocional deprecia seu significado e representa incompreensão da solenidade e significado que as Escrituras atribuem a ele. Um membro cuja experiência espiritual se tornou fria necessita de um espírito de arrependimento que o conduzirá ao reavivamento e reforma. Essa experiência será acompanhada pela participação na cerimônia da comunhão para indicar uma purificação renovada e comunhão no corpo de Cristo, fazendo com que o rebatismo seja desnecessário.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

SEJA COERENTE

Algumas pessoas levam uma vida dupla - uma é a vida pública, considerada "verdadeira", e a outra é a vida escondida, que deve ser mantida em segredo. Entretanto, por que alguns indivíduos se comportam assim? James Harvey Robinson (1863-1936) sugeriu: "O discurso dá ao ser humano um poder único de viver uma vida dupla, na qual se diz uma coisa e faz outra." De modo geral, vidas e discursos duplos normalmente derivam da tendência humana de acobertar comportamentos pecaminosos e imorais. Há muitas maneiras de desenvolver uma vida paralela, escondida.

Charles H. Spurgeon, em seu livro John Ploughman's Talk (Conversa de John Ploughman), traz um capítulo intitulado "Homens com Duas Faces", no qual adverte: "Em alguns homens, só se pode confiar enquanto eles podem ser vistos, e não além, pois novas companhias os transformam em pessoas diferentes. Assim como a água, eles fervem ou congelam de acordo com a temperatura." E acrescenta: "Não são todos que frequentam a igreja ou os cultos que oram de verdade, nem são aqueles que cantam mais alto os que mais louvam a Deus, nem os que mostram as expressões faciais mais chamativas que mais anseiam pelo Senhor." 

Ellen White diz: "O cristão ‘superficial’ pode não se distinguir agora com facilidade dos verdadeiros cristãos, mas está às portas o momento em que a diferença será evidente" (Um Convite à Diferença, p. 102). Realmente não sei até que ponto você tende a levar uma vida dupla. Talvez esse não seja seu caso. Mas se você tem permitido que um pecado acariciado corroa sua integridade moral e espiritual, gostaria de convidá-lo a entregar sua vida particular ao Senhor hoje, pedindo-lhe forças para vencer suas fraquezas. Se possível, busque aconselhamento pastoral. 
"Portanto, façam e observem tudo o que eles disserem a vocês, mas não os imitem em suas obras; porque dizem e não fazem" (Mateus 23:3).
O jargão “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” ilustra a realidade de muitas pessoas que encantam outros com suas palavras, mas os decepcionam com suas atitudes. Essa hipocrisia é ainda mais grave do que falhar em ambos os aspectos, pois revela uma falsa piedade. Além disso, há aqueles que mantêm uma aparência de perfeição diante do Senhor, mas pecam pela incoerência de um coração corrupto. Essas posturas são extremamente prejudiciais ao caráter e à pregação do evangelho. Ellen White adverte: "Deus não Se deixa enganar pela aparência de piedade. Não comete erros em Sua apreciação do caráter. Os homens podem ser enganados pelos que são de coração corrupto, mas Deus penetra todos os disfarces e lê a vida íntima" (Cristo em Seu Santuário, p. 115). 

Certa vez, um missionário encontrou-se com Mahatma Gandhi na Índia e perguntou: “Gandhi, o senhor sempre cita as palavras de Cristo, mas por que resiste tão duramente em se tornar Seu seguidor?” Gandhi respondeu: “Oh! Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas acredito que muitos de vocês, cristãos, são bem diferentes de Jesus.” 

Nossa vida tem promovido a crença ou a descrença? Infelizmente, estamos imersos em um oceano de palavras e, ao mesmo tempo, em um deserto de vivências. Essa reflexão não busca invalidar todos os discursos, mas, sim, eliminar o vazio que frequentemente os acompanha. Tenha cuidado com a hipocrisia, pois ela sempre será confrontada por Cristo. Não divorcie suas palavras de suas ações, pois essa separação acabará resultando em um divórcio com Jesus.
"Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!" (Salmos 32:2).

“Hipocrisia” vem do grego hupokrisía, vocábulo que tem o sentido de “alguém que desempenha um papel”. Ou seja, em resumo, hipocrisia tem a ver com fingimento. É uma coisa meio teatral, quando você finge ser, sentir ou pensar algo que não condiz com a realidade. Ellen G. White alerta: “Somente o poder de Deus pode expulsar o egoísmo e a hipocrisia. Essa mudança é o sinal de Sua atuação. Quando a fé que aceitamos destrói o egoísmo e o fingimento, quando nos leva a buscar a glória de Deus e não a nossa, podemos saber que é verdadeira” (O Desejado de Todas as Nações, p. 325).

Na vida espiritual, não há nada pior que a falta de autenticidade e compromisso. Não dá para cantar na igreja de manhã e frequentar a balada de noite. Não dá para meditar na Palavra de Deus ao acordar e gastar tempo com leituras ou imagens impróprias antes de dormir. Não dá para bendizer as obras de Deus com a mesma língua que usamos para amaldiçoar a vida daqueles que odiamos, sabendo que, apesar de tudo, Deus os ama. Isso gera uma dissonância cognitiva que o inimigo de Deus usará para nos derrubar.

Lembre-se hoje de que, quando as palavras saem de nossos lábios, elas só são levadas a sério quando há harmonia entre o que falamos e o que vivemos. Quando discurso e prática se contradizem, obstruímos o caminho dos interessados pelo evangelho e confundimos aqueles que seguem a verdade. O conselho inspirado é: 
"Aproximem-se de Deus, e Ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração" (Tiago 4:8, NVI).
O Senhor é capaz de trazer consistência a suas tendências inconsistentes, para que sua vida particular entre em plena harmonia com sua imagem pública. O preço que você pagará ao abrir mão de seus pecados não é nada em comparação à paz de espírito que irá ganhar!

Que suas palavras e atitudes sejam coerentes, especialmente com a vontade de Deus. Viver uma vida dupla vai levá-lo a lugar nenhum duas vezes mais depressa.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

89 SEGUNDOS

O grupo de cientistas nucleares Bulletin of the Atomic Scientists atualizou o Relógio do Juízo Final nesta última terça-feira, 28 de janeiro, para mais perto da meia-noite: agora são 89 segundos. Nos últimos dois anos, o relógio marcou 90 segundos para a meia-noite.

Os cientistas citaram ameaças nucleares russas em meio à invasão da Ucrânia, tensões em outros pontos críticos do mundo, aplicações militares de inteligência artificial e mudanças climáticas como fatores subjacentes aos riscos de catástrofe global.

"Os fatores que influenciaram a decisão deste ano – risco nuclear, mudanças climáticas, possíveis usos indevidos da ciência biológica e novas tecnologias como a inteligência artificial – não são novidades. No entanto, vimos poucos avanços para enfrentar esses desafios, e, em muitos casos, a situação está piorando", explicou Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Boletim.

No campo climático, 2024 foi o ano mais quente já registrado, segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU. "Embora tenha havido um crescimento notável na energia eólica e solar, o mundo ainda não está fazendo o suficiente para evitar os piores impactos das mudanças climáticas", destacou Holz.

O que é o Relógio do Juízo Final
O Relógio do Juízo Final é uma metáfora do quão próxima está a humanidade da autoaniquilação. Quanto mais perto da meia-noite estiverem os ponteiros do relógio, mais próximo estaria também o mundo do seu fim.

