Não sei se você já assistiu a alguma discussão sobre a Bíblia, entre pessoas de diferentes crenças. Eu já...
Numa dessas, vi um homem, aparentemente muito sincero, defendendo sua fé em Deus e em sua Palavra, como norma de conduta, até ser interrompido pelo "oponente". Meio sarcástico, este segundo questionou certos hábitos alimentares, sustentados pelo primeiro, como sendo contrários à nova ordem bíblica. "E a visão do lençol de Atos 10? Como você me explica?", disparou.
Sua referência era às palavras dadas por Deus a Pedro, um dos doze discípulos, em visão. Um grande lençol branco desceu do Céu, contendo animais considerados impuros nas leis levíticas (Levíticos 11). Do céu, uma voz disse: "Pedro, mate e coma", ao que ele respondeu negativamente. A visão e as palavras se repetiram três vezes, como que indicando a importância da mensagem dada no fim: "Não chame impuro ao que Deus purificou" (Atos 10:15).
Muitos pseudo-exegetas, nesse ponto do texto, fecham sua Bíblia e abrem um gostoso sorriso... e passam a ensinar o que, para eles, parece muito claro: naquele dia Deus declarou puros todos os alimentos. Será? O problema é que desconsideram a parte mais bonita do texto e alguns detalhes não menos importantes: primeiro, em nenhum momento a Bíblia declara que Pedro de fato comeu os alimentos expostos no lençol ou que tenha passado a comer algo semelhante, a partir da visão. Alguém aí pode dizer que ele era teimoso mesmo... mas isso não vem ao caso. E segundo, diferente de outros intérpretes - apressados - das palavras divinas, Pedro se demorou "pensando na visão" e "refletindo no significado" da mesma (versos 17 e 19).
Não foi preciso muito tempo para que o grande apóstolo entendesse o propósito divino com a estranha visão. Ao receber a visita dos enviados de Cornélio, um homem não-judeu, porém temente a Deus, a ficha caiu para Pedro. Deus utilizou uma imagem intrigante e até mesmo detestável para abrir os olhos do discípulo para uma realidade igualmente detestável ao Céu. A conclusão foi expressa em palavras claras, vindas dos lábios de alguém que buscou revelações em Deus: "Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio (não-judeu) ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo (e por um acaso você lembra dessas palavras?) a homem nenhum. Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção" (versos 28-29).
Atos 10 não trata de distinção de alimentos (isso é assunto de outras páginas), mas de distinção de pessoas. Desta última, Deus não se agrada nem um pouco.
Se isto é novo para você, agora não há escusa. Devemos parar de olhar para o próprio umbigo (próprio estômago) e olhar para as pessoas à nossa volta. Devemos deixar de torcer o texto bíblico para atender às nossas predileções de sabores ou comodismo, para alcançar pessoas, iguais a nós, que não conhecem a salvação.
Parece que o lençol que revelou estas grandes verdades a Pedro é hoje usado para impedir a visão de muitos. Não permita que algo assim aconteça com você! Passe tempo diante de Deus, com coração humilde e sincero e Ele trará respostas.
Em Atos 10 existe mais...
[via blog de Cândido Gomes]
"Quão cuidadosamente agiu o Senhor para vencer o preconceito contra os gentios, que tão firmemente se fixara na mente de Pedro pela sua educação judaica! Pela visão do lençol e seu conteúdo, procurou Ele despir o espírito do apóstolo deste preconceito, e ensinar a importante verdade de que no Céu não há acepção de pessoas; que judeus e gentios são igualmente preciosos à vista de Deus; que por meio de Cristo os pagãos podem ser participantes das bênçãos e privilégios do evangelho" (Ellen G. White - Ato dos Apóstolos, p. 74).
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