quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

SEJA COERENTE

Algumas pessoas levam uma vida dupla - uma é a vida pública, considerada "verdadeira", e a outra é a vida escondida, que deve ser mantida em segredo. Entretanto, por que alguns indivíduos se comportam assim? James Harvey Robinson (1863-1936) sugeriu: "O discurso dá ao ser humano um poder único de viver uma vida dupla, na qual se diz uma coisa e faz outra." De modo geral, vidas e discursos duplos normalmente derivam da tendência humana de acobertar comportamentos pecaminosos e imorais. Há muitas maneiras de desenvolver uma vida paralela, escondida.

Charles H. Spurgeon, em seu livro John Ploughman's Talk (Conversa de John Ploughman), traz um capítulo intitulado "Homens com Duas Faces", no qual adverte: "Em alguns homens, só se pode confiar enquanto eles podem ser vistos, e não além, pois novas companhias os transformam em pessoas diferentes. Assim como a água, eles fervem ou congelam de acordo com a temperatura." E acrescenta: "Não são todos que frequentam a igreja ou os cultos que oram de verdade, nem são aqueles que cantam mais alto os que mais louvam a Deus, nem os que mostram as expressões faciais mais chamativas que mais anseiam pelo Senhor." 

Ellen White diz: "O cristão ‘superficial’ pode não se distinguir agora com facilidade dos verdadeiros cristãos, mas está às portas o momento em que a diferença será evidente" (Um Convite à Diferença, p. 102). Realmente não sei até que ponto você tende a levar uma vida dupla. Talvez esse não seja seu caso. Mas se você tem permitido que um pecado acariciado corroa sua integridade moral e espiritual, gostaria de convidá-lo a entregar sua vida particular ao Senhor hoje, pedindo-lhe forças para vencer suas fraquezas. Se possível, busque aconselhamento pastoral. 
"Portanto, façam e observem tudo o que eles disserem a vocês, mas não os imitem em suas obras; porque dizem e não fazem" (Mateus 23:3).
O jargão “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” ilustra a realidade de muitas pessoas que encantam outros com suas palavras, mas os decepcionam com suas atitudes. Essa hipocrisia é ainda mais grave do que falhar em ambos os aspectos, pois revela uma falsa piedade. Além disso, há aqueles que mantêm uma aparência de perfeição diante do Senhor, mas pecam pela incoerência de um coração corrupto. Essas posturas são extremamente prejudiciais ao caráter e à pregação do evangelho. Ellen White adverte: "Deus não Se deixa enganar pela aparência de piedade. Não comete erros em Sua apreciação do caráter. Os homens podem ser enganados pelos que são de coração corrupto, mas Deus penetra todos os disfarces e lê a vida íntima" (Cristo em Seu Santuário, p. 115). 

Certa vez, um missionário encontrou-se com Mahatma Gandhi na Índia e perguntou: “Gandhi, o senhor sempre cita as palavras de Cristo, mas por que resiste tão duramente em se tornar Seu seguidor?” Gandhi respondeu: “Oh! Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas acredito que muitos de vocês, cristãos, são bem diferentes de Jesus.” 

Nossa vida tem promovido a crença ou a descrença? Infelizmente, estamos imersos em um oceano de palavras e, ao mesmo tempo, em um deserto de vivências. Essa reflexão não busca invalidar todos os discursos, mas, sim, eliminar o vazio que frequentemente os acompanha. Tenha cuidado com a hipocrisia, pois ela sempre será confrontada por Cristo. Não divorcie suas palavras de suas ações, pois essa separação acabará resultando em um divórcio com Jesus.
"Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!" (Salmos 32:2).

“Hipocrisia” vem do grego hupokrisía, vocábulo que tem o sentido de “alguém que desempenha um papel”. Ou seja, em resumo, hipocrisia tem a ver com fingimento. É uma coisa meio teatral, quando você finge ser, sentir ou pensar algo que não condiz com a realidade. Ellen G. White alerta: “Somente o poder de Deus pode expulsar o egoísmo e a hipocrisia. Essa mudança é o sinal de Sua atuação. Quando a fé que aceitamos destrói o egoísmo e o fingimento, quando nos leva a buscar a glória de Deus e não a nossa, podemos saber que é verdadeira” (O Desejado de Todas as Nações, p. 325).

Na vida espiritual, não há nada pior que a falta de autenticidade e compromisso. Não dá para cantar na igreja de manhã e frequentar a balada de noite. Não dá para meditar na Palavra de Deus ao acordar e gastar tempo com leituras ou imagens impróprias antes de dormir. Não dá para bendizer as obras de Deus com a mesma língua que usamos para amaldiçoar a vida daqueles que odiamos, sabendo que, apesar de tudo, Deus os ama. Isso gera uma dissonância cognitiva que o inimigo de Deus usará para nos derrubar.

Lembre-se hoje de que, quando as palavras saem de nossos lábios, elas só são levadas a sério quando há harmonia entre o que falamos e o que vivemos. Quando discurso e prática se contradizem, obstruímos o caminho dos interessados pelo evangelho e confundimos aqueles que seguem a verdade. O conselho inspirado é: 
"Aproximem-se de Deus, e Ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração" (Tiago 4:8, NVI).
O Senhor é capaz de trazer consistência a suas tendências inconsistentes, para que sua vida particular entre em plena harmonia com sua imagem pública. O preço que você pagará ao abrir mão de seus pecados não é nada em comparação à paz de espírito que irá ganhar!

Que suas palavras e atitudes sejam coerentes, especialmente com a vontade de Deus. Viver uma vida dupla vai levá-lo a lugar nenhum duas vezes mais depressa.

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