A cada ano, a junta de ciência e segurança do Boletim e seus patrocinadores, entre os quais figuram 11 prêmios Nobel, tomam a decisão de reposicionar os ponteiros deste relógio simbólico.

Ele foi criado em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial. Na época, faltavam sete minutos para a meia-noite. O relógio chegou a ficar a 17 minutos para o horário do apocalipse depois do fim da Guerra Fria, em 1991.

Todos os anos, o anúncio destaca a complexa teia de riscos catastróficos enfrentados pela humanidade, incluindo armas de destruição em massa, colapsos ambientais e tecnologias problemáticas.

Ampulheta profética 
Fiquem abaixo com uma meditação espiritual sobre esse assunto feita pelo pastor e escritor Odailson Fonseca em seu perfil no instagram:

Mais uma vez na História, o Relógio do Fim do Mundo parou de contar minutos. Desde 1947, quando tudo começou com “sete minutos” após a bomba atômica, os cientistas do planeta alertam os únicos habitantes da Terra capazes de aniquilá-la. Sim, o ser humano pode se autodestruir. Se da COVID-19 ao conflito na Ucrânia o Doomsday Clock chegou a assustadores 1:30 minutos para a meia-noite, agora a destruição total está mais próxima.⁣
89 SEGUNDOS.⁣
É alarmante demais nos depararmos com a gravidade deste anúncio. E um elemento novo preocupou a Ciência além das guerras, clima, desastres e economia. Sabe o quê? A Inteligência Artificial não regulamentada. Com a falta de controle preventivo efetivo, ela se tornou o catalizador destes ponteiros. ⁣
Vivemos no tempo do fim ‘depois do fim do tempo’. A promessa escorre os grãos derradeiros desta ampulheta profética. São só milionésimos de segundos que ainda seguram os quatro ventos. E momentos emblemáticos assim me lembram que falta muito pouco. Pouquissimo. ⁣
Ouvi de um pastor admirável: “a geração dos trasladados já está entre nós.” Eu acredito completamente nisso. São 89 segundos para refletirmos, agirmos, corrigirmos, anunciarmos e avançarmos. São 89 pra tudo se fazer novo. 89 antes da pequena nuvem. 89 para o Céu. ⁣
“À medida que se aproxima o fim, os testemunhos dos servos de Deus se tornarão mais decididos e poderosos” (Ellen White, ME3, p. 407). Quer mais? “O Dia do Senhor virá como ladrão à noite” (1Ts 5:1). Ou seja, o cronômetro só acelera. Regressivo e implacável. E você? Está pronto para a meia-noite?⁣
Enquanto ouvimos os passos de um Deus que se aproxima, proclamemos Sua Graça encurtando todas as distâncias. Não há temor para quem conhece a profecia do fim da história. Em breve. Muito. E o recomeço será eterno. Restaurado. Purificado. Com Deus. Com infinitos minutos para sempre.⁣
Estamos preparados?⁣

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O FECHAMENTO DA PORTA DA GRAÇA

Como adventistas do sétimo dia, cremos que antes da volta de Jesus a esta Terra haverá um momento em que cessará a oportunidade de salvação para a humanidade. Será um tempo memorável, de consequências eternas. O fechamento da porta da graça é um termo que designa o fim da oportunidade de salvação para o ser humano. A raiz desse termo está na experiência de Noé no período antediluviano.
"Houve uma porta fechada no tempo de Noé. E o Senhor o fechou lá dentro. Até aquela ocasião, Deus abrira uma porta através da qual os habitantes do mundo antigo poderiam encontrar refúgio, se cressem na mensagem que Deus lhes enviara. Mas, essa porta fechou-se agora, e ninguém poderia abri-la. Findara o tempo de graça. Assim será no tempo do fim" (Manuscrito 17, 1885).

"Antes que Cristo venha, a situação será semelhante à que existiu antes do Dilúvio. E depois que o Salvador aparecer nas nuvens do Céu, ninguém terá outra oportunidade de obter a salvação. Todos terão feito suas decisões" (Eventos Finais, p. 237).

A Bíblia nos ensina a respeito do fechamento da porta da graça e das sete últimas pragas. Antes da volta de Jesus, a Bíblia anuncia o derramamento de sete pragas sobre os que rejeitaram o plano da salvação (Apocalipse 16:1 a 21). Neste tempo, os salvos já foram separados por Deus, pois os justos não sofrerão os efeitos das pragas (Salmos 91:7 a 11; 23:1 a 6). O início das pragas marca o fim do juízo investigativo e da intercessão de Cristo.

Lemos em Apocalipse 22:11 que, terminado o juízo investigativo, o “injusto continue fazendo injustiça, e o imundo sendo imundo; que o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”.

Esse evento é chamado de “fechamento da porta da graça”. Quando isso acontecer, cessará o ministério de intercessão do Espírito Santo e não haverá mais oportunidade de salvação. Jesus deixará de atuar no Santuário Celestial.

Nesse tempo, a humanidade enfrentará uma crise mundial sem precedentes, pois os anjos de Deus não mais estarão segurando os quatro ventos da Terra (Apocalipse 7:1 a 3). Iniciará, então, o tempo de angústia de Daniel 12:1.
"Pouco antes de entrarmos no tempo de angústia, todos nós recebemos o selo do Deus vivo. Então eu vi os quatro anjos deixarem de segurar os quatro ventos. E vi fomes, epidemias e espada, nação se levantando contra nação e o mundo inteiro em confusão" (Primeiros Escritos, p. 279).
As pragas serão derramadas sobre os portadores da marca da besta e os adoradores da sua imagem (Apocalipse 9:4). Sobre eles sobrevirão úlceras malignas e perniciosas. Cremos que as pragas serão literais, porém não universais. São elas: chagas malignas, mar em sangue, rios em sangue, sol como fogo, escuridão tremenda, rio Eufrates seco e terremotos.

A proteção de Deus repousará sobre Seus filhos fiéis. Entre os mandamentos de Deus está o Seu selo, que garante a proteção divina em meio aos terríveis conflitos que marcarão o final da história do pecado neste planeta. Somente aqueles que aceitam a Jesus e recebem o selo de Deus, estarão protegidos neste tempo.
"O dia da vingança de Deus está precisamente diante de nós. O selo de Deus será colocado somente na testa daqueles que suspiram e clamam por causa das abominações cometidas na Terra. Nossa maneira de proceder determinará se receberemos o selo do Deus vivo, ou seremos abatidos pelas armas destruidoras. Já algumas gotas da ira de Deus caíram sobre a Terra; quando, porém, as sete últimas pragas forem derramadas sem mistura no cálice de Sua indignação, então para sempre será demasiado tarde para o arrependimento e procura de um abrigo" (Conselhos para a Igreja, p. 342).
Na sexta e sétima pragas, há o Armagedom, uma batalha espiritual entre o bem e mal. É a última tentativa de Satanás para destruir o povo de Deus. Satanás reunirá seus seguidores, e Cristo confirmará Seus fiéis, livrando-os das mãos dos perseguidores. Tudo está preparado para a volta de Jesus (Mateus 24:29 e 30).
"No tempo de angústia, Satanás instiga os ímpios, e eles cercam o povo de Deus para destruí-los. Mas ele não sabe que foi escrito 'perdão' ao lado de seus nomes nos livros do Céu" (The Review and Herald, 19 de Novembro de 1908).
Concluída a obra de intercessão no santuário celestial, logo após o fechamento da porta da graça e o derramamento das sete pragas, Jesus receberá a ordem do Pai para cessar Sua atividade de intercessão no santuário celestial. 
"Quando Jesus deixar de interceder pelo homem, os casos de todos estarão decididos para sempre. Termina o tempo da graça; as intercessões de Cristo cessam no Céu. Quando se encerrar a obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida, ou para a morte" (Eventos Finais, p. 229).
Jesus trocará Suas vestes sacerdotais pelo manto real e sairá do santuário celestial para vir à Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele virá buscar aqueles que aceitaram a purificação do pecado oferecida por Ele e viveram de acordo com as orientações deixadas em Sua Palavra. Juntos, iniciarão uma nova vida sem a presença da dor, da morte, do sofrimento. 

