quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desconectando pessoas


Hoje em dia é normal a gente chegar a um local onde tem muitas pessoas aglomeradas, em um jantar de confraternização, um aniversário, festa ou reuniões similares e perceber que cada um está confinado a um muro invisível de impessoalidade, olhando fixa e hipnoticamente para um pequeno objeto escondido na mão, manuseando com dedos velozes o seu celular, o seu Ipad, seu Ipod, seu Iphone, seu Blackberry ou qualquer novo apetrecho tecnológico do momento...  

Estão navegando alto nas redes sociais, se “comunicando” pelo Orkut, Facebook, Badoo, LinkedIn, Flixster, MySpace, Twitter (esqueci algum?) e “chat-ando” no Gtalk ou no MSN, e você verificar estarrecido, que mesmo estando em grupo, circundado de gente real, não estão nem aí para as pessoas reais de carne e osso que estão ombreando com elas, sentadas à mesa do restaurante, da sala de jantar, ou ao lado no sofá.

O que está acontecendo? Creio que a resposta é que as pessoas emergiram nessa em si mesmice viral porque existe uma enorme necessidade de autopromoção como produto de uma imensurável carência afetiva em questão, uma necessidade das pessoas se sentirem reconhecidas e valorizadas, e por isso, põem seus feitos e suas realizações na rede com a intenção de mostrarem o quanto são criativas, originais e antenadas com o mundo.

Creio que ainda é tempo de nos redimir dessa falta de respeito, dessa desatenção pouco educada, desse exibicionismo do ego, e criarmos um dia da abstinência de tecnologia virtual, e proclamarmos o tempo da libertação da dependência eletrônica e informática.

Um dia, quando deixaremos de lado o laptop, o PC, o celular, a televisão e o vídeo game para darmos mais tempo e atenção à família, a passarmos um momento de conversa descontraída com o pai, a trocarmos figurinhas com nossos irmãos, a curtir um período de tempo qualitativo com o filho, a reunir em um café com amigos, a conversar sobre assuntos comuns na hora da refeição, enfim, a dar atenção, cuidado, e canalizando o interesse para quem está disponível ali, do nosso lado. Sei que muitos vão sofrer de delirium tremens, sentir vertigens e ter visões alucinógenas (desculpem aí o exagero...) por causa do período de desintoxicação, mas valerá a pena o esforço!

Aí, consequentemente se sentirá o alívio da liberdade do falso sentimento que o relacionamento virtual pode suprir suas necessidades emocionais, relacionais e espirituais, mesmo que para isso você pusesse um GPS que rastreassem todos os seus passos para saberem “de bandeja” não só o que faz e pensa, mas onde está, e revelasse toda sua criatividade, todos os seus segredos, seus gostos musicais, estilo pessoal, tendências, opiniões sobre política, sobre o mundo, sobre a vida e espremesse o cérebro para extrair as frases mais engraçadas ou inteligentes que pudesse expressar, para descobrirem assim, todo o seu potencial humano, todo o seu charme, tudo isso, no entanto, não seria suficiente para preencher o vazio da solidão da alma e a falta de significância para se viver bem.

Termino, sugerindo a você que abra as Escrituras e aprenda com Jesus de Nazaré aquele que priorizava as pessoas, a ter um relacionamento aberto, sem pretensão ou segundas intenções com os que o cercam, e a descobrir o caminho da discrição, da modéstia e da sobriedade, descobrindo ali a essência do que Ele falou: Ignore a tua mão esquerda, o que faz a tua mão direita.

Jesus, nosso Mestre por excelência, é exemplo para nós de comedimento, quando recusou inúmeras vezes a publicidade de seus feitos e proibiu as pessoas que curou de divulgarem ao povo os seus portentos irrefutáveis.

Ademais sobre tudo que falei, não pense você que sou contra utilizar-se das novidades eletrônicas e das conveniências modernas da informática, antes apelo para que sejamos mais sábios, mais sóbrios e busquemos o caminho do equilíbrio, não só nesse assunto, mas em todos os espaços de nossa existência.

Fonte: Manoel DC

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