O fechamento da porta da graça revela a proximidade de um aguardado encontro entre Deus e Seu povo. E apesar das lutas, problemas e dificuldades, a volta de Jesus é a bendita esperança do cristão, prenunciada pelo fechamento da porta da graça.

Prepare-se para este grande dia!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

4 RAZÕES PARA NÃO FICAR PENSANDO NO PECADO DOS OUTROS

Gastar tempo pensando no pecado, nos erros ou nos defeitos dos outros não é algo comum apenas entre cristãos. É algo comum ao ser humano. Não é por menos que existem pessoas que ganham a vida profissionalmente comentando as falhas que pessoas famosas cometem.

Mas, como cristãos, apesar de termos os aspectos morais saltando constantemente diante de nossos olhos, temos razões para não nos concentrarmos tanto em pensar sobre como as outras pessoas violam as diferentes normas que existem.

Relacionei abaixo quatro razões pelas quais não devemos gastar nosso tempo pensando nos erros dos outros. É possível que você consiga pensar ainda em outras razões. Irei me deter em comentar apenas estas quatro:

1. Quando você gasta muito tempo pensando nos erros dos outros, você acaba gastando pouco tempo pensando em seus próprios erros.

Analisar o comportamento das outras pessoas é muito mais fácil que analisar o nosso próprio comportamento. Quando estamos dentro de uma situação, nossa perspectiva é muito contaminada com nossas distorções cognitivas, nossas justificativas e crenças limitantes que interferem diretamente em nossa avaliação sobre os nossos comportamentos. Por isso, ao pensarmos sobre nossos próprios comportamentos, corremos o risco de emitirmos, rapidamente, justificativas que nos impedem de avaliar corretamente nossos maus atos.
"Enquanto muitos negligenciam sua própria alma, vigiam ansiosamente por uma oportunidade para criticar e condenar os outros. Olhai para vossos próprios defeitos. É melhor descobrirdes um de vossos próprios defeitos, do que dez de vosso irmão" (Nos Lugares Celestiais, p. 181).
Quando nós estamos do lado de fora de uma situação, a perspectiva que temos é, de certa forma, privilegiada. Não emitimos esse pensamento rápido de justificar, mas levantamos hipóteses sobre a conduta alheia. E levantar hipóteses requer mais tempo do que produzir uma desculpa para si.

E se o comportamento inadequado do outro nos fere de alguma forma, aí que o pensamento sobre ele pode se tornar ainda mais demorado. 
"Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição mais saudável" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 638).
2. Concentrar-se muito no erro dos outros pode levar você a desenvolver sentimentos ruins.

Aquilo que sentimos é um produto do que pensamos, de como nossa mente percebe e interpreta as coisas. Quando nós pensamos que algo ruim pode acontecer, isso nos gera ansiedade. Quando avaliamos, em uma situação, que estamos sendo tratados com injustiça, isso pode provocar em nós o sentimento de indignação. Quando nos lembramos de algo triste que aconteceu, sentimos tristeza. E quando pensamos nos pecados dos outros constantemente?

Podemos sentir tristeza e compaixão, é claro. Esses sentimentos são bem-vindos. Eles nos ajudam a sermos empáticos, a nos colocarmos em oração pelo nosso próximo e a nos dispormos a ajudá-lo. Mas podemos também sentir raiva, porque o outro vive fazendo aquela coisa errada e nada parece acontecer com ele, por exemplo.
"Existe entre nós como povo uma falta de simpatia e amor, profundo e sincero, pelos que são tentados ou que vivem no erro. Muitos têm revelado aquela frieza glacial e negligência pecaminosa que Cristo representou pelo indivíduo que passa de largo, guardando a maior distância possível dos que mais necessitam de sua ajuda" (O Desejado de Todas as Nações, p. 247).
Corremos, também, o risco de nos sentirmos superiores, julgando que não somos tão maus como aquela pessoa. Não é assim que as pessoas se sentem quando falam dos políticos corruptos enquanto esquecem de suas pequenas corrupções diárias? Aqui, cabe bem as palavras de Jesus: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” (Mateus 7:3).

E também podemos desenvolver o sentimento de solidão, de que estamos sozinhos e todo o restante das pessoas estão contra o que é correto. Elias experimentou esse último sentimento. Um sentimento que nos impede de perceber outros que se encontram em situação semelhante a nossa e nos coloca, indevidamente, em posição de vítimas.
"O espírito que você manifesta o tornará infeliz se continuar a acariciá-lo. Verá os erros dos outros e se revelará tão ansioso em corrigi-los que passará por alto as próprias faltas, e terá muito trabalho em remover o argueiro no olho do seu irmão, enquanto há uma trave obstruindo sua visão. Deus não deseja que você faça de sua consciência um critério para os outros" (Testemunhos para a Igreja 4, p. 61).
3. Concentrar-se muito nos erros dos outros aumenta a probabilidade de desenvolver o comportamento de falar mal dos outros.

“Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34). É simples assim. Quanto mais nossa mente se ocupa de algo, mais nossa língua se ocupa disso também. A ordem bíblica é: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4:8). É quando nossa mente se concentra naquilo que é do bem, que nossos lábios podem falar do que é bom.

A esposa que se concentra nos defeitos do marido acaba por ser uma mulher caracterizada por reclamar muito. Aquele que se concentra nas falhas dos irmãos acabam por se deleitar em fofocas. A ordem das coisas é muito natural: os lábios não podem ser puros se a mente não é pura!
"Digo com tristeza que existem entre os membros de igreja línguas desenfreadas. Há línguas falsas, que se alimentam com a maldade. Há línguas astutas, que segredam. Há loquacidade, impertinente intrometimento, insinuações hábeis. [...] Nunca permitais que vossa língua e voz sejam empregados em descobrir e exagerar os defeitos de vossos irmãos; pois o registro do Céu identifica os interesses de Cristo com aqueles que Ele comprou com Seu próprio sangue" (Testemunhos Seletos 2, p. 22).
4. Você é moldado pelo mal em que você pensa constantemente.

E esse é, para mim, o ponto mais esquecido de todos. Uma das leis que governa a nossa mente diz que somos transformados pela contemplação. E contemplar não é apenas ver. É, também, pensar.
“O próprio ato de olhar para o mal nos outros desenvolve o mal em quem olha. Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos transformados na sua imagem. Mas contemplando Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu caráter, imprimimos em nós as Suas feições. Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é a própria presença de Deus. Quando aí permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia sobre todos os que estiverem em contato conosco” (A Ciência do Bom Viver, p. 492).
Eu não quero dizer que devemos ser alienados, que pensam que tudo é certo ou que tudo é bom. É claro que, enquanto vivemos em um mundo de pecado onde falhas existem continuamente ao nosso redor, nós as perceberemos. Também não seria correto que fizéssemos vista grossa para o erro das outras pessoas. A Palavra de Deus é clara: “Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados” (Tiago 5:19, 20).

Mas não ajudamos as pessoas ao nosso redor gastando tempo em pensar sobre seus erros. Muito menos em falar deles para outras pessoas. É claro que uma esposa pode identificar as falhas do esposo e conversar com ele sobre isso. É claro que podemos identificar condutas inadequadas de nossos governantes, especialmente para que tomemos uma decisão melhor no momento das eleições. É claro que, se um irmão pecar, eu devo olhar para o seu pecado como algo que aborrece a Deus e coloca em risco sua salvação, e devo ajudá-lo em sua jornada espiritual.

Precisamos apenas nos lembrar que nenhuma dessas coisas requer que gastemos muito tempo pensando sobre o erro dos outros! Precisamos nos lembrar que o pecado que contemplamos nos modela. E a única coisa que deveria nos modelar é a imagem do nosso Salvador!
"Precisamos olhar às faltas dos outros, não para condenar, mas para restaurar e curar. Vigiai em oração, ide avante crescendo, obtendo mais e mais do espírito de Jesus, e semeando o mesmo sobre todas as águas" (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 635).
Precisamos ser bons para que possamos fazer o bem. Não será possível influenciar os outros a se transformarem, enquanto nosso coração não se tornar humilde, refinado e brando por meio da graça de Cristo. Quando esta mudança se operar em nós, será tão natural viver para beneficiar a outros, como o é para a roseira dar suas perfumadas flores.
"Se Cristo está em vós, 'a esperança da glória', não estareis dispostos a observar os outros, a expor-lhes os erros. Em lugar de procurar acusar e condenar, tereis como objetivo ajudar, beneficiar, salvar. Ao lidar com os que se encontram em erro, atendereis à recomendação: Olha 'por ti mesmo, para que não sejas também tentado' (Gálatas 6:1). Procurareis lembrar as muitas vezes que tendes errado, e quão difícil vos foi achar o caminho certo uma vez que dele vos havíeis apartado. Não impelireis vosso irmão para mais densas trevas mas, coração cheio de piedade, falar-lhe-eis do perigo em que está" (O Maior Discurso de Cristo, p. 128).

 [via Mente Saudável com inserção de textos de Ellen G. White]

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

CRISTIANISMO ANTIFASCISTA

Todos os anos, no dia 27 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data faz referência à liberação, pelas tropas soviéticas, do Campo de Concentração e Extermínio Nazista Alemão de Auschwitz-Birkenau em 1945 e foi definida pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Registra-se que mais de 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas pelo regime nazista só ali naquele lugar. Apenas por volta de 7 mil judeus, entre eles, cerca de 500 crianças, sobreviveram em condições precárias em Auschwitz.

Nos horrores do Holocausto, entre o extermínio de milhares de pessoas, encontramos o mundialmente conhecido mártir-teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), que foi executado devido a sua resistência ao sistema nazista. Bonhoeffer, certamente foi um dos raros homens da igreja que resistiu a maldade instituída por Adolf Hitler.

Desde cedo, Bonhoeffer decidiu ser teólogo e com isso se tornou um dos mais profícuos e renomados teólogos do século 20. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou à Alemanha em 1931. Aos 27 anos assumiu o pastorado em uma congregação de Londres na Inglaterra; dois anos depois retornou à Alemanha para dirigir o Seminário Teológico da Igreja Confessante. Em seguida, tomou a importante decisão de ingressar-se no movimento de resistência. Tornando-se um militante contra o sistema de opressão nazista, teve a sua habilitação à docência na Universidade de Berlim cassada, assim como a proibição de palestrar e escrever.

Bonhoeffer se tornou muito ativo na luta entre a Igreja Confessante (ala da igreja evangélica contrária à política nazista) e a Igreja dos "Deutsche Christen" (alemães cristãos defensores do nacional-socialismo). Peter Ciaccio, pastor, em artigo publicado por Riforma, em 09/04/2015, escreveu:

"Se hoje na Europa ainda podemos dizer-nos cristãos sem ter vergonha é graças a um jovem pastor luterano que num momento entendeu tudo. Enquanto milhões de cristãos na Europa fascista aderiam à ditadura, poucos milhares entenderam que o fascismo não era somente uma ideia política, mas uma operação criminal."

Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazismo:

"Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador."

Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher, no campo de concentração de Flossenbürg.

Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:

“A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater.”

Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.

Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã anti-nazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:

“É melhor fazer um mal do que ser mau.”

Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século 20.

Em sua biografia consta que ele atuou como agente secreto tramando inclusive o assassinato do líder nazista. Com um espírito democrático, chegou a estar a salvo nos EUA, mas aceitou o convite de se infiltrar na Alemanha na intenção de restabelecer a paz mundial.

O papel de Bonhoeffer como agente contrário ao nazismo era o de passar mensagens sigilosas ao bispo britânico George Bell, que as direcionava ao primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill. Assim o pastor luterano participou do planejamento de diversas ações para salvar judeus, além, é claro, das tentativas de assassinar Hitler. Quando se deu a "Operação Valquíria" (1944), o mais famoso dos golpes para eliminar o "Fuhrer", Bonhoeffer já estava preso pela polícia secreta alemã. E foi justamente pela falha da Operação Valquíria que os nazistas descobriram o seu papel como agente duplo que culminou em seu enforcamento.

Um médico, testemunha dos últimos instantes de vida de Bonhoeffer, deixou por escrito palavras capazes de nos comover:

"Através da porta entreaberta em uma sala dos barracos, eu vi o pastor Bonhoeffer, antes de vestir o seu uniforme da prisão, ajoelhar-se no chão para orar a Deus com fervor. Fiquei profundamente tocado pelo modo com que esse amável homem orava, tão devoto e seguro de que Deus ouvia a sua oração. [...]. Nos quase 50 anos de profissão médica, eu nunca tinha visto um homem morrer tão totalmente submisso à vontade de Deus".

Milhares foram as vítimas de todo o sistema nazista. Pesquisadores estimam 11 milhões de mortos; além de mais da metade serem judeus, ainda tinham padres, pastores, ciganos, portadores de deficiências mentais ou físicas, comunistas, sindicalistas, testemunhas de Jeová, anarquistas, gays, poloneses, povos eslavos e combatentes da resistência. Ao relembrar esta história de horror, biografias como a de Dietrich Bonhoeffer são imprescindíveis para o aprendizado das novas gerações, para que ditaduras deste tipo não aconteçam nunca mais.

"Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem. [...]. Mas, de fato, os justos têm a sua recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra" (Sl 58:3,11).

ENTRE MUROS E PONTES

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que tomou posse há uma semana, está tirando do papel promessas que fez durante a campanha presidencial. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos.

Trump afirmou que a primeira de uma série de ordens executivas seria declarar uma "emergência nacional" na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Como parte de seus planos, Trump ordenará a retomada da construção do muro na fronteira. Ele tenta vender a ideia de erguer uma barreira física para conter os invasores. Porém, a expansão desse projeto ambicioso para a fronteira esbarra em desafios técnicos, financeiros e sociais.

Os americanos cobram há anos, desde o governo de Barack Obama, uma postura mais firme da presidência com relação à imigração. A retórica em torno do muro tem alimentado divisões políticas. Agora, as tensões estão nas alturas, com as comunidades ao longo da fronteira voltando a ser ameaçadas pela presença massiva de forças de segurança na região.

Não vamos aqui, neste texto, nos prolongar no debate sobre imigração. Só vale ressaltar como essas pessoas que vivem perto do muro fronteiriço Estados Unidos-México são afetadas pelas políticas migratórias rígidas. E tal estrutura de engenharia ainda é um triste lembrete diário de que histórias serão interrompidas, famílias serão separadas e culturas serão divididas para cada lado da divisa. Essa sim é uma situação que merece reflexão sobre direitos humanos e segurança.

Além desse muro fronteiriço Estados Unidos-México, muitos outros muros foram construídos ao redor do mundo para separar países. A Grande Muralha da China (8.850 quilômetros) é um exemplo, também o Muro de Berlim (154 quilômetros) - já derrubado - e o muro que separa Israel da Cisjordânia. E na esteira de Trump, a Argentina construirá um alambrado de arame na fronteira boliviana para conter imigrantes. O anúncio ocorre no contexto das novas políticas migratórias de Donald Trump, quem o presidente argentino Javier Milei é alinhado.

Muros são erguidos quando começamos a acreditar que somos melhores que os outros, ou, como pensava Jean Paul Sartre, quando achamos que “o inferno são os outros”. Quando isso acontece, muros de separação são erguidos não apenas entre cidades ou nações, mas também entre pessoas, instituições e denominações religiosas. A arrogância, a presunção e a ganância do ser humano são o cimento e as pedras que continuam erguendo muros de separação por toda a parte.

Como seguidores de Jesus Cristo, somos desafiados a ver a história da humanidade da mesma maneira como Ele viu. Somos chamados a derrubar novos muros de separação e a mostrar o caminho vivo e novo que pode ser trilhado por todos! - Jesus! Com o martelo do perdão e do amor podemos fazer muito mais do que com o cimento e as pedras da arrogância e da presunção.

Parece que somos mais especialistas em construir muros em lugar de pontes. Existe também preconceito e discriminação: construímos muros invisíveis entre vizinhos, denominações, grupos étnicos e países. Cristo passou a maior parte do tempo derrubando muros. Paulo diz que Jesus veio para derrubar o muro de separação: “O objetivo dEle era criar em Si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo […]. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto” (Efésios 2:15-17).

A figura que Paulo usa aqui é muito clara. Ele se valeu do templo com suas seções. A separação era: gentios, mulheres, israelitas, levitas, sacerdotes e sumo sacerdotes. Paulo disse: “Jesus é a ponte: o muro desapareceu. Jesus é nossa paz.” A graça de Deus não quer deixar ninguém de fora. Infelizmente, excluímos as pessoas por medo, orgulho ou ignorância. Nós as classificamos assim: quem está dentro e quem está fora. Os líderes religiosos da época de Jesus consideravam virtude não se relacionar com quem não vivia à altura dos seus padrões. Jesus, por outro lado, foi o maior construtor de pontes que o mundo já viu.

Jesus derruba os muros que separam nações. Ele dá sentido a esta vida sem sentido. Vejamos o que disse Ellen G. White: "Deus não reconhece distinção alguma de nacionalidade, etnia ou classe social. É o Criador de todo homem. Todos os homens são de uma família pela criação, e todos são um pela redenção. Cristo veio para demolir toda parede de separação e abrir todos os compartimentos do templo, a fim de que todos possam ter livre acesso a Deus. Os muros do sectarismo, casta e raça desabarão quando o verdadeiro espírito missionário penetrar no coração dos homens" (E Recebereis Poder, p. 337).

Somos convidados a ser construtores de pontes. “Vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo” (1Pe 2:5). Quando Pedro diz que devemos assumir nossa missão, ele usa uma palavra que resume nossa identidade como povo de Deus, a palavra “sacerdócio”. O comentarista bíblico Barclay salienta algo interessante sobre o significado da palavra “sacerdote”, em latim. A palavra latina para sacerdote é pontifex, ou seja, construtor de pontes.

Esta é nossa identidade: somos construtores de pontes. Pontes de esperança, de justiça e de graça. Devemos construir pontes para outras pessoas se aproximarem de Deus. Pontes de aproximação para conhecerem o evangelho de Cristo. Ponte de aproximação para que entrem no reino do Céu.

"Vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade" (Efésios 2:13, 14).

Nosso chamado não é para construir muros, mas uma ponte entre nosso coração e o coração de outras pessoas, e então convidar Jesus a passar por ela.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

É POSSÍVEL AMAR NOSSOS INIMIGOS?

O pastor protestante e ativista político Martin Luther King, Jr., prêmio Nobel da Paz em 1964, assassinado no dia 4 de abril de 1968 com apenas 39 anos de idade, disse certa vez em um de seus sermões:

"Talvez nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido como este mandamento do 'amai os vossos inimigos'. Há mesmo quem sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Consideramos fácil amar quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente e insidiosamente procuram prejudicar-nos. Outros ainda, como o filósofo Nietzsche, sustentam que a exortação de Jesus para amarmos os nossos inimigos prova que a ética cristã se destina somente aos fracos e aos covardes, e nunca se pode aplicar aos corajosos e aos fortes. Jesus – dizem eles – era um idealista sem sentido prático. Apesar dessas dúvidas prementes e persistentes objeções, o mandamento de Jesus desafia-nos hoje com nova urgência. Insurreições sobre insurreições demonstram que o homem moderno caminha ao longo de uma estrada semeada de ódios, que fatalmente o conduzirão à destruição e à condenação. O mandamento para amarmos os nossos inimigos, longe de ser uma piedosa imposição de um sonhador utópico, é uma necessidade absoluta para podermos sobreviver. O amor pelos inimigos é a chave para a solução dos problemas do nosso mundo. Jesus não é um idealista sem sentido prático; é um realista prático. Estou certo de que Jesus compreendeu a dificuldade inerente ao ato de amar os nossos inimigos. Nunca pertenceu ao número dos que falam fluentemente sobre a simplicidade da vida moral. Sabia que toda a verdadeira expressão de amor nasce de uma firme e total entrega a Deus. Quando Jesus diz: 'Amai os vossos inimigos', não ignora a dificuldade dessa imposição e conhece bem o significado de cada uma das suas palavras. A responsabilidade que nos cabe como cristãos é a de descobrir o significado desse mandamento e procurar apaixonadamente vivê-lo toda a nossa vida."

A prova suprema do cristianismo genuíno é amar os inimigos. Jesus estabeleceu esse elevado padrão em contraste com a ideia predominante em Seu tempo. A partir do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19:18), muitos haviam concluído algo que o Senhor jamais disse nem planejou: Você deve odiar seu inimigo. Certamente, isso não estava implícito no texto.
"Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam" (Lucas 6:27, 28).
Um adversário pode demonstrar inimizade de três formas diferentes: Por uma atitude hostil (vos odeiam), por meio de palavras ofensivas (vos maldizem) e através de ações abusivas (vos maltratam e vos perseguem [Mt 5:44]). A essa tríplice expressão de inimizade, Cristo nos ensina a responder com três manifestações de amor: fazer boas ações para com eles (fazei o bem), falar bem deles (bendizei), e interceder diante de Deus por eles (orai). Vejamos o que Ellen G. White diz:

"Devemos amar os nossos inimigos com o mesmo amor que Cristo mostrou para com os Seus inimigos, ao dar Sua vida para salvá-los. Muitos podem dizer: 'Este é um mandamento difícil, pois eu quero ficar o mais longe possível de meus inimigos.' Mas agir de acordo com vossa natural inclinação não seria praticar os princípios que nosso Salvador nos deu" (Medicina e Salvação, p. 253).

O Senhor sabe que não se pode ser um crente genuíno tendo um coração cheio de ódio, mesmo quando existam razões que o justifiquem. A resposta do cristão à hostilidade e antagonismo é vencer “o mal com o bem” (Rm 12:21). Observe: Jesus primeiro pede que amemos nossos inimigos e, como resultado, solicita que demonstremos esse amor por meio de boas ações, palavras amáveis e oração de intercessão. Sem o amor inspirado pelo Céu, essas ações, palavras e orações seriam uma ofensiva e hipócrita falsificação do verdadeiro cristianismo.

Por que então devemos amar nossos inimigos? Quais razões foram apresentadas por Jesus?
"Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus" (Lucas 6:32-35).
A fim de nos ajudar a compreender esse elevado mandamento, o Senhor usou três argumentos. Em primeiro lugar, precisamos viver acima dos baixos padrões do mundo. Até mesmo os pecadores amam uns aos outros, e os criminosos se ajudam mutuamente. Qual seria o valor de seguir a Cristo, se isso não nos levasse a viver e amar de maneira superior à virtude dos filhos deste mundo? Em segundo lugar, Deus nos recompensará por amar nossos inimigos. Ainda que não amemos pela recompensa, Ele a concederá graciosamente para nós. Em terceiro lugar, esse tipo de amor é uma evidência de nossa estreita comunhão com nosso Pai celestial, que “é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6:35).

Os ensinamentos de Jesus estabelecem um ideal tão elevado, de uma vida altruísta e amorosa, que a maioria de nós provavelmente se sinta oprimida e desanimada. Como podemos nós, egoístas por natureza, amar o próximo de maneira altruísta? Além disso, é possível amar os inimigos? Do ponto de vista humano, é absolutamente impossível. Mas o Senhor jamais nos pediria que amássemos e servíssemos os detestáveis e desprezíveis sem nos prover os meios com que alcançar isso. Sobre isso, Ellen G. White diz:

“Essa norma não é impossível de ser alcançada. Em toda ordem ou mandamento dado por Deus, há uma promessa, a mais positiva, a fundamentá-la. Deus tomou as providências para que nos tornemos semelhantes a Ele, e realizará isso para todos quantos não interpuserem uma vontade perversa, frustrando assim Sua graça” (O Maior Discurso de Cristo, p. 76).

Qual promessa está na base do mandamento de amar os inimigos? É a certeza de que Deus é bondoso e misericordioso para com os ingratos e maus (Lc 6:35, 36), o que nos inclui. Podemos amar nossos inimigos, porque Deus nos amou primeiro, embora fôssemos Seus inimigos (Rm 5:10). Quando diariamente reafirmamos nossa aceitação do Seu amoroso sacrifício por nós na cruz, Seu amor abnegado permeia nossa vida. Quanto mais compreendemos e experimentamos o amor do Senhor por nós, mais Seu amor fluirá de nós para os outros, até mesmo aos nossos inimigos. Ellen G. White afirma:

"Representemos diariamente o grande amor de Cristo, amando os nossos inimigos como Cristo os ama. Se assim representássemos a graça de Cristo, fortes sentimentos de ódio seriam subjugados e o amor genuíno de Cristo seria levado a muitos corações. Ver-se-iam muito mais conversões do que se vêem agora" (Medicina e Salvação, p. 254).

Nossa necessidade diária não é apenas a de aceitar novamente a morte de Cristo por nós, mas render nossa vontade a Ele e nEle permanecer. Assim como Jesus não buscou Sua própria vontade, mas a vontade do Pai (Jo 5:30), precisamos confiar nEle e em Sua vontade. Pois, sem Ele, nada podemos fazer (Jo 15:5). Quando a cada dia decidimos nos submeter a Jesus, Ele vive em nós e por meio de nós. Então “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20), e transforma minhas atitudes egocêntricas em uma vida amorosa e altruísta.

E se você estiver cercado de inimigos, busque a Deus em oração, recorra às preciosas instruções divinas de Sua Palavra, pois através desses meios o Espírito Santo impressionará o seu coração concedendo-lhe sabedoria divina, paz e confiança de que Deus estará sempre ao seu lado. Desse modo você poderá dizer como Davi: “O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Salmos 18:2).

Ilustração: "Love is in the air" - Arte urbana feita em 2005 em Londres por Banksy

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

UMA MENSAGEM PARA SACUDIR A ALMA

Malaquias é o último dos mensageiros de Deus no Antigo Testamento a erguer a voz profética contra um povo que deveria estar aguardando a chegada do Messias, mas, em vez disso, vivia em crise espiritual. Sua profecia foi dada cerca de um século após o retorno do povo judeu do exílio em Babilônia e 400 anos antes do nascimento de Jesus. Seu texto inspirado é tão relevante para o povo da segunda vinda de Cristo quanto foi para os judeus que aguardavam Sua primeira vinda. O profeta mencionou pelo menos seis pecados deliberados do povo:

1. Rejeição descarada do amor de Deus (Ml 1:1-5). As pessoas projetam para Deus a falta de amor no próprio coração delas. Teria Deus hoje necessidade de provar novamente Seu amor por nós? Você questiona o Criador, Seu amor e Sua fidelidade, como fizeram os judeus na época de Malaquias? Não coloque em dúvida o amor divino por sofrer as consequências de suas próprias negligências espirituais e morais.

2. Desonra deliberada a Deus (Ml 1:6–2:9). As pessoas agem com arrogância como se Deus fosse insignificante. Você prioriza Deus em suas atividades? Seu coração reflete um alto nível de compromisso com Deus? Ele ocupa um tempo significativo em sua agenda? O que você faz revela quanto honra a Deus, ou quanto O desonra.

3. Infidelidade destemida a Deus (Ml 2:10-16). As pessoas que se afastam de Deus revelam também um distanciamento no relacionamento com o próximo. Quem mais influencia você? Deus ou a cultura? Como seus relacionamentos provam seu relacionamento com Deus? Se você demonstra em sua infidelidade ao próximo sua infidelidade a Deus, deveria repensar sua espiritualidade.

4. Redefinição da justiça divina no mundo (Ml 2:17–3:6). As pessoas que não possuem intimidade com Deus elaboram conceitos equivocados sobre Ele e distorcem Seus atributos. Você crê que Deus age diretamente em nosso planeta ou pensa que Ele nos abandonou aqui? Qual é sua base teológica para avaliar a sociedade, a igreja, a existência, as desgraças, os sofrimentos e as mortes em nosso planeta? Os conceitos que você tem sobre Deus revelam quão íntimo Dele você é.

5. Roubo atrevido daquilo que pertence a Deus (Ml 3:7-12). As pessoas que não colocam Deus em primeiro lugar na vida terão sérias dificuldades para tirar os bens materiais do lugar que cabe unicamente a Deus. O dinheiro tem sido mais importante para você do que Deus? Você é fiel ao que Deus pede? Se é fiel, você faz isso por ganância ou por reverência? Seu nível de intimidade se mede pelo nível de fidelidade.

6. Difamação da graça de Deus (Ml 3:13-15). As pessoas vazias de Deus questionam a graça, se queixam de tudo e acusam o Criador de serem injustiçadas. Você busca a Deus apenas por causa das bênçãos que recebe? Quando sua expectativa não é atendida, você fica frustrado com Ele? Você serve a Deus pelo que Ele pode dar ou por quem Ele é? Vive um formalismo religioso, pratica cerimônias religiosas superficialmente como um amuleto da sorte e depois fica indignado porque a religião bíblica parece não funcionar? Você deve servir a Deus de todo o coração, apesar das dificuldades, desafios e obstáculos.

Concluindo, o livro de Malaquias contém a mais pura teologia, e faria muito bem a cada cristão mergulhar em suas páginas. A mensagem do profeta visa sacudir a alma de cada leitor atento. O apelo é para buscarmos a Deus, vivermos à altura do ideal divino e estarmos preparados para o juízo final.

Heber Toth Ermí (via Revista Adventista)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A MENTIRA NO LIVRO DE APOCALIPSE

Vivemos na era das fake news, um tipo de jornalismo, propaganda ideológica e talvez até mesmo uma abordagem à vida que lança mão de informações incorretas de maneira deliberada. Mensagens falsas são escritas e postadas com a intenção de criar a própria “verdade”, esconder motivações e atos pessoais e, numa esfera mais ampla, enganar organizações e/ou indivíduos, obter vantagens financeiras ou políticas e prejudicar outros.

As notícias falsas costumam ser espalhadas com alegações sensacionalistas, exageradas ou inverídicas a fim de atrair a atenção. Não se limita às mídias sociais, mas também são encontradas na política, em pesquisas de mercado, na ciência, no mundo religioso e em vários outros lugares.

Ao passo que enganos e informações intencionalmente equivocadas sempre acompanharam a humanidade (desde a serpente no paraíso), parece que a situação alcançou um nível inesperado e assustador, uma vez que se tornou quase impossível discernir a verdade das mentiras e falsidades.

VERDADE E MENTIRA
Alexander Schwalbe reconhece que há “mentiras e enganos por toda a parte”. E observa: “No processo de secularização, Deus perdeu a centralidade. [...] A fragmentação da realidade e a dissolução de nossa experiência anterior de mundo parecem ser sucedidas por uma destruição da verdade. Após Deus ser esquecido, [...] a verdade também pode ser esquecida” (“Die Gotteskrise und die Lust zu lügen”, Christ in der Gegenwart 68, 2016).

“Mentir é o pecado do anticristo (1Jo 2:22) e todos os mentirosos habituais perderão a salvação eterna (Ap 21:27)”, ressalta A. Flavellem (“Lie, Lying”, New Bible Dictionary [InterVarsity, 1996], p. 687). Infelizmente, os cristãos são afetados por esse problema. Queiramos ou não, a cultura exerce influência sobre nós e, até certo ponto, nos molda. Na esfera pública, as mentiras costumam ser aceitáveis e não são punidas, a menos que se trate de perjúrio. As “mentiras brancas” são consideradas toleráveis ou talvez até mesmo necessárias. Por exemplo, no mundo mediterrâneo, o engano “é uma estratégia para estabelecer e proteger a honra, bem como para lançar vergonha sobre os inimigos” (John J. Pilch e Bruce J. Malina [eds.], Handbook of Biblical Social Values, 3ª ed. [Cascade, 2016], p. 38).

Mesmo que professemos aceitar os Dez Mandamentos, consideramos alguns mais importantes que outros. Mentira, fake news e teorias da conspiração são consideradas transgressões triviais, ao passo que o assassinato é visto como um crime grave. Em geral, as consequências do adultério são mais dramáticas que os efeitos de uma mentira. Entretanto, é possível levar pessoas ao suicídio com uma mentira ou incitar uma perseguição depois de fazer alegações falsas. Uma ofensa contra o mandamento que fala do engano é tão grave quanto a desobediência a qualquer outro mandamento.

G. H. Clark argumenta: “É preciso ter em mente que as verdades morais e espirituais são tão verdadeiras quanto as verdades matemáticas, científi cas e históricas. Todas são igualmente ‘intelectuais’: uma verdade não intelectual é impensável. Não é verdade que o conceito comum de verdade como fato ou o que é real ‘não tem mais relevância moral ou espiritual’. É só nos lembrarmos de que foi Deus quem nos deixou os Dez Mandamentos” (“Truth”, Evangelical Dictionary of Theology [Baker, 1984], p. 1114).

A MENTIRA NO LIVRO DE APOCALIPSE
No livro de Apocalipse, há nove textos sobre o tema da mentira. Há falsos profetas mentirosos (pseudés, Ap 2:2). Alguns indivíduos afirmam ser judeus, mas não são. Estão mentindo (pseudomai, Ap 3:9). O falso profeta (pseudoprophétés, Ap 16:13; 19:20; 20:10) espalha mentiras e falsidades. Três textos descrevem as consequências terríveis para os mentirosos (Ap 21:8; Ap 21:27; Ap 22:15). Felizmente, existe um grupo dos seguidores verdadeiros de Jesus, os 144 mil: “Não se achou mentira [pseudos] na sua boca” (Ap 14:5). Essas passagens nos fornecem as seguintes informações:

• Se existe mentira, então também deve haver verdade. Sem verdade, não há mentira. Enquanto a verdade hoje é questionada e as pessoas não conseguem mais diferenciar entre a verdade e a mentira, o caos se descortina bem diante de nossos olhos. Em termos conceituais, a mentira e o engano estão intimamente ligados. Jezabel, alegando ser profetisa, seduz (planaó) os servos de Deus (Ap 2:20). Satanás engana (planaó) o mundo inteiro (Ap 12:9), isto é, todos os povos e todas as nações que o seguem (planaó, Ap 20:3, 8, 10). A besta que emerge da terra “seduz [planaó] os que habitam sobre a Terra” (Ap 13:14). Por ser um falso profeta (pseudoprophétés), desempenha sinais milagrosos, enganando (planaó) aqueles que recebem a marca da besta e os que adoram sua imagem (Ap 19:20). Babilônia engana (planaó) todas as nações por meio de sua feitiçaria (Ap 18:23). Logo, engano e mentiras são temas importantes em Apocalipse.

Em contrapartida, o livro usa a palavra “fiel” ou “verdadeiro” (aléthinos). Deus (Ap 6:10) e Jesus (Ap 3:7, 14; 19:11) são verdadeiros; portanto, os caminhos de Deus (Ap 15:3), Seus juízos (Ap 16:7; 19:2) e Suas palavras (Ap 19:9; 21:5; 22:16) também são. Mentira é mentira e verdade é verdade. A verdade é absolutamente verdadeira, coerente e consistente. Ela não pode ser misturada a mentiras. Caso contrário, deixa de ser verdade. Verdade e mentira são opostas e mutuamente excludentes. A verdade corresponde ao caráter de Deus; a mentira reflete o caráter de Satanás. Assim, a verdade deve ser personificada nos seguidores de Jesus. Meias verdades e mentiras brancas não têm lugar entre os cristãos. Ignorar a verdade significa se prostrar diante da mentira.

• É extremamente perigoso mentir. O Apocalipse faz declarações bem francas sobre a mentira. Aborda os mentirosos e aqueles que amam e praticam a mentira. Uma vez que o reino de Deus é verdade, os mentirosos, os enganadores e aqueles que conscientemente se permitem ser enganados não têm lugar nesse reino. Mentir é tão grave que exclui o acesso à Nova Jerusalém e a Deus, conduzindo à segunda morte, que é eterna.

• Mentiras e enganos ameaçam a comunidade cristã e os cristãos individualmente. A mentira destrói completamente a fé ou altera o conteúdo da fé, de modo que deixa de representar corretamente o caráter, a vontade e o plano de Deus para a humanidade. Portanto, o mentiroso se rebela contra Deus e rompe o relacionamento com Ele. Mas a mentira também tem potencial para destruir os relacionamentos humanos.

D. W. Gill destaca algumas consequências da mentira: “Mentir é errado, em primeiro lugar, porque nos aliena de Deus, que é a própria verdade. Segundo, a mentira destrói a comunidade e os relacionamentos interpessoais [...]. A confiança essencial para a construção da comunidade é minada. O terceiro problema da mentira é que ela destrói o mentiroso em si. A contradição entre o conhecimento da verdade e a participação do indivíduo na mentira é uma rendição desumanizante da plenitude e integridade pessoais. Além disso, uma mentira leva inexoravelmente a outras para acobertar a primeira. A teia da falsidade gera uma espécie de cativeiro, que é a situação oposta do conhecimento e da prática da verdade que liberta” (“Lie, Lying”, Evangelical Dictionary of Theology [Baker, 1984], p. 639).

• Há mentira não só como ato individual, mas também como sistema. Existem mentiras individuais e há também a falsidade coletiva. Isso pode ser identificado no falso profeta, controlado por poderes demoníacos, e nos falsos apóstolos. A Babilônia apocalíptica engana a humanidade para alcançar seus objetivos. Isso é feito para desencaminhar o cristianismo e os seguidores fiéis de Jesus.

• Somos responsáveis pela mentira. É claro que circunstâncias difíceis podem levar as pessoas a tentar escapar delas por meio do uso de mentiras – por exemplo, quando parece não haver uma boa alternativa e a honestidade pode ser considerada um risco à vida. Contudo, somos responsáveis pela nossa maneira de lidar com tais situações. Carl Zuckmayer (1898-1977), escritor e dramaturgo alemão, cujo pai era de origem judaica, mas se converteu ao cristianismo, teve problemas com o regime nazista. Quando tentou fugir para a Suíça, foi interrogado por um oficial nazista na fronteira. Em vez de mentir em relação a seus problemas, admitiu que não era membro do partido, que suas obras haviam sido proibidas na Alemanha e que não concordava com a visão de mundo do Nacional-Socialismo. No entanto, em vez de prendê-lo, o oficial ficou tão pasmo com a honestidade de Zuckmayer que o ajudou a atravessar a fronteira até a Suíça e chegar ali em segurança (“Ehrlichkeit”, em Lesebuch fur den Religionsunterricht für 14-16 Jahrige [Calwer Verlag Stuttgart, 1969], p. 167-170). Porém, não renunciamos à mentira apenas por esperar que as coisas deem certo. Isso nem sempre acontece. Nós a rejeitamos porque é certo falar a verdade e errado mentir, a despeito das circunstâncias.

• Somos responsáveis não só quando mentimos, mas também quando aceitamos a mentira. Apocalipse 22:15 fala sobre o amor à mentira. De maneira semelhante, Paulo declarou: “É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2Ts 2:11, 12). É claro que a pessoa pode apreciar o escândalo. Mas isso é tão repreensível quanto mentir. Os seguidores de Jesus são comprometidos com a verdade.

• Felizmente, existem pessoas que se distanciaram completamente da mentira. O contexto deixa claro que elas adoram a Deus e guardam Seus mandamentos. Estão claramente do lado de Deus, confiando em Seu poder e amor para tomar as decisões certas em meio às situações mais difíceis. Comprometeram-se com a verdade e a proclamam (Ap 14:6 a 12). Portanto, automaticamente expõem o engano.

DESDOBRAMENTOS
O compromisso com a verdade e a oposição à mentira, à falsidade e ao engano levam aos seguintes desdobramentos:

1. Rejeitamos o plágio em todas as suas formas. Mesmo que seja comum em círculos eruditos ou nem tão eruditos assim, não reivindicamos o trabalho de outras pessoas como se fosse nosso. Não trapaceamos.

2. Não condescendemos com teorias da conspiração e não as proclamamos publicamente. Elas não podem ser comprovadas. A necessidade de se retratar ou a comprovação de que estavam erradas podem causar prejuízos à causa de Deus. Também precisamos ser tão objetivos quanto possível e avaliar a questão com base em perspectivas diferentes. As mensagens claras devem ser proclamadas em relação aos pontos em que as Escrituras são inequívocas.

3. Evitamos usar dois pesos e duas medidas. É problemático tentar promover o que é bom de maneira antiética porque achamos que o bom deve ser propagado a qualquer custo. Em nome da verdade, a moralidade muitas vezes é facilmente abandonada. Os fins não justificam os meios.

4. Nós nos comprometemos de forma clara e individual com Jesus. Não O negamos com nossa conduta, complacência ou covardia. Pagamos os impostos ao governo. Apoiamos a justiça. Mas, acima de tudo, somos leais a Deus e à verdade.

5. O cristianismo é especialmente afetado por mentiras e teorias da conspiração promovidas em mídias sociais e outros ambientes. As fake news não são engraçadas, nem uma forma de entretenimento, mas, sim, absolutamente destrutivas. Afinal, se tudo é questionado e a verdade não consegue mais ser identificada, como as bases do cristianismo podem ser exaltadas? A mentira não só desintegra nossa cultura e coexistência, como também destrói o cristianismo e a vida de cada pessoa.

Para concluir, sim, existem mentiras e falsidades, conforme o Apocalipse admite. Há até mesmo o perigo de adquirir o hábito de mentir, de aprender a amar tanto a mentira quanto a falsidade e de ser excluído da cidade de Deus. Mas existem também cristãos verdadeiros, que se distanciaram da mentira. Estão comprometidos com a verdade em todas as suas formas, sobretudo com a Verdade personificada, Jesus. Não podemos reivindicar a verdade e proclamar a verdade se nós mesmos não buscamos ser verdadeiros.

No fim, o que é verdadeiro ainda conta. J. Hamel parece estar correto ao dizer: “A questão não é se opor a pontos de vista possivelmente errados. É muito mais: por meio de nós, Deus quer trazer à tona Sua verdade e libertar as pessoas do poder da mentira” (“Von Wahrheit und Lüge”, em Christliche Ethik [Vandenhoeck and Ruprecht, 1966], p. 57). A verdade liberta.

Ekkehardt Mueller (via Revista Adventista)

Este artigo foi extraído e adaptado da newsletter do Instituto de Pesquisa Biblica, Reflections (abril-junho de 2020), e traduzido por Cecília Eller.

"Tudo quanto os cristãos fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder do maligno" (Ellen G. White - O Maior Discurso de Cristo, p. 